O jornalista/arquitecto José António Saraiva publicou agora um novo livro sobre Salazar e o seu tempo que diz ter escrito há décadas.
Folheei porque me parecia ter lido há uns tempos outros escritos do mesmo autor, sobre o mesmo tema, mas após breve consulta confirmei que é coisa nova e vale a pena ler. Está bem escrito e o primeiro volume, com 362 pgs, relata o fim da Monarquia em Portugal e o advento da República, particularmente o golpe de Estado levado a cabo por Gomes da Costa em 1926 e o que se lhe seguiu, com a disputa acesa entre aquele e Mendes Cabeçadas, até à tomada de posse de Salazar como ministro das Finanças com plenos poderes, depois de ter recusado várias vezes entrar nos sucessivos governos da nova República.
As peripécias do golpe de 28 de Maio e o que se lhe seguiu, contam-se em dezenas de páginas dum modo que se lê de um fôlego, entrecortadas pelo surgimento de Salazar na cena política, depois de contar o ambiente em que nasceu no Vimieiro e se educou no Seminário, no liceu e em Coimbra, na Universidade.
O relato que faz da Maçonaria e Carbonária, do papel de assassino de Affonso Costa e outros, bem como as vicissitudes impostas com o advento da República, em 1910, tornam a leitura profícua e que destoa das habituais loas aos republicanos jacobinos que estão na origem da esquerda socialista que temos.
Nada do que conta é verdadeiramente novo ou revelador, mas a economia de citações, incluindo as do principal biógrafo de Salazar, Franco Nogueira, bem como o relato dos primeiros amores de Salazar e desventuras inerentes dá um tom mais terra a terra e interessante à narrativa. O estilo de escrito é leve e escorreito, lendo-se muito bem e depressa. Em dois dias li mais de metade do livro.
Ficam algumas páginas:
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