A revista Pública de hoje retoma um tema usado em quadra já repetida: as canções de protesto. A propósito da "geração à rasca" e da manifestação de 12 de Março, com os Deolinda e um tal Jel em vozes de fundo, cita nomes antigos das canções de protesto portuguesas.
O artigo é todo ele escrito em revisionismo ideológico. São ouvidos os velhos cantores de "intervenção", mas não se dá o contexto em que intervieram e o modo como o fizeram. Fica tudo pela rama do protesto. E que linda rama!
José Barata-Moura, por exemplo, "um cantor de protesto durante muitos anos", diz que " a actualidade de algo que foi feito no passado depende da actualização que os outros fazem desse objecto". Em nenhuma parte do artigo se esclarece que Barata Moura foi e continua a ser, segundo consta, um comunista dos quatro costados e cujas letras das "canções de protesto" espelhavam ideologia por tudo quanto era verso.
Outro citado, Luís Cília, em modo suave, diz agora que " a situação hoje não é a mesma, nem política nem culturalmente, do tempo em que as músicas foram feitas". Pois não. Hoje em dia o artigo já nem cita o título " Contra a ideia de violência, a violência da ideia" e outras pérolas do esquerdismo soixante-huitard que medraram entre nós bem antes de 25 de Abril de 74.
A luta dos cançoneteiros de protesto era contra o "fassismo" mas isso não é dito nem escrito no artigo. A luta era uma espécie de guerra civil em palavras e música, com ambiente de guerra fria. Tal não é explicado no artigo e quem o ler fica a perceber que os bravos cançonetistas do antigamente nem tinham nada contra esse antigamente, senão conjuntural e culturalmente. E tinham. Tinham tudo porque pretendiam à força de canções reverter um regime político para um sistema de ditadura comunista.
Estes termos simples e compreensíveis por todos, não são descritos hoje em dia com toda a clareza que a ausência de censura permite, esses cantores e o ambiente da época, relativizando-se toda a comunicação sobre o assunto, tornando-os ideologicamente inócuos e a ponderar num vazio de intenções políticas.
Outro cantor-autor citado, Manuel Freire, porventura o mais subtil em modo ideológico , porque cantou poemas de António Gedeão cuja mensagem não era abertamente panfletária como a dos outros, mas porventura e por isso mesmo mais eficaz, também diz algo igualmente mistificador: " há pouca produção cultural porque há muita confusão". De facto, confusão haverá e são artigos como este que para ela contribuem.
José Jorge Letria, um arrependido do comunismo, também diz coisas. E o que dizia no tempo do PREC é impublicável hoje em dia, pela Pública que nem sequer o cita nesse contexto em que ele cantava aberta e sonoramente, "quem tem medo do comunismo?" , com uma resposta diferida para umas décadas depois e no sentido da confissão de ser ele o próprio o medroso.
Outro comunista ideologicamente empedernido é Fernando Tordo. O artigo da Pública cita-o com a Tourada, uma letra de 1973 da autoria de um outro comunista, Ary dos Santos, que escrevia por sinais de fumo semióticos e com imaginário taurino para representar o sentimento futuro de amanhãs a cantar. E o autor do artigo comenta como "incrível" que a Censura de 73 tenha deixado passar as seguintes frases: " Entram empresários moralistas; entram frustrações; entram antiquários e fadistas, e contradições. E entra muito dólar, muita gente que dá lucro aos milhões". Esta letra é entendida como absolutamente censurável, na época, numa acepção falsa e mistificadora da realidade de então e ainda assim não se dá o contexto ideológico dos seus autores e mensagens. Incrível é escrever assim nos dias de hoje, enganando leitores desprevenidos. E sem censura.
Por fim, aparece citado o decano dos cantores de protesto: José Mário Branco não desiste da luta ideológica. Arrumou as botas das canções de protesto contra os botas do antigamente, mas não desarma as cantigas de outrora. " eu tenho confiança ilimitada na humanidade: se houver um movimento de fundo, as vozes vão aparecer. O problema actual não é das vozes, é do movimento. A consistência das vozes, é do movimento."
