Para se perceberem bem assuntos complexos como revoluções ou guerras, como a presente na Ucrânia, compreender as razões do conflito e formar opinião avalizada, geralmente não chega a informação via tv ou aquela que aparece toda alinhada para o mesmo lado.
Por mim, o método que uso para me informar é consultar fontes diversas e tentar perceber as questões. Mesmo assim não é nada fácil em situações relativas a acontecimentos estrangeiros, com povos diferentes e razões históricas complexas e antigas, como é precisamente o caso da Ucrânia.
Se ainda por cima tivermos uma informação parcial, tendenciosa e de sentido unificado, por censura externa ou interna, como acontece em Portugal, tal revela-se quase impossível, suscitando um cepticismo renitente e um pessimismo quase antropológico.
O primeiro exemplo que tive deste fenómeno ocorreu em 1975-76, ainda no rescaldo do PREC e tem como símbolo estas capas de revistas da época que me espantaram pelo significado explícito que a leitura da nossa imprensa da época não me permitia acompanhar e concordar. Mais tarde percebi que espelhavam uma realidade que então me era mais difícil de compreender. Isso apesar de haver por cá pessoas que entendiam muito bem o que se passava. Comigo foi sempre mais difícil e ao retardador, tal como agora.
Custa-me aceitar de ânimo leve situações que podem ser reais mas que demoram o seu tempo a revelar-se como tais. Felizes por isso aqueles que percebem rapidamente, acreditam mais depressa, nunca se enganam e raramente têm dúvidas.
A informação em Portugal geralmente é tendenciosa para um lado que neste momento é a esquerda em geral e daí o cepticismo com que (não) leio notícias nos jornais portugueses.
A informação em Portugal, quando muito faz isto que a revista Sábado fez hoje relativamente ao conflito na Ucrânia: entrevistar um indivíduo que pensa diferente e escrever um artigo com muitas reticências ao que diz. É este o máximo de pluralismo que temos nos media nacionais:
Ora o que se pode fazer para evitar este tipo de informação e tentar obter melhores conhecimentos sobre os assuntos? Pela minha parte, desde há muito que leio a imprensa francesa, de diversos quadrantes. Sei onde está a esquerda representada e onde se encontra a direita, também. E aqueles que tentam fugir da dicotomia, como é o caso do Le 1, um semanário dirigido por Éric Fottorino, um jornalista que esteve muitos anos no Le Monde e que tenta fugir a tais armadilhas ideológicas.
Esta semana o número é dedicado à Ucrânia e à semelhança do Público de cá, há vários artigos de especialistas que ao contrário do diário de cá, não são apenas entrevistados para o redactor escrever depois o que lhes perguntou, sem saber mais, mas dizem tudo o que entendem e esclarecem quem os ler.
No editorial Fottorino escreve assim:
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