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quarta-feira, julho 12, 2023

Os comentadores televisivos de fait-divers e pindéricas teorias de conspiração

 Observador, hoje:




O noticiário da SIC, ao início da tarde dava conta destas notícias e ouviu dois comentadores-residentes, os fabulosos Delgado e Marques Lopes, encartados na cretinice habitual do komentariado televisivo. 

Os dito passaram o tempo todo a desvalorizar os factos noticiados e a malhar no Ministério Público por ter ordenado as buscas domiciliárias, mormente a Rui Rio que apareceu à varanda de casa, barbudo e em mangas de camisa branca e calça domingueira, a comentar as buscas em curso. Gozou com a diligência policial,  do alto da varanda, devidamente escutado pelos repórteres de fait-divers que transmitiram em directo os ditos jocosos de quem foi dirigente de um dos principais partidos políticos. 

Quanto aos komentadores de fait-divers indigaram-se em modo postiço por causa das buscas domiciliárias relativamente a um assunte que entendem de lana caprina, sem sequer conhecerem os factos, exactamente. Assumiram tratar-se de coisas relativamente a pagamento a assessores do PSD que sendo do partido receberiam vencimentos através de subvenções da AR, destinadas ao partido. 

O Lopes, televisivo komentadeiro e arvorado conhecedor e perito em coisas de direito penal,  disse logo que nem sequer havia indícios de coisa nenhuma e muito menos crime, embora o que mais o incomodasse fosse o incómodo a que Rui Rio foi sujeito. Foi acompanhado no exercídio de indignação pelo Delgado komentadeiro, em directo via zoom de casa ou sítio que o valha e que zurziu igualmente no Ministério Público pela afronta ao político.

E, de embalada, o Lopes komentadeiro alvitrou repetidamente que tal acção se enquadra num mais amplo ataque do Ministério Público, aliás "de certos sectores" que não identificou mas separou dos "bons" que também os há, ao sistema político a fim de demonstrar que é corrupto e que a pureza reside na magistratura. Tal como aconteceu na Itália, acrescentou. 

 Por mim, apetece-me dizer o seguinte: 

Até agora não sei que dimensão e âmbito penal terão os factos conhecidos e por isso reservo opinião, designadamente sobre a relevância penal dos mesmos a a pertinência de buscas envolvendo uma centena de polícias, magistrados do MºPº e juízes de instrução. 

Se se vier a verificar que os factos são anódinos como alvitrava o Lopes komentadeiro televisivo haverá necessidade de se apurar quem ordenou as buscas, qual o sentido das mesmas e respectiva proporcionalidade e adequação e como é que funciona a articulação MP-PJ, nestes casos, particularmente para se saber quem "coordena" porque a responsabilidade será de tal entidade. 

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