Morreu António Alçada Baptista, um homem que quis estar de bem com todos. Até com Marcello Caetano, a quem entrevistou e publicou um livro de Conversas com Marcello Caetano, de finais de 1972-73. Aqui ficam três páginas, sobre o exercício do poder político. Basta clicar para ler.
Homem esclarecido, eu conheci-o!
ResponderEliminarHomem esclarecido que eu não conheci! Apesar de ter conhecido demais a sua sabujice, o seu oportunismo, a sua fanchonice!
ResponderEliminarMas um dia vi-o corajoso e esclarecido: quando sòsinho denunciou o escárneo que é a letra do chamado Hino Nacional português e propôs corajosamente que, a bem do amor próprio dos nativos deste sítio a letra desse hino - e já agora a música - fossem reformadas.
quando "sòzinho" denunciou
ResponderEliminarCom as minhas desculpas.
Não estava a falar do Alçada...
ResponderEliminarEstas são as verdadeiras conversas em família. Vou citá-las a seguir ao artigo que estou a escrever sobre a desgraça do cavaquismo e do arrivismo inerente.
ResponderEliminarTambém conheci o Alçada Baptista, e com o perigo da perda de alguma objectividade diria que apesar de tudo não se integra num «tipo» nacional, sendo um diletante complexo. É óbvio que ressaltam alguns aspectos, desde as conversas em família do post (em que de qualquer forma teve custos pessoais, no seu círculo foi proscrito durante uns tempos) à tarefa das condecorações do regime, em que se revela uma cultura pantanosa.
ResponderEliminarMas também existe a participação nas iniciativas mais importantes de uma oposição democrática ao Estado Novo, defesa dos direitos humanos (que os levava a serem odiados pela PIDE e PCP) e o episódio Marcelo também passou por uma crença ingénua da transição do regime sem cedência ao comunismo onde foi sempre intransigente. Acresce que as comendas foram aceites, mas também estamos a falar de um homem com uma fortuna de família que espatifou de maneiras várias, também ajudando muita gente, ou financiando, quase exclusivamente, algumas actividades dos movimentos que tentavam promover uma transição para a democracia (sem militares nem PCP), infelizmente um projecto que falhou. E alguns dos seus textos nos anos 70/80 são de uma lucidez notável, antes da absorção integral pelo regime pacificado, nomeadamente pelo soarismo.
A propósito disto, ando a ler o livro das conversas a dois, em família.
ResponderEliminarA noção exacta que Marcello tinha do comunismo como mal a evitar a todo o custo, dá a dimensão integral da sua política de não abertura do regime a uma democracia burguesa como ele lhe chama.
Por seu turno, ALçada, tem uma confissão engraçada, no livro: escreve preto no branco que o regime, não sendo uma democracia plena, também não é um regime totalitário, apontando o exemplo de vários países europeus bem piores que o nosso de então.
Fica para logo, a reprodução dessas duas ou três páginas, porque dão a imagem exacta do regime de Caetano.
Ler esse livro é ter uma umagem correcta do caetanismo e do que Portugal era na altura.
A conclusão que tiro é que Caetano era demasiado casmurro para mudar para a democracia burguesa, mas suficientemente ductil para perceber a invevitabilidade de uma mudança exigível.
O que fez, no entanto, foi...adiar.