Lição de História de Jaime Nogueira Pinto, no Observador:
Porém, há 50 anos o assunto era tratado de outra forma nas escolas: estudava-se a fundo a estrutura dos Lusíadas e no quinto ano de liceu, depois nono ano unificado, aproveitava-se tal obra para ensinar a língua portuguesa nos aspectos da fonética, morfologia e sintaxe, a par de outros temas como a minotlogia greco-latina.
Os Lusíadas tornavam-se um compêndio cultural da nossa cultura gramatical e literária.
O livro oficial, em 1972, era este:
Após uma introdução biográfica e literária com cerca de trinta páginas passava-se para o estudo do Poema épico, citando mestres, como Jorge de Sena:
O programa escolar de então e ainda nos anos oitenta, implicava o estudo de várias estrofes/estâncias dos dez cantos dos Lusíadas.
O começo era épico no estudo exigível, mesmo antes de começar a narração, na estrofe 19ª:
E quando se chegava ao Canto V, com o aparecimento da figura mítica do Adamastor já tinha ficado para trás uma importante parte da dos primórdios da História de Portugal, com os romanos traidores, Sertório, e Coriolano e Catilina e e episódio do Velho do Restelo:
Quais são os alunos que no nono ano de hoje sabem alguma coisa dos Lusíadas, para já nem falar na Mitologia grega e na História de Portugal?
Quem é que dá alguma importância aos Lusíadas, deixando Camões para o folclore das personagens célebres, cuja vida nem sequer se conhece bem?
Em aditamento ocorreu-me que os Lusíadas começaram a perder valor como obra de estudo escolar, mais ou menos na altura em que um certo primeiro-ministro foi surpreendido sem saber o número de cantos do Poema...
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