Páginas

sexta-feira, novembro 07, 2025

O jornalismo, em Portugal, é de esquerda. Sempre foi.

 O título do postal não é equívoco, porque sempre me interroguei enquanto leitor de jornais por que razão tínhamos um jornalismo que pendia sempre para a esquerda, praticamente desde 25 de Abril de 1974 e até antes, com excepção de alguns periódicos afectos ao regime de então ( Diário da Manhã ou Diário de Notícias e depois disso com alguns media pouco expressivos como O Diabo ou o Tempo, ou meros epifenómenos como O Dia).

A história do jornalismo em Portugal, particularmente na era moderna da segunda metade do século XX está por fazer e valia a pena o esforço. Haja um João Miguel Tavares com vontade e disponibilidade para o fazer, em vários volumes ( como a história da vida adulta de José Sócrates que é um compêndio inacreditável de aldrabices) e mostrar a submissão ideológica generalizada à esquerda marxista que nos domina mediaticamente desde então.

Por aqui neste blog, desde 2003 que tento fazer algo a respeito disso e guardo os recortes que aliás estão publicados e denotam isso mesmo: a esquerda domina o panorama mediático desde sempre: imprensa, rádio e televisão, como nem sequer antes do 25 de Abril acontecia com o regime dito autoritário ou "fassista".

O jornalismo faz-se com jornalistas e os que  trabalham já pertencem a uma geração de antifassistas activistas e alguns já são filhos dos mestres que ainda peroram nas escolas de formação ( as que ministram estudos de Comunicação Social à la ISCTE e os tornam instantaneamente doutores).

É por isso que este artigo de Rui Ramos no Observador de hoje é delicioso, ao colocar e pressional a ferida de sempre. É ler...e como paguei a subscrição e o artigo pode desaparecer de um dia para o outro aqui fica o registo da minha cópia:








O artigo destaca o medo como a explicação mais prosaica para o comportamento generalizado do jornalismo televisivo perante André Ventura que aliás se afigura paradoxal. Ventura nunca teve tanta exposição individual e mediática como hoje, com entrevistas a fio no horário nobre das tv´s.
Não obstante, é como Rui Ramos escreve: acolhem o político com um saco de pedras mediáticas para lhe atirarem durante toda a entrevista, num caso patológico que realmente só se explica pela submissão e falta de liberdade dos jornalistas, perante as direcções de informação. 
O que se passou com os panegíricos e cobertura mediática do falecimento de Balsemão é simplesmente obsceno, mas enfim, é o que temos. 

Lembro-me, como aliás Rui Ramos também refere que Álvaro Cunhal nunca teve tratamento semelhante, em todas mas mesmo todas as entrevistas que me foi dado ler ao velho estalinista: não falhei uma das que foram sendo publicadas nos jornais de "referência" da época, incluindo as televisivas e fiquei sempre espantado como não lhe perguntavam o que era óbvio a propósito das suas opções ideológicas e compatibilidade das mesmas com a democracia que temos. Enfim, houve uma excepção, nos anos noventa: Miguel Esteves Cardoso fez-lhe uma entrevista, no Independente, por condescendência do velho comunista que porventura lhe achava graça e nessa altura perguntou-lhe algumas coisas- mas só algumas...- que poderiam ser incómodas para o senhor do comunismo em Portugal e outros jornalistas nunca ousariam fazer. Julgo que tal entrevista está transcrita neste blog, por aí  mas agora não tenho tempo de verificar. 

O nosso jornalismo actual é um meio de servidão generalizado. Todos têm medo, de perder o emprego que é afinal precário e por isso obedecem à doxa dominante que é a de esquerda. Como sempre. Até quando?



Porca miseria, como diriam os italianos...

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.