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quarta-feira, agosto 17, 2022

Os truques do Tal & Qual para vender qualquer coisinha...

 O jornal Tal&Qual, originalmente lançado em 1980, relançado há pouco mais de um ano, depois de uma hibernação prolongada de  vinte anos, anda em busca de leitores perdidos e procura avidamente em cada edição uma capa salvífica que lhe reponha os rendimentos para os seus mentores. 

O destaque redactorial vai para um tal Manuel Catarino, verdadeiro faz-tudo do jornal que se esgaça em artigos sensacionalistas para concorrer num mercado saturado. No tempo em que apareceu, nos idos dos oitenta, era um tablóide de pequenas escandaleiras nacionais que dava guarida a submarinos da redacção escrita, como um Ferreira Fernandes ou um Joaquim Letria, o fundador, muito do grupo dos zambujais de todo o género. Uma fauna da escrita lusitana. 

Actualmente o redactor-mor esfalfa-se em encontrar a capa certa, todas as semanas, para levar ao engano o leitor desprevenido e sempre com o leit-motiv do costume jornalístico: a pequena escandaleira, misteriosa se for possível, para dar o toque de cereja no topo do bolo mole e tentar vender parte da tiragem anunciada de 17 mil e 500 exemplares. Venderá cinco mil?  Duvido.  

Hoje a capa é assim, do género aludido: 


O Pinho malfadado da EDP e do BES anda em bolandas, amarrado a uma pulseira electrónica da justiça à perna. Os factos de que é ainda suspeito são graves porque contendem com a corrupção mais soez e que utilizou os recursos do Estado para afundar a Economia de que o dito era ministro. Pior, seria impossível. 

Pois o Ministério Público e a Justiça andaram a investigar e demorou anos até conseguir  pôr-lhe a perna com o adereço, numa modalidade bem mais benevolente do que a medida requerida que era pura e simplesmente a pildra. 

O Tal & Qual desta semana condoído de tal vítima do sistema de Justiça atira uma pedra ao charco para tornar sensação o que nunca deveria ser: o "truque" do Ministério Público para manter este Pinho preso à pulseira que o condiciona na perna e liberdade no andar. 

Qual o truque inventado pelo Tal & Qual para descobrir o ardil do Ministério Público? Está assim explicado pelo tal Manuel Catarino à míngua de sensações, como a do infausto Sérgio Figueiredo, se calhar muito lá de casa e por isso ausente de qualquer notícia do jornal. Truques. 


Leia-se o caso que se explica em poucas linhas: O processo EDP é complexo e Manuel Pinho e o seu advogado excelentíssimo, o fabuloso Sá Fernandes, provavelmente também muito lá de casa do jornal, tentou tudo e mais um par de botas para atrasar os trâmites processuais, conseguindo-o até um certo ponto, com o tribunal Constitucional já requisitado várias vezes para a tarefa, como é de tradição nestes casos. Já passaram 10 anos e a culpa permanece solteira. 

O ponto é que Pinho apesar os esforços do seu advogado, ainda não conseguiu dinamitar o processo, até hoje, mas ainda não desistiu de anular qualquer hipótese de se fazer justiça material, preferindo mil vezes a famigerada justiça formal, a que existe para proteger arguidos de imputações injustas e condenações iníquas, o que no caso de Pinho é claríssimo como água de rosas, como todos sabem e pressentem. 

Em vez de noticiar isto e dar a devida explicação aos leitores, o jornalista Manuel Catarino prefere usar outro truque: imputa ao MºPº um ardil processual nefando e aparentemente escandaloso, ou não fosse esse o motivo de primeira página: separar o processo em dois, articulando factos que se podem autonomizar para tornar mais célere o que o arguido pretende à viva força emperrar até ao limite do possível e a uma desejadíssima prescrição salvífica que o liberte da amarra compulsória e da previsão de vários anos à sombra de uma carregueira qualquer. 

Pois esta iniciativa do Ministério Público, legal, constitucional, desejável e importante para o funcionamento da justiça,  é apresentada pelo Manuel Catarino como um "ardil", apresentado jocosamente como uma "genialidade" dos procuradores encarregados da investigação. Porque, segundo o mesmo, os investigadores ainda não têm provas no processo. Só "indícios" e ele sabe ou alguém lhe disse que assim seria. Adivinha-se quem...enfim, não é difícil de saber. 
Mas o facto que sustenta o processo autonomizado é que é uma porra difícil de contornar: o banqueiro Salgado deu uma avença regular, secreta e sigilosa ao arguido enquanto o mesmo foi ministro e este escondeu-a numa offshore, branqueando capitais. E objectivamente o ministro, agora arguido, deu uma grande ajuda ao antigo patrão, que por seu turno está numa grande embrulhada por ter aproveitado diversas manigâncias, incluindo com a EDP. 

Perante isto o Tal & Qual considera que há um ardil para tramar Manuel Pinho. E truques à mistura...

Quanto a isto Manuel Catarino presta-se ao frete. Quanto ao resto, não responde aos costumes. Tal e qual. 

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