O ministro Pedro da Silva Pereira concedeu ontem uma entrevista à Sic-Notícias.
Quase no fim, Mário Crespo perguntou-lhe de chofre se a prima do ministro do Ambiente não tinha sido secretária do mesmo ministro do Ambiente, na mesma altura em que Silva Pereira, era Secretário de Estado, precisamente do ordenamento territorial.
Silva Pereira embatucou e mostrando-se quase indignado ( mas porquê?!) disse-lhe que não respondia. Note-se: secretária de ministro é cargo público, mas estas pessoas já nem estão sintonizadas com esta coisa pública. Só com a res privada, pelos vistos. Coisa reservada e que não merece esclarecimento público. Não respondo, disse o ministro indignado.
Por outro lado, Pedro Silva Pereira, com aquele ar seráfico de quem ajuda à missa logo pela manhã, disse uma coisa mais grave, porque é uma aldrabice. Disse assim, na SIC:
Sem “comentar enredos”, o ministro da Presidência alertou para aquilo que disse ser a prova da “maior mentira” que estará a ser contada e que se prende com a alegada relação entre a Declaração de Impacto Ambiental (DIA) do projecto Freeport e alteração dos limites da ZPE do Estuário do Tejo. Isto porque a DIA data de 14 de Março de 2002 e o decreto-lei que altera os limites da ZPE é de 20 de Maio do mesmo ano. “É uma falsa relação”, garantiu.
Pois bem. Quanto a garantias do acólito Silva Pereira, para além de termos ficado sem saber a história da prima, temos esta:
O tal Decreto Lei que altera os limites da ZPE é datado de «20 de Maio» (DL nº140/2002). É um facto verdadeiro.
Mas...não é de 20 de Maio, porque essa é apenas a data da sua publicação no DR. Repare-se na subtileza seráfica da aldrabice:
O D.L nº 140/2002, diz assim, no fim do diploma, -como todos dizem obrigatoriamente-:
- Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 14 de Março de 2002- António Manuel de Oliveira Guterres, Rui Eduardo Ferreira Rodrigues Pena, Luís Garcia Braga da Cruz, Luís Manuel Capoula Santos, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa- Promulgado a 2 de Maio de 2002; Publique-se. O presidente da República, Jorge Sampaio.
A esta aldrabice de Pereira, junta-se outra circunstância perturbante do senso comum: disse na entrevista que o então ministro do Ambiente, ao receber a chamada do tio, apercebeu-se de uma tentativa de corrupção e tentou por isso estancar o mal, logo ali. Em vez do tráfico da influência, um tráfego de informação meritória.
Cada um que tire as ilações que quiser. O que não deve é esquecer que um ministro tão preocupado com a corrupção, neste caso eventualmente ligada a um escritório de advogados, devia ter denunciado o assunto às autoridades. Imediatamente e à medida da putativa indignação.
Não o fazendo, como não fez, isso chama-se o quê? Não falando nisso quando o processo assumiu os contornos que assumiu em 2005, isso quer dizer o quê?
Que temos um primeiro-ministro digno do cargo que ocupa? Quantas provas mais ainda vão ser precisas para os apaniguados perceberem? Que se demonstre o indesejável, é isso?
Caro José,
ResponderEliminarse percebi bem a pergunta do Mário Crespo, a secretária seria prima de Sócrates e não do Pedro S. Pereira. Aconselho vivamente a verem esta entrevista, pois quando tudo parecia perdido (refiro-me aos artifícios retóricos do entrevistado e forma como manipulou os dados relativos ao processo) Mário Crespo começa a fazer perguntas incómodas, sem papas na língua.
A partir do minuto 22, sensivelmente. Aqui fica o linque:
http://sic.aeiou.pt/online/video/informacao/mariocrespoentrevista/2009/1/ministrodapresidenciasobrecasofreeport.htm
Quem quiser pode deduzir que o ministro substituiu a justiça ou abafou o caso, havendo diversas teorias à disposição para explicar esta última hipótese. Qualquer delas encerra um esclarecimento quanto ao carácter da personagem, porque é isso que nesta fase está em causa. Vejo esta situação muito pouco sustentável e não me parece que se possa sequer imaginar que a crise pode ser abordada com um líder destes à frente. Mas lá está: se eles falam, geralmente é para se desenrascarem das notícias do dia anterior, mas ao falarem também se enterram, exactamente como nas areias movediças de um pântano. Se insistirmos em que é possível manter um país nisto, lá chegará o dia em que o PM decretará o silêncio oficial, através de um comunicado escrito por um familiar qualquer. Quanto a essa explicação da data, é preciso ter "cara de pau".
ResponderEliminarGrande Mário Crespo!
ResponderEliminarO melhor jornalista em Portugal.
O Jornalista!
Acho que se deveria fazer uma subscrição para comprar na rua da prata uma daquelas coisas semelhantes a tiaras que existem na cabeça dos santos nas igrejas para oferecer ao nosso 1º...
