Em França, os juízes começam a ficar fartos. Fartos da mesma tendência que por cá se tem mantido ao longo dos últimos anos: uma deliberada acção de desgaste e vilipêndio do governo e forças políticas apaniguadas, contra o poder judicial.
Como é o poder político que decide a política de justiça através dos meios que aloca e adjudica, meios que são de todos e de um orçamento de Estado, esse poder executivo entende que tem a primazia em ficar com a melhor parte, porque lhe cabe o papel de repartidor do que é de todos. E por isso subtrai esses meios e torna difícil a vida e as condições de trabalho dos profissionais do foro, pagos pelo Estado.
Fá-lo evidentemente com base e justificação num discurso que mistifica as verdadeiras razões da afronta: a hostilidade do poder político para com o poder judicial que tem o dever de investigar e julgar os seus próceres. Em França, Chirac vai ser julgado por factos ocorridos há longos anos, quando ainda era presidente da câmara de Paris.
Por cá, os políticos entalados em suspeitas são vários, mas o poder judicial não os alcança. Et pour cause.
Em França os juizes, não podem fazer greve, mas suspendem as audiências.
E fazem-no abertamente contra um poder político que os vilipendia abertamente. O presidente Sarkozy criticou abertamente os juízes num caso nacional- Laetitia- a quem imputou a responsabilidade pelos acontecimentos funestos que levaram à morte daquela. Aquando do caso Outreau, contemporâneo do Casa Pia, foram igualmente os políticos, aliados aos media sedentos de escalpe de magistrado que vituperaram os "petit juges" pelo erro das decisões que um sistema penal permitiu e que se mostrou errado, apesar de por cá ser defendido por um Noronha Nascimento.
Há qualquer coisa de malsão nesta promiscuidade, entre políticos e media, mas o tempo se encarregará de deslindar os porquês e por que razão os magistrados são vistos pela opinião pública como profissionais de baixa confiança.
Para já, em Portugal, começa a vislumbrar-se em alguns jornais um maior equilíbrio de razão e o jornal que mais vende em Portugal- Correio da Manhã- parece que já percebeu de que lado está a verdade, na maior parte dos casos.
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ResponderEliminarhttp://www.inverbis.net/juizes/quando-se-anuncia-que-nao-vai-acontecer.html
ResponderEliminarNão sei se já leu isto.
Os comentários da jornalista em causa são bastante elucidativos...
Já tinha lido o artigo do Provedor do Público e os comentários da jornalista. Não comentei porque passou a oportunidade, mas creio que a jornalista não percebeu e escreveu por erro.
ResponderEliminarDe resto, como já escrevi nota-se um maior cuidado nas notícias sobre assuntos judiciários.
Já não são apenas Tânias Laranjo a escrever em jornais, como há meia dúzia de anos acontecia e quanto a mim foram uma das principais razões da desinformação que levou a opinião´pública a colocar os magistrados abaixo da tabela da honra profissional.
Isso e certos prós e contras.