Movimento. Massas. Ideologia agregadora das massas. Vanguardas ideológicas. Movimentos...
Descodificando o que o autor do artigo dissimula ou não topa: José Mário Branco sempre foi um esquerdista da velha cepa. Um anti-capitalista que vê nesse sistema o Mal absoluto para a humanidade. Por isso mesmo embarcou festivamente em cruzadas contra esse modo de produção de coisas e serviços para a humanidade. O modelo que defende, obviamente, é o comunismo, em modo aggiornato e com modo de lá chegar. Para José Mário Branco nunca foi problema de maior, tal modo: armas se necessário for. E nem sequer em modo retórico. FP 25, lembra alguma coisa a alguém? Devia lembrar e ser citado nestes artigos para não se mistificar de modo indecente e obsceno a realidade.
José Barata-Moura, por exemplo, "um cantor de protesto durante muitos anos", diz que " a actualidade de algo que foi feito no passado depende da actualização que os outros fazem desse objecto". Em nenhuma parte do artigo se esclarece que Barata Moura foi e continua a ser, segundo consta, um comunista dos quatro costados e cujas letras das "canções de protesto" espelhavam ideologia por tudo quanto era verso.
Outro citado, Luís Cília, em modo suave, diz agora que " a situação hoje não é a mesma, nem política nem culturalmente, do tempo em que as músicas foram feitas". Pois não. Hoje em dia o artigo já nem cita o título " Contra a ideia de violência, a violência da ideia" e outras pérolas do esquerdismo soixante-huitard que medraram entre nós bem antes de 25 de Abril de 74.
A luta dos cançoneteiros de protesto era contra o "fassismo" mas isso não é dito nem escrito no artigo. A luta era uma espécie de guerra civil em palavras e música, com ambiente de guerra fria. Tal não é explicado no artigo e quem o ler fica a perceber que os bravos cançonetistas do antigamente nem tinham nada contra esse antigamente, senão conjuntural e culturalmente. E tinham. Tinham tudo porque pretendiam à força de canções reverter um regime político para um sistema de ditadura comunista.
Estes termos simples e compreensíveis por todos, não são descritos hoje em dia com toda a clareza que a ausência de censura permite, esses cantores e o ambiente da época, relativizando-se toda a comunicação sobre o assunto, tornando-os ideologicamente inócuos e a ponderar num vazio de intenções políticas.
Outro cantor-autor citado, Manuel Freire, porventura o mais subtil em modo ideológico , porque cantou poemas de António Gedeão cuja mensagem não era abertamente panfletária como a dos outros, mas porventura e por isso mesmo mais eficaz, também diz algo igualmente mistificador: " há pouca produção cultural porque há muita confusão". De facto, confusão haverá e são artigos como este que para ela contribuem.
José Jorge Letria, um arrependido do comunismo, também diz coisas. E o que dizia no tempo do PREC é impublicável hoje em dia, pela Pública que nem sequer o cita nesse contexto em que ele cantava aberta e sonoramente, "quem tem medo do comunismo?" , com uma resposta diferida para umas décadas depois e no sentido da confissão de ser ele o próprio o medroso.
Outro comunista ideologicamente empedernido é Fernando Tordo. O artigo da Pública cita-o com a Tourada, uma letra de 1973 da autoria de um outro comunista, Ary dos Santos, que escrevia por sinais de fumo semióticos e com imaginário taurino para representar o sentimento futuro de amanhãs a cantar. E o autor do artigo comenta como "incrível" que a Censura de 73 tenha deixado passar as seguintes frases: " Entram empresários moralistas; entram frustrações; entram antiquários e fadistas, e contradições. E entra muito dólar, muita gente que dá lucro aos milhões". Esta letra é entendida como absolutamente censurável, na época, numa acepção falsa e mistificadora da realidade de então e ainda assim não se dá o contexto ideológico dos seus autores e mensagens. Incrível é escrever assim nos dias de hoje, enganando leitores desprevenidos. E sem censura.
