Jornal de Notícias
Há médicos de hospitais EPE em licença sem vencimento da Função Pública a exercer as mesmas funções no posto que ocupavam, mas com contrato individual de trabalho e um salário quase dobrado. A prática era corrente até o Governo impor medidas de contenção.
recurso é legal: está no decreto-lei 233 de 2005 que transformou os hospitais em entidades públicas empresariais (EPE). Os profissionais em regime de funções públicas podem optar temporariamente por um contrato individual de trabalho desde que lhes seja concedida licença sem vencimento, depois de os conselhos de administração terem feito o "reconhecimento casuístico do interesse público" dessa licença.
Há médicos de hospitais EPE em licença sem vencimento da Função Pública a exercer as mesmas funções no posto que ocupavam, mas com contrato individual de trabalho e um salário quase dobrado. A prática era corrente até o Governo impor medidas de contenção.
recurso é legal: está no decreto-lei 233 de 2005 que transformou os hospitais em entidades públicas empresariais (EPE). Os profissionais em regime de funções públicas podem optar temporariamente por um contrato individual de trabalho desde que lhes seja concedida licença sem vencimento, depois de os conselhos de administração terem feito o "reconhecimento casuístico do interesse público" dessa licença.
Todos os dias é isto: notícias e mais notícias sobre um descalabro moral, financeiro e económico em Portugal.
Agora são os médicos. Os médicos, que tratam da saúde das pessoas, em vez de responsabilidades acrescidas, de exigências mais apertadas, são uma classe com privilégios notórios, decorrentes da nossa imaturidade cívico-democrática. Ainda vemos os médicos como entes especiais que nos curam maleitas de modo misterioso. E por isso merecedores de todos os respeitos atávicos, com regalias que não se discutem, como as fantásticas horas extraordinárias que suplantam toda a capaicade humana de trabalho por um acréscimo percentual no vencimento. Ou como a fantástica capacidade em escrever receitas indiscutíveis e insindicáveis que nos tornam um dos países em que se consome mais remédios.
A classe, obviamente, aproveita e não se dá por achada. Nas escolas secundárias qual é a profissão mais desejada pelos pais, para os filhos com vocação para as ciências? Medicina. Daí as médias altíssimas e o sucesso evidente de regozijo que é ver um filho "entrar em Medicina". Emprego assegurado, salário superior à média, congressos em viagens a eito, vida mais facilitada.
Quem atira a primeira pedra a este terceiro-mundismo onde grassa a imoralidade?
Muito bem dito, José. Nunca se fala no oportunismo desta classe porque parece pecado. Mas é verdade- são uns oportunistas e vigaristas.
ResponderEliminarE isto é válido para oportunismo de tachos como para sacanice com doentes.
Tenho algumas historietas que ilustram bem a impunidade da casta.
E, a minha mãe que já vai nos 93 anos e está fina, deixou de ir ao médico para ir apenas ao veterinário.
A sério. Aproveita o pretexto dos animais domésticos para ter consulta para ela. E diz que é mil vezes melhor em diagnóstico e, pelo menos, sabe que não lhe anda a patrocinar passeatas em congressos ou bónus na indústria farmacêutica.
Até já tem nick por causa das receitas- é a Puka. Aqui há tempos na farmácia perguntaram se a dose não era demasiada para o bicho. E ela diz que fez ar de ingénua e acrescentou que a Puka é um animal de grande porte.
ResponderEliminarehehe
Isso é delicioso. Completamente anarca e inteligente.
ResponderEliminarA rapaziada política enquanto não acabou com os generais não descansou.Embora só na CMLisbos existam 70 assessores com o vencimento dos ditos.E nos médicos é ir ver como se reformam.Sempre com vencimento de general.Mas deixem andar que não tarda nada aparece o já anunciado fim dos "direitos adquiridos" e lá vai a maior parte das reformas voltar ao erário público...como aliás acontece na rica Suiça onde pelos vistos a dita tem um tecto de 1700 euros para todos e sem acumulações!
ResponderEliminarTão ladrão é o que rouba como o que fica ao portal...
E para mim ébem feito porque a rapaziada andava numa de esbanjar com a construção dum império de novo tipo do "bem" que era inteiramente suportado pelo indigenato sem uma única voz contra.Mas vão agora pagar...
ResponderEliminarehehee
ResponderEliminarA minha mãe é muito gira. Tem uma grande cabeça. E depois ainda acrescenta que assim não atura aquelas velhas a queixarem-se das doenças.
Nós matamo-nos a rir. E recomenda a toda a gente ir antes ao veterinário que à "doutora". As doutoras e doutores que nem sabem fazer diagnósticos e resolvem sempre tudo com análises e comprimidos a granel.
Diagnósticos? Infelizmente estas férias consegui uma rotura de ligamento anterior cruzado. O primeiro diagnóstico foi e cito: o senhor não tem nada no joelho, se daqui a três meses doer volte cá que é o menisco e tem de ser operado. Assim com esta limpeza e eu a olhar para o indivíduo, um semi-analfabeto aparentemente com curso de medicina.
ResponderEliminarNão há médico que não mantenha um qualquer vínculo à função pública. Podem ganhar milhões, mas não largam o tacho, seja via ensino, via hospital onde vão à terça-feira se calhar... e nunca lhes chega. Têm também de arranjar esquemas destes e passar receitas para depois terem bilhetes para congressos em tudo o que é "resort".
As médias altas em medicina também são muito à conta da falta de concorrência e de lugares na universidade, uma situação alegremente suportada pela ordem que de muito cedo entendeu a velha lei da oferta e da procura. Inundar o "mercado" de médicos para quê? Para todos ganharem menos? -- JRF