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terça-feira, julho 18, 2023

A fuga para a frente do autismo judiciário

 Sapo:


O Sindicato do MºPº tomou a palavra para esclarecer a opinião pública, em vez da PGR, Lucília Gago que não fala como poderia e não esclarece como deveria, sobre a questão do processo que envolve políticos do PSD no caso dos "assessores-fantasma".

Em vez de esclarecer os aspectos concretos que foram explicitamente denunciados como consituindo até "abuso de poder", o Sindicato do MºPº refugia-se na rotina sindicalista e substitui-se à titular do órgão do Estado, a PGR, para dizer o que o MºPº tem a dizer. Incompreensível, para dizer o menos.

Não posso concordar com tal posição sindicalista que aliás me parece corporativa no pior sentido: não dar atenção às críticas e lançar-se para a frente acusando o poder político in totum de tentar condicionar investigações criminais. 

Para além de não ser verdade, uma vez que o poder político ainda não tem esse poder, a questão principal continua por esclarecer...

Tudo isto é triste e tudo isto é o fado habitual. A posição do Sindicato vai contribuir para que os inimigos do MºPº consigam o que até agora ainda não lograram: amestrar o sistema de investigação criminal dirigido pelo MºPº e condicionar de facto investigações que até agora e segundo este modelo podiam de facto ser independentes. 

E tudo isto porque não há humildade democrática de reconhecer eventuais erros e corrigir os mesmos para o futuro.

Um tiro nos pés, como se costuma dizer.

Por outro lado, acusa o presidente da AR, o sinistro Santos Silva, de algo como isto:

“Não sei que conhecimento, até devido à independência que deve existir, tem o senhor presidente da Assembleia da República do processo para poder afirmar que houve desproporção de meios ou qualquer outro dos comentários que fez”, indicou Adão Carvalho.

“Se existe conhecimento, significa que houve interferência ou intromissão por parte de um órgão alheiro ao sistema judicial no processo. Quero acreditar que não”, apontou.

Das duas, uma: ou o presidente do Sindicato tem melhores informações e aplica-se-lhe igualmente o que disse da segunda figura do Estado, não se compreendendo como as obteve; ou então, incorre no mesmo erro.
Não sei o que será pior...

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