Por fim, aparece citado o decano dos cantores de protesto: José Mário Branco não desiste da luta ideológica. Arrumou as botas das canções de protesto contra os botas do antigamente, mas não desarma as cantigas de outrora. " eu tenho confiança ilimitada na humanidade: se houver um movimento de fundo, as vozes vão aparecer. O problema actual não é das vozes, é do movimento. A consistência das vozes, é do movimento."
Movimento. Massas. Ideologia agregadora das massas. Vanguardas ideológicas. Movimentos...
Descodificando o que o autor do artigo dissimula ou não topa: José Mário Branco sempre foi um esquerdista da velha cepa. Um anti-capitalista que vê nesse sistema o Mal absoluto para a humanidade. Por isso mesmo embarcou festivamente em cruzadas contra esse modo de produção de coisas e serviços para a humanidade. O modelo que defende, obviamente, é o comunismo, em modo aggiornato e com modo de lá chegar. Para José Mário Branco nunca foi problema de maior, tal modo: armas se necessário for. E nem sequer em modo retórico. FP 25, lembra alguma coisa a alguém? Devia lembrar e ser citado nestes artigos para não se mistificar de modo indecente e obsceno a realidade.
Então é assim:
Nova incursão aos baús do vinyl, na busca da banda sonora perfeita para a data que hoje se comemora. Mais uma pérola / preciosidade da arqueologia sonora do PREC.
O Poder Aos Operários E Camponeses / O Povo Em Armas
GAC – Vozes na Luta (com José Mário Branco)
Ouve-se no refrão:
“Mulheres e homens, na fábrica e no campo
Povo que sua, luta e trabalha
Pega em armas! Ergue bandeiras vermelhas
Cerra fileiras ombro a ombro na batalha!”
Está percebido, ó Luís Francisco? Para a próxima deixe de tomar os outros por parvos e escreva qualquer coisa com mais jeito. E há outra coisa que é preciso ficar esclarecido: Bob Dylan, foi um cantor de protesto, sem dúvida. Mas nunca foi comunista. Quem foi comunista foi outro: Phil Ochs.
Está percebido, ó Luís Francisco? Para a próxima deixe de tomar os outros por parvos e escreva qualquer coisa com mais jeito. E há outra coisa que é preciso ficar esclarecido: Bob Dylan, foi um cantor de protesto, sem dúvida. Mas nunca foi comunista. Quem foi comunista foi outro: Phil Ochs.
Vozes da resistência e luta.
ResponderEliminarNão li a revista a que o José se refere. Não vou comentar sequer o "post".Há gostos e opiniões diferentes, tudo bem.
Mas hoje, graças a uma alteração de regime, é possível falar, criticar, ostilizar, etc., etc., sem o receio de estar a ser ouvido por um miserável bufo e acabar com os costados numa prisão.
Podem criticar tudo e todos os protagonista de Abril, mas esta realidade ainda não conseguiram alterar.
Sobre a memória das vozes, permitam-me, neste lugar "incómodo", recordar mais alguns que não foram aqui citados:
José Afonso;
Adriano C. de Oliveira;
Padre Fanhais;
Duarte e Círiaco;
Fausto B. Dias;
Sérgio Godinho.
Viva a LIBERDAE!
Ó Carlos: e se o regime tivesse sido alterado para o modelo que esses mesmo defendiam, acha que estava aqui a escrever livremente?
ResponderEliminarA questão é apenas esta.
R.: "para o modelo que esses mesmos defendiam" - acredito que sim. Para os modelos com que os pretendem sistemáticamente colar (exemplos falhados)- certamente que não.
