Público de hoje:
Como é habitual no jornalismo de José António Cerejo, o escrito aparece embrulhado, com pontas soltas puxadas de trás para a frente e vice-versa e sem uma linha clara de definição de objectivo. Não se adivinha pelo escrito qual é verdadeiramente o leit-motiv do artigo: se é para denunciar uma situação de opacidade na contratação que sendo autárquica é pública; ou se pretende insinuar algo que tenha a ver com a corrupção latente e imanente.
Os factos aparecem relatados com a objectividade subjectivada, com um título capcioso mas curioso ao mesmo tempo: "Secretário de Estado fez pagamento duvidoso, quando era autarca", mencionando o nome do indivíduo, o melífluo Miguel Alves, indicando o valor de 300 mil euros relativo a rendas "adiantadas" 25 anos relativamente a um projecto "nebuloso" porque "não se sabe se vai ser construído".
Quantos governantes e autarcas não fizeram pagamentos mais que duvidosos e até com valores muitíssimo mais elevados que os 300 mil euros em jogo? E quantos não estão metidos em contratos que acabam por serem incumpridos com grande prejuízo para o Estado? Quantos milhões e milhões não se perderam já com estas negociatas sem ética ou senso comum e sem consequências, sequer políticas?
Este é bem um retrato do modelismo autárquico de certos indivíduos como é o caso do político em causa, segundo o Público.
Enfim, o Observador pegou no assunto e titulou assim:
Diz que o autarca fez o contrato "sem garantias". Ora, ora. Isso é que de certeza não sucedeu. O que não se sabe ainda é que garantias foram dadas e a quem...
O que me causa alguma perplexidade, neste caso concreto, é a segurança excepcional que este indivíduo exala relativamente ao assunto. Não fala, não explica nada e nem se dá ao cuidado de mostrar que não há razão para duvidar da seriedade da coisa.
É muito mau sinal mas é o sinal deste indivíduo, parece-me. Vai acabar mal? Veremos. A arrogância traz consigo a negligência e isso às vezes é fatal, para quem tem carradas desse estrume democrático amazenado.
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