Neste dia e anteriores tem sido uma girândola mediática a propósito das comemorações da efeméride dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, com a escrita e reescrita da História, geralmente pelos mesmos de sempre, os titulares do pensamento único de esquerda e que apresentam a sua visão já amplamente conhecida sobre os acontecimentos e significado do golpe militar de 1974.
Para dizer a verdade já me enjoa ver na televisão sempre os mesmos artistas, já derreados pela idade e com as cantigas antigas sem o brilho da novidade que então tiveram. A nostalgia forçada pela exposição mediática nem sequer consegue o desejável: tornar agradável a audição de algo que em tempos o tinha sido. É penoso ouvir Manuel Freire ou José Jorge Letria a perorar sobre o tempo que já passou e deixou a marca nesse tempo que não volta.
O tempo não volta p´ra trás, como dizia a cançoneta de uma revista de 1965, cantada por um António Mourão que nem sequer é lembrada a não ser para denegrir um regime que se amalgama despudorada e em modo desonesto de 1926 a 1974, como se fosse um continuum temporal, sem qualquer ruptura ou evolução.
Não há espaço para subtilezas históricas ou estados de alma que mostrem uma realidade que agora se afigura paralela à que então existia.
Como também vivi o dia 25 de Abril de 1974 e os outros que se lhe seguiram, bem como os que o antecederam, não me reconheço na maior parte dos retratos históricos dos media actuais sobre tal tempo. Nem sequer contextualizando as visões subjectivas dos que sofreram as agruras às mãos de um regime que não lhes permitia exprimirem-se para proclamarem o seu desejo de uma sociedade comunista que seria infinitamente pior do que aquela que combatiam. Ninguém põe em equação tal paradoxo, o que se me afigura desde logo desonesto e inquietante acerca da historicidade e competência de alguns narradores de factos.
Comprei hoje alguns jornais para ler o que escrevem sobre o assunto- Jornal de Notícias que traz um fac-simile da edição especial do dia 25 de Abril, com todo o noticiário que um bom sociólogo poderia interpretar de modo diverso do que vemos narrar; o Público, com artigos interessantes e do qual coligi um que é simplesmente cómico e ilustrativo da miséria intelectual da propaganda anti-fassista; o Sol, com um artigo que destaco pela maior objectividade e e da autoria de um estrangeiro; o Expresso, aliás com pouco relevo dado ao assunto para além de uma capa com mais do mesmo de sempre e uma crónica de Miguel Sousa Tavares que destaco pela negativa e...mais nada. O Diário de Notícias que folheei não conta porque já não conta o que deve ser contado.
Assim destaco o artigo do SOl, de Thomas Gallagher que aponta um sinal deveras interessante e que sempre dei conta: os portugueses votam geralmente na sensatez da representação parlamentar e até estas manifestações sobre a efeméride reflectem um pouco isso, removendo de algum modo a mitificação política, mas nem tanto assim.
Às vezes caem num logro gigantesco como foi o caso patológico de José Sócrates ou o que o antecedeu no socialismo, Guterres, um incompetente, pura e simplesmente. A única vez que me surpreenderam foi agora, com o Chega. Veremos onde chegará...
A seguir o artigo de Miguel Sousa Tavares mostra um Abril que só denota um sectarismo esquerdista nos nomes expostos, com poucas excepções. Para MST estas pessoas ajudaram a "tornar os dias melhores". Para mim, parafraseando uma cantiga dos Trovante da mesma área, "eles fizeram os dias assim" e o resultado não me parece assim tão brilhante, comparativamente a outras paragens e outras propostas. Cavaco Silva? Nem aparece...mas lá está Mário Soares o pai adoptivo de duas bancarrotas. De resto, diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és...e para MST, Portugal nestes 50 anos não teve melhor que isto. Que tristeza!
Por outro lado, um artigo de Jaime Nogueira Pinto no Observador permite colocar alguma perspectiva histórica actualizada nos acontecimentos, ao arrepio do pensamento único prevalecente. Vem no Observador de 20 de Abril de 2024:
A anedota do Público, o jornal mais empenhado no assunto neste dia, decorre de uma experiência: pedir ao programa de AI Dall-E, dedicado a imagens gráficas, duas que representassem o 25 de Abril de 1974.
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