Daqui, vindo do i.
O Tribunal de Contas recusou o visto a quatro contratos de aquisição de serviços firmados entre a Administração da Região Hidrográfica do Norte e a Sérvulo & Associados - Sociedade de Advogados, que tiveram a aprovação prévia do ministro do Ambiente.
Os argumentos utilizados para a recusa do visto prendem-se com o facto de 30% do valor contratualizado ter sido pago contra a entrega do relatório de metodologia - o qual incluía apenas uma definição genérica do desenrolar dos trabalhos. Por outro lado, o parecer, já publicado em Diário da República, considera que o preço contratual corresponde a um determinado número de horas de prestação de serviços, e que esse valor foi logo pago no início, não se podendo verificar a proporcionalidade entre as horas efectivamente prestadas e pagas. "Foram pagos no total dos quatro contratos 405 480 euros sem contrapartida, em prestações realizadas de igual valor, o que consubstancia uma violação do disposto no artigo 292.o do Código dos Contratos Públicos", lê-se no acórdão publicado em DR.
Deve dizer-se para esclarecimento que a firma Sérvulo & Associados é autora, através de um dos seus sócios mais proeminentes, Rui Medeiros ( da maçonaria também) do Código dos Contratos Públicos, por encomenda do governo. Com assessores. Foi o Orçamento Geral do país que pagou uma conta calada. No instrumento inicial- o despacho conjunto 179/2006 nada se dizia sobre a firma, mas sim sobre o "grupo de trabalho", com membros designados: Rui Medeiros. Lino Torgal e João Amaral, mais três representantes do Estado- Administração. Sobre o tal assessor, nada. Mas no seu currículo consta o título de assessor do Ministério das Obras Públicas ( de Mário Lino) para esse efeito concreto... E ainda há outros colaboradores no mesmo projecto.
Nada sobre honorários, custo, etc. da empreitada com 500 artigos. Uma adjudicação directa.
Um tal Mark Kirby é advogado na firma. Um boy do PS que foi chefe de gabinete de primeiros-ministros.
É preciso também dizer que os autores do Código também se esforçaram por o explicar publicamente, em 2008. Mas as explicações não foram suficientes para demover os tribunais de uma interpretação que recusa a contratação directa e sem concurso público, nalguns casos.
A propósito disso, alguém escreveu isto:
A propósito disso, alguém escreveu isto:
A Sérvulo & Associados envolveu-se numa polémica com o TC por causa da auditoria/2008 sobre os consultores contratados pelo Estado, concluindo pela «falta de transparência» e pela ausência de «critérios de adjudicação»: em 489 contratos o Estado pagou €30 milhões, com a Sérvulo a “merecer” €1,6 milhões. O TC veio dizer que o Estado devia realizar concursos públicos ou consultas prévias, em vez de optar pelo ajuste directo. E criticou o novo Código por criar regras específicas para os contratos de consultadoria. A Sérvulo respondeu à altura, dizendo que as directivas comunitárias transpostas excluem os serviços jurídicos do regime geral e reconhecem a sua especificidade. O que indigna quem trabalha com o CCP não é o ajuste directo à SC – pelo que constato todos os dias – é o afastamento de assessores dos gabinetes ministeriais de uma matéria extraordinariamente relevante para o Estado, o que resultou numa “aptidão técnica” especial hoje reconhecida à Sérvulo.
Enquanto o Estado português for um Estado cuja ética é esta acima mostrada estaremos à mercê do FMI e de mão estendida à pedincha europeia e mundial. Por contra, o escritório da firma em causa, em pleno Chiado e na sede da antiga seguradora Império é um monumento a este modo de fazer política em Portugal. Passem por lá e confirmem.
Como é que cobram balúrdios ao Estado? De modo muito simples e legalíssimo: trabalham à hora. E como o tempo é dinheiro, levam muito tempo ou cobram muito pelo tempo que têm. Simples e eficaz. Imitam os estrangeiros, com uma diferença: lá fora provavelmente não se admitem estes negócios do mesmo modo. Não acredito que os alemães, ou os franceses, mesmo os espanhóis ou até os italianos tenham este úbere à disposição dos seus advogados de regime. Não acredito e por isso, vivemos um escândalo continuado. A que é preciso pôr cobro quanto antes. Não se admite que em período de grandes dificuldades, estas firmas ganhem a vida deste modo. Não é admissível.
Já não se contentam com os serviços encomendados directamente pelo governo, por ajuste directo. Abarcam ainda os serviços das empresas públicas ( por exemplo o Metro, de cuja publicidade escapam porque não é obrigatória a menção no portal do governo sobre os ajustes directos efectuados- e quem fez a lei soube-a fazer bem feita, nesse aspecto.) e ainda empresas ligadas ao sector empresaria do Estado. São milhões e milhões e mais milhões.
O problema da parecerística cobrada ao Estado pelas firmas de advogados já foi aflorada aqui. É um problema sério do Estado português e que os antónios barretos não percebem, para poderem dizer que "a principal nódoa" que temos é a Justiça, como disse em entrevista recente ao DN.
