No Expresso desta semana o articulista de obituários, António Araújo, destaca este perfil de um indivíduo relativamente desconhecido mas que ajudou muitíssimas pessoas a aprender rudimentos musicais em instrumentos variados, por exemplo guitarra, ou viola acústica.
Segundo o articulista, a obra-prima de Eurico Augusto Cebolo será esta ( embora sem a palavra "portuguesa") editada em 1976:
Desde 1974 que ansiava por ter uma viola acústica, idêntica às que via nos jornais e revistas musicais e sonhava com um modelo próximo da americana Martin que conhecia das publicidades nas revistas de música, estrangeiras e nas imagens dos artistas, particularmente os CSN&Y.
Para além do som que ouvia nos discos daquele grupo, particularmente o disco ao vivo 4 way street que saiu em 1970, com as composições acústicas Right between the eyes e Cowgirl in the sand , a sonoridade típica das cordas metálicas dessas guitarras encantavam-me particularmente, até hoje e sem intervalos.
A publicidade que saiu no Verão de 1974 nas revistas americanas, como a National Lampoon deram asas à imaginação.
No caso, uma imitação das guitarras mais caras, como a Martin, a Gibson ou a Guild, tornavam o sonho de ter uma alcançável.
A cor da madeira clara e a protecção dos dedos logo abaixo da abertura central, eram o sinal do tipo de guitarra que queria, porque eram as que os músicos que admirava também tocavam.
Em Julho de 1975 o Melody Maker britânico consagrou várias páginas a publicitar modelos de guitarras acústicas e respectivos preços. Alguns deles inatingíveis...mas havia uma que era aceitável, o da Yamaha 200FG, aliás distribuída em Portugal pela Ruvina do Porto.
Esta imagem ( tirada da revista Best desse tempo), de Jimmy Page a dedilhar uma dessas guitarras até me fazia sentir o som acústico de Stairway to heaven, na introdução antes do desenvolvimento eléctrico:
E esta de um músico francês do grupo Ange, tirada de uma Rock&Folk ( seria da Best?) também da época, mostrava qual era o modelo que queria:
Logo em 1976 a imagem de dois dos elementos dos CSN&Y a tocar o instrumento do som mágico fascinou-me. Porém, o modelo era dos mais caros, porque era uma Martin, inatingível e julgo que nem sequer estava à venda em Portugal nessa altura. E durante muitos anos assim foi.
Aquela imagem de Neil Young com a Martin em palco era absolutamente maravilhosa e de apelo urgente para encontrar algo semelhante.
Mas...como, se em Portugal na altura vivíamos tempo de bancarrota, patrocinada pelos iluminados da esquerda que ainda temos e que impedia importações avulsas por carência de divisas suficientes para tal?
Solução: procurar em Espanha, nessa altura já com a peseta a 4 tostões ( e dali a pouco a subir para níveis incomportáveis) e foi assim que encontrei a minha guitarra mágica, uma grande guitarra que pude comprar em vez da que não podia ter.
A que gostaria de ter seria esta:
Ao ver esta imagem deste tipo de guitarra acústica até parece que o som se liberta das cordas tensas a ressoarem na madeira exótica escolhida a preceito...
Para mim é este o mais belo instrumento musical que conheço. E para ver e ouvir alguém a falar de tal instrumento nada melhor que David Crosby.
Aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=rDlA1FnuN1U
Na mesma altura- meados dos anos setenta- apareceu outra guitarra, acústica e com amplificação eléctrica incorporada que começou a aparecer nos espectáculos ao vivo de alguns artistas e cuja sonoridade é imediatamente reconhecível pelo timbre das cordas de nylon em vez de aço ou bronze ( fósforo).
A Ovation foi uma sensação nessa altura como se mostra nesta imagem tirada do sítio da marca:
Paul McCartney usou-a durante os espectáculos que vieram a ser gravados para o triplo álbum Wings Over America, de 1976, cuja capa interior mostra em ilustração o que era o modelo de 12 cordas:
A Ovation passou entretanto de moda e agora até se vende relativamente barato no ebay, com a sua imagem inconfundível de caixa sintética e formato arredondado...
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