Em finais de 1973 comprei a revista Time, muito por causa desta capa e das desventuras de Nixon nessa época.
A revista Time tinha então uma espécie de correspondente em Portugal, chamada Martha de La Cal e mais que provável autora de um artigo que também lá vinha e me surpreendeu, por ser a primeira vez que lia alguma coisa sobre Portugal em revistas estrangeiras.
Portugal em 1973 era um país diferente do Portugal do Estado Novo, ao contrário do que alguns historiadores de pacotilha académica, muito ciosos dos pergaminhos esquerdóides, continuam a propalar e difundir em artigos de propaganda ideológica.
Os "sonhos desagradáveis" do regime de então ocorriam após o "despertar" que ocorrera cinco anos antes e a autora escrevia que Portugal voltara a adormecer. A partir de tal parágrafo inicial o artigo pretendia mostrar a realidade portuguesa no campo político e de costumes, com o caso das "Três Marias" que eram feministas avant la lettre e comunistas de sempre, pelo menos uma delas.
Pelo meio aparece o depoimento de um tal Balsemão, patriota contra o regime que se lamentava do nosso atraso económico. Hoje, defende no Expresso a excelência da democracia que permitiu o desenvolvimento económico a que assistimos: continuamos na cauda da Europa e possivelmente a Albânia ainda nos vai passar a perna, muito por obra da democracia patrocinada pelo Expresso.
Enfim, era possível ler este tipo de artigos, sem censura, no tempo em que comprei tal revista.
Hoje, no Público, o académico Carlos Blanco de Morais escreve um artigo exemplar sobre a nossa democracia e as limitações que a amordaçam, tal como aquela americana denunciava no regime de 1973 e que devia ser exemplo para os balsemões que andam por aí há décadas a encher os bolsos com os subsídios de variada espécie que colectam como beneficiários do regime e por isso o defendem, manipulando a informação, mentindo descaradamente sobre factos que tinham obrigação de conhecer, omitindo informação relevante e censurando as opiniões que entendem como fassistas ou perto disso.
O Expresso actual é o espelho do regime que está. O Público é mais um manifesto ideológico de quem o dirige no momento, sendo um órgão de informação totalmente subsidiado pelo accionista que detém o título, a SONAE, uma empresa capitalista, que assim contemporiza com tal estatuto editorial completamente ideológico e situado à esquerda e que desse modo lhe cospe na sopa todos os dias.
No Público de hoje vem também o exemplo concreto da dualidade de critérios jornalísticos e ideológicos com que se julga o regime anterior, de Marcello Caetano e por exemplo o actual, da China.
É ler.. bastando para tanto o despudor do título: o regime, ou seja o partido, "toma conta de tudo e de todos". Percebem a ideologia do Carvalho do Público, ou não? "Tomar conta"...
Por essas e por outras o articulista João Miguel Tavares lamenta que não se tenha feito há anos o que era evidente e seria necessário fazer: agir e não apenas denunciar o que um salafrário do género Sócrates fez ao país, à vista de toda a gente, pois também queria tomar conta de tudo...
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