O problema da parecerística cobrada ao Estado pelas firmas de advogados já foi aflorada aqui. É um problema sério do Estado português e que os antónios barretos não percebem, para poderem dizer que "a principal nódoa" que temos é a Justiça, como disse em entrevista recente ao DN.
O que o tribunal de Contas acabou de fazer é apenas um aviso. Ainda há juízes em Lisboa. Mesmo designados pelo poder político...
Entretanto, é ver a lista.
Em tempo:
Repare-se como foi preparado esse Código da Contratação Pública. Em lado algum se encontra o indicativo do seu custo, pago ao tal grupo de trabalho. Talvez num diário da República de uma segunda série. Talvez.
Em 21.11.2006 o Ministro das Obras Públicas anunciava assim o novo rebento legislativo. Falava em público e em nome do governo, em "nós". Nunca mencionou o verdadeiro legislador.
E nessa altura, até o próprio Tribunal de Contas participou nas festividades do lançamento do novo rebento que se anunciava promissor.
Como elemento de grande relevo neste código está o fenómeno do "ajuste directo" de empreitadas ou para aquisição de serviços ao Estado. É ler...
O Código foi apresentado ao público pelo Governo em 31 de Janeiro de 2008 e entrou em vigor dali a seis meses. Segundo o mesmo Governo, destinava-se a concretizar três medidas do Programa Simplex, garantindo maior rigor e transparência na gestão dos dinheiros públicos.
Foi uma aldrabice? Provavelmente e o tribunal de Contas disso dá conta com esta decisão.
Ética no Estado, precisa-se!
Entretanto, é ver a lista.
Em tempo:
Repare-se como foi preparado esse Código da Contratação Pública. Em lado algum se encontra o indicativo do seu custo, pago ao tal grupo de trabalho. Talvez num diário da República de uma segunda série. Talvez.
Em 21.11.2006 o Ministro das Obras Públicas anunciava assim o novo rebento legislativo. Falava em público e em nome do governo, em "nós". Nunca mencionou o verdadeiro legislador.
E nessa altura, até o próprio Tribunal de Contas participou nas festividades do lançamento do novo rebento que se anunciava promissor.
Como elemento de grande relevo neste código está o fenómeno do "ajuste directo" de empreitadas ou para aquisição de serviços ao Estado. É ler...
O Código foi apresentado ao público pelo Governo em 31 de Janeiro de 2008 e entrou em vigor dali a seis meses. Segundo o mesmo Governo, destinava-se a concretizar três medidas do Programa Simplex, garantindo maior rigor e transparência na gestão dos dinheiros públicos.
Foi uma aldrabice? Provavelmente e o tribunal de Contas disso dá conta com esta decisão.
Ética no Estado, precisa-se!
São umas atrás das outras.
ResponderEliminarÉ um fartar de vilanagem.
Como se pára isto, é a grande questão.
Entretanto, descobri outra pouca vergonha num comentário anónimo que li no Público "on line".
Com a publicação do Decreto-lei n.º 137/2010, de 28 deste mês - fresquinho, portanto - foram reduzidas em 20% e 15% as ajudas de custo dos funcionários públicos mas mantidas intocáveis as pagas aos membros do governo.
Como? Assim:
O artigo 4º daquele diploma reduz em 20 e 15 % as ajudas de custo dos funcionarios públicos, alterando a alinea b, pontos i), ii) e iii) do n.º 2 da portaria n.º 1553 -d/2008, de 31 de Dezembro.
Mas manteve intocável a alinea a) do mesmo n.º 2 da referida Portaria, onde está fixado o valor das ajudas de custo aos membros do governo.
São os valores absurdos pagos em consultadorias, são os honorários pagos a estes escritórios de advogados de tratamento preferencial, são os tratamentos de favor para os "boys", que se começa a ver que vão ficando fora das reduções salariais, são as despesas com obras faraónicas, é o controlo da comunicação social, é o ataque ao ensino privado, é o controlo das cúpulas dos tribunais...
É preciso um novo 25 de Abril...
Mas agora dos bons...
Assino por baixo. Nem mais. Existem contas por acertar.
ResponderEliminarO TAL MARK FOI UM MUITO PRÓXIMO DO EDUARDO F.,DO VIEIRA S. E DO PAULO P..TUDO MUITO BOAS COMPANHIAS E RECOMENDAÇÕES.
ResponderEliminarAcho que em 2011 vamos mesmo ter de acertar contas, mas com muito estrondo!
ResponderEliminarhttp://adduo.blogspot.com/2010/12/orcamento-de-estado-2011.html
Caro JC:
ResponderEliminarOnde posso encontrar a portaria n.º 1553 -d/2008, de 31 de Dezembro?
Acertar contas é "por-lhes o ferro" para que toda a gente saiba quem são. Estes não podem voltar a falar com "moralidade".
ResponderEliminarCaro Pedro Luna:
ResponderEliminarPode encontrar a dita Port(c)aria aqui, por exemplo:
http://www.unl.pt/pessoal-nao-docente/legislacao_ajudascusto