ResponderEliminarTem razão quanto à prima. Estive a ver o vídeo. Obrigado, vou corrigir.
ResponderEliminarSe a maralha socratina tivesse vergonha, metia-se num buraco com o discurso que estou a ouvir do PR na inauguração do ano judicial.
ResponderEliminarEste PSP não é só "o" clone mas também é um grande cromo ...
ResponderEliminarDeve achar que somos todos parvos e andamos aqui a ver passar "luvas" de mão em mão.
José não sei se ontem leu esta crónica do Mário Crespo :
Cronica do Mario Crespo 26-01-2009
Os verdadeiros jornalistas são como o vinho do Porto ... melhoram com a idade.
cumprimentos.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarSe era necessário alterar os limites para aprovar o estudo, como é que a aporvação do Estudo (DIA) tem uma data anterior ao decreto que altera os limites?
ResponderEliminarnos entretantos, Dias Loureiro está a contar umas estórias na AR. Para onde quer que olhemos, a paisagem é nebulosa.
ResponderEliminarseria também muito interessante e quiçá educativo fazer um levantamento de quantos familiares estão ao "serviço" dos nossos governantes.
ResponderEliminarQuer-me parecer que íamos ter uma grande surpresa no número ....
"E diz o toino: "Eu até me espanta que me coloque esta questão, ao fim de cinco anos"
ResponderEliminarÉ preciso ter lata.
- "Quando terminar a pergunta, fazia o favor de sinalizar"
ResponderEliminar- "Diga como quer que eu sinalize que eu faço".
ahahaha
José,
ResponderEliminarpeço desculpa de fugir ao tema, mas acabam de me informar que o famoso estudo da OCDE sobre a educação, foi encomendado e pago pelo Governo.
Já agora acho que temos o direito de saber quanto pagaram pelo estudo.
E esta hein..... como diria o saudoso Pessa.
E depois dizem eles que não governam para as estatísticas (e falsas já que são encomendadas e pagas por eles).
ver artigo em
Relatório OCDE encomendado e pago pelo Governo
Acabei agora mesmo de escrever sobre isso: mais uma aldrabice.
ResponderEliminarEsta gente já cansa.
É indiferente se é primo de um ou primo de outro.
ResponderEliminarNa vida de Sócrates há uma estratégia permanente: envolver a família num enredo de interesses, conivências, cumplicidades e silêncios.
De facto, não há piores inimigos do que os familiares despeitados por estarem afastados da mesa onde se come fartamente. Convém que todos sejam bem saciados para que lhes convenha ficarem calados.
Isso vale até para a ex-mulher de Sócrates, para cujo silêncio, sobre matérias poucos convenientes, não terão sido despiciendas certas oportunidades que lhe foram propiciadas, incluindo uma no CTT, por Luís Nazaré (quem haveria de ser). Basta ir ao Google e pesquisar por Sofia Fava.
O próprio ex-sogro de Sócrates também teria muito que dizer...
Mas José Manuel Fava pertence à Maçonaria. E sabe-se que ligações tem a Maçonaria com o PS...
Em off apanha-se muito do que diz sobre as trafulhices do ex-genro. Em on certamente terá mais cuidado, até porque a Maçonaria costuma ser discreta no tratamento de certas questões...
José,
ResponderEliminarComo tem um excelente arquivo de informação e a área jurídica não é a minha, tomava a liberdade de lhe solicitar a pesquisa da seguinte informação :
- Diário da República nº 278 de 29/11/1999
pesquisar Maria Filomena Bernardo Pinto de Sousa
Acho que esta é a "tal" prima....
José, deixe-me contribuir para o seu arquivo ( notável, melhor só a Torre do Tombo ):
ResponderEliminarMaria Filomena Bernardo Pinto de Sousa
Será a prima de Sócrates?
MINISTÉRIO DO AMBIENTE E DO ORDENAMENTO
DO TERRITÓRIO
Gabinete do Ministro
Despacho n.o 23 236/99 (2.a série).— Ao abrigo do disposto no n.o 1 do artigo 2.o e nos artigos 5.o e 6.o do Decreto-Lei n.o 262/88, de 23 de Julho, nomeio para exercer as funções de minha secretária pessoal Maria Filomena Bernardo Pinto de Sousa.
25 de Outubro de 1999. — O Ministro do Ambiente e do Ordenamento
do Território, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa
(D.R. N.º 278 de 29-11-1999 - 2ª Série)
Diário da República, 10 Abril 2002
Despacho n.º 7437/2002(2ªSérie), de 10 de Abril de 2002
Serie II
Exonera, a seu pedido, Maria Filomena Bernardo Pinto de Sousa das funções de secretária pessoal do Ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território, José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa.
Tal como eu suspeitava.
ResponderEliminarAgora só falta saber se "é a tal prima" ....
Melhor ainda:
ResponderEliminarse fosse do 24 Horas ou do Correio da Manhã, telefonava ao tio, para saber para onde foi e por onde anda profissionalmente.