Artigo do Sol de hoje, da autoria de Felícia Cabrita:
Os factos indiciários, vertidos num despacho com pouco mais de 100 páginas, apresentado aos detidos para justificar a actuação processual e já alvo de violação de segredo de justiça, aliás sem qualquer queixa dos queixosos de sempre como o inenarrável advogado Magalhães e Silva, digno parceiro de um Proença de Carvalho, permitem concluir o que qualquer pessoa sensata concluirá: tráfico de influência clara, corrupção com rabo escondido e gato de fora no largo do rato e prevaricação continuada na condução da actividade regular e normal do Estado.
Qualquer pessoa sensata vê que um chefe de gabinete que esconde quase 76 mil euros em envelopes metidos em caixas de garrafas de vinho, sem proveniência clara e destino incerto, duvidoso mas altamente suspeito, não é pessoa séria para se considerar como adequado ao cargo em questão, além do mais perante os antecedentes conhecidos. Logo que confrontado com a surpresa da descoberta, disse in illico "esse dinheiro não é meu!". Era de quem, afinal, se estava num gabinete do governo?! Prevenindo-se da armadilha o seu advogado das andanças habituais, outro inenarrável ( Tiago Rodrigues Bastos) apressou-se logo a violar o segredo de justiça que está obrigado a respeitar para defender a honra de um convento que frequenta: é dinheiro de Angola, do meu cliente, desmentindo-o ipso facto.
Resta dizer que este Escária foi professor em Angola, mas em 2015! E o dinheiro, será que é desse tempo?! E quando é que foi trazido para o gabinete próximo ao do primeiro-ministro? E para quê se o podia meter num cofre qualquer de um banco? Enfim, a explicação que o inenarrável advogado deu, violando o segredo de justiça é demasiado esfarrapada para ser verdadeira. Atenta contra o mais elementar senso comum.
Com estes antecedentes todos o primeiro-ministro contratou-o para chefe de gabinete, sendo certo que pessoa mais próxima do cargo não há. No mínimo é cúmplice de tal situação escandalosa.
Para além disso os indícios revelam que "o amigo mais próximo do primeiro-ministro", Lacerda Machado, um básico segundo me foi dado ver na sua prestação no Parlamento, no falar e na expressão, parece-me o seu carlos santos silva e exerceu comprovada influência sobre vários titulares de cargos públicos, assente na confiança que mantinha com o primeiro-ministro e unicamente motivada por isso. Nesse tráfico de influência, comprovadíssimo, o tal amigo do primeiro-ministro comprometeu-se com entidades privadas e a troco de vantagens, a pressionar o seu amigo governante supremo, o que fez em várias ocasiões, com o sucesso conhecido nas operações em causa.
Pressionou membros do governo, autarcas e dirigentes de entidades públicas, arrogando-se sempre a qualidade de amigo do primeiro-ministro e apenas por isso logrou obter sucesso em tais diligências, tudo em benefício de uma entidade privada que o empregava informalmente e por isso dela recolhia vantagens patrimoniais.
Depois disto tudo vir dizer, como diz o tal inenarrável Magalhães e Silva que o assunto é vazio e sem fundamento porque tudo reside em actuação político administrativa só me suscita um opinião: um zarapulho cheio de trampa no focinho metafórico do dito é que lhe assentava bem. Em público, para todos verem o que é.
Para quem não conhece, o inenarrável é este e tem prejudicado a justiça ao longo da sua vida profissional. É por isso um profissional da injustiça, sempre a favor dos interesses de arguidos excelentíssimos.
Enquanto tivermos advogados destes em Portugal a actuar deste modo, com total arrogância perante todos os poderes, estamos mal. Muito mal. A impunidade de que gozam é insuportável e a arrogância que transportam só encontrará eco nas contas bancárias que detêm. Cá ou lá fora.
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