Os aparelhos que servem para fazer tocar discos, actualmente em vinilo, foram inventados no séc. XIX mas só em meados do séc. XX, após a invenção do LP de 33 1/3 rpm, no final dos anos quarenta é que se tornaram verdadeiramente populares e significativos para a indústria discográfica.
Nos anos sessenta, com o consumo mais alargado de música popular, apareceram os "pratos" escolhidos e ainda hoje usados para tocar e fazer girar os discos. A história destes "pratos" pode ser lida na internet embora não haja muitos sítios para ler e que sejam referência de qualidade. Talvez aqui se possa ler qualquer coisa.
A revista inglesa Hi FI News que se publica desde 1956, no seu número de Setembro de 2018 tinha um artigo em que conta a história de duas marcas pioneiras: a Garrard, britânica e a Thorens, suíça e que desde os anos cinquenta lançaram "pratos" de tal qualidade que ainda hoje são referência e quem os tem continua a tocar os discos em tais aparelhos.
Tanto a Thorens como a Garrard tiveram nos últimos anos lançamentos actualizados de tais "pratos" como conta a revista americana Stereophile de Dezembro de 2019:
E de Agosto de 2021.
Quem compra este material, actualmente? Pois...quem pode e sabe que o som que dali pode sair é do melhor que pode ouvir e relembrar em discos do passado de décadas. Há quem compre tais gira-discos, mesmo usados e lhe dê um tratamento especializado para os tornar operacionais e na internet há anúncios para tal.
Mas será preciso gastar tanto dinheiro para ouvir bom som saído de um prato de gira-discos? Nem por isso. Ou...talvez sim.
Em Dezembro de 2020 um especialista americano destas coisas, chamado Michael Fremer e que tem um sítio na internet chamado AnalogPlanet, mostrou o gira-discos que para ele é o melhor do mundo da actualidade. Este, na capa da revista Stereophile, a bíblia destes temas:
Preço? Qualquer coisa à volta de 250 mil euros, artilhada com um braço do criador do aparelho ( o eng. Marc Gomez, sueco segundo julgo) e uma cabeça de leitura a condizer, mais uns aparelhos de vácuo para fixar os discos ao prato. Sem tais adereços, só o prato, ainda custa uns bons 150 mil euros.
Quem é que compra? Quem acredita nas crónicas de Mikey Fremer, tem dinheiro para isso e tem gosto para tal.
E como é que se chegou aqui? Pois, em matéria de esoterismos deste género há mais.
Em Setembro de 2021 a mesma Stereophile mostrava outro monstro sagrado deste olimpo particular:
Os japoneses de Tóquio, particularmente o eng. Hideaki Nishikawa, que tinha trabalhado na Micro Seiki, famosa igualmente pelo prato de gira-discos dos anos oitenta com o mesmo nome, inventou aquela besta mecânica com tal precisão que o custo ultrapassa aqueloutro. Para comprar o modelo Zero ( e há mais cinco modelos, pelo menos, desde o primeiro de 2010) é preciso ter 450 mil dólares, na versão básica. Para ter a versão completa, incluindo o prato superior em tungsténio, a plataforma de apoio e o braço de leitura adequado não chegam 500 mil euros. É o preço de ter pelo menos quatro almofadas de ar que aguentam a estrutura do prato propriamente dito. São precisas pelo menos três pessoas para movimentar a besta mecânica, por causa do peso. A série, na altura do artigo ia no nº 18...
Em Janeiro de 2019, a Hi Fi News mostrava o esforço número V do trabalho do eng.Hideaki-san, com um preço mais em conta: cerca de 15 mil euros. Sem braço de leitura, claro e que exige pelo menos um SME da série V, para condizer. Mais a cabeça de leitura, sempre para cima de mil euros a não ser que se opte por uma antiguinha da Shure ( uma V15 III, por exemplo).
Outro monstro sagrado desta iconografia é este, mostrado na Hi Fi News de Abril de 2016, com o objectivo de o comparar com o equivalente gira-discos digital de cd´s:
Preço desta estrutura de proveniência alemã, com mais de um metro de altura, para girar discos de vinil? Um pouco mais de 100 mil euros.
Tirando isto o que resta para o comum dos mortais que não podem comprar tais aparelhagens? Pois há uma oferta muito variada e que permite alcançar resultados muito próximos dos que tais bestas de carga alcançam.
Para mostrar vale a pena fazer uma deambulação breve pelo caminho onde as coisas começaram a sério e por onde andaram depois.
Nos anos sessenta, as opções praticamente dividiram-se entre os que apreciavam o velhinho sistema de gira-discos com motor acoplado e que animava uma correia de borracha que fazia girar o prato e os pratos com motor integrado e por isso rotação directa motorizada. Para trás ficara o sistema de multi-disco que tornava mais falível a reprodução sonora, com os discos acumulados uns em cima de outros, à espera da sua vez.
A marca Acoustic Research, americana, no início dos anos sessenta tinha dado o pontapé de saída nesta corrida tecnológica. Assim, como mostrava a revista Hi Fi Answers de Outubro de 1988:
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.