"Como é possível fazer a reforma da justiça sem contar com a oposição das poderosas corporações do sector?", perguntava ontem no Público o intelectualmente estafado Vital Moreira, a propósito da luta de guerrilha permanente que o Governo trava contra as "corporações".
A palavra fatal e maldita já é um mantra na mente de Vital. Tudo o que ressoe a "corporação" tem o seu escrito hostil, porque um conjunto de profissionais de determinada área social, apostados em defender os seus interesses profissionais, para o democrata Vital é sempre um problema e obstáculo a abater. Nem se entende como tolera o sindicalismo, um indivíduo assim... de esquerda.
Para Vital, no caso da "reforma da Justiça", haverá sempre oposição das corporações. É caso para perguntar a razão, porque só haverá oposição se a "reforma" chocar com os interesses legítimos da corporação. O que sucede nos demais casos de reformas.
O que nos conduz ao ponto: Vital ao escrever desse modo, pressupõe sempre a bondade das razões das reformas encetadas pelos políticos que defende sempre de um modo corporativo como nunca se verá outro. Ou seja, alterações legislativas e organizativas pensadas, repensadas, coerentes, lógicas, de aproveitamente de recursos e soluções, ponderadas para um efeito optimizado no seu funcionamento institucional. Em resumo, reformas competentes.
Nem lhe passa pelo bestunto, nestes escritos panfletários de propaganda político-governamental, que as tais reformas, mormente as da justiça, têm sido um logro, um embuste, um estendal de incompetências e deformidades políticas que deviam arredar de vez do campo das decisões quem as propôs e as aprovou.
Escuso de apresentar os exemplos, porque fastidioso enumerá-los. Mas tudo redunda numa conclusão triste: Vital é parte do problema político que temos, há muitos anos. Demais, até.
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