ResponderEliminarDito isto, e de forma muito simples: o anterior regime era mau. As derivas e o rumo do actual regime (através dos vários exemplos de poder), é mau. Mas apesar de tudo, é neste que o povo pode interferir de forma mais participativa e pacifica e corrigir o que está errado. Assim queiram.
Oiça lá: que raio de liberdade existia na URSS?
ResponderEliminarComo é que defensores do Comunismo, podem ser, em simultâneo. exemplos de Liberdade?
V. despejou aqui essa de dar com os costados numa prisão". Então, recorde lá, o que foi o Gulag e o que fazia o KGB?
V. sentia-se mais livre se em vez da nossa ditadura, estes defensores do Comunismo tivessem implantado o modelo que seguiam?
Responda a ver se é capaz e deixe-se de rodeios.
E deixe-se de merdas que os outros é que os pretendem colar!
ResponderEliminarEles eram comunistas; defendiam o comunismo; nunca na vidinha inteira foram democratas e ainda defenderam as FP 25 que também foram compostas por democratas que maldosamente outros não democratas querem colar o rótulo de comunistas.
Eu passo-me com esta hipocrisia. E em alturas de voto, estes aparvalhados andam ainda mais excitados.
ResponderEliminarAo menos que façam como outros que nunca se queixaram de polícias políticas nem de falta de Liberdade.
ResponderEliminarAo menos sejam consequentes e digam lá que era braço de ferro entre semelhantes e que ser-se revolucionário era isso- não era um convite para jantar ou um bordado, como dizia o outro.
sondgfsçenb tdksndbq hd svxr pdfo inatrusca azna.
ResponderEliminarE agora, entendeu?
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarÉ cada um. Ò Carlos, para dizer bacoradas deste calibre, devia fazer uma listinha de exemplos onde o comunismo não falhou. Em vez de uma listinha de quase-cantores — cole-lhes o rótulo do comunismo não falhado e bom, para nós vermos.
ResponderEliminarE já agora o comunismo onde se podia abrir a boca "sem o receio de estar a ser ouvido por um miserável bufo e acabar com os costados numa prisão". -- JRF
Mas existe algo que não tenha falhado?
ResponderEliminarEu militei numa treta chamada MSI (PCP) em Coimbra nos anos sessenta. Não estou arrependido e poderia ter sido preso na altura.
O que é triste é ver pessoas com idade para ajuizar, estarem presas a convições da treta de direita ou esquerda, que bem vistas as coisas são todas dos séculos XVIII e XIX.
«O maior trabalho dos homens foi até agora concordar com uma infinidade de coisas e fazer uma lei desse acordo …, quer essas coisas fossem verdadeiras ou falsas. Foi a disciplina do espírito que preservou a humanidade …, mas os instintos que a combatem são ainda tão poderosos que, em suma, só se pode falar com pouca confiança no futuro da humanidade.» Diz Frederico Nietzche.
Era alemão. Partia do princípio que depois se respeitava a regra.
O Ministro das Finanças da Suécia não vai na cantiga do sócrates:
ResponderEliminarhttp://economia.publico.pt/noticia/ministro-sueco-das-financas-governo-portugues-e-responsavel-pela-situacao-do-pais_1489070
Manuel Pereira da Rosa:
ResponderEliminarIsso aplica-se ao nazismo também?
E se não se aplica, como suponho, que vale essa treta?
ResponderEliminarHá escolhas ideológicas que definem percursos de vida.
Quem defende o fascismo, nazismo ou comunismo não pretende ficar num sofá a ver os acontecimentos a decorrerem na tv. Quer participar em movimentos de massas que mudem radicalmente um lugar com milhões de pessoas.
Quer impor a muitas delas, porventura a maioria, o seu modo de ver o mundo e a sociedade. Como essa imposição não é pacífica porque a resistência à ausência de liberdade costuma ser bem forte, há violência que surge natural e coerentemente.
É isso que sucede com o nazismo, o comunismo e o fascismo porque são ideologias totalitárias.
Portanto, não adianta citar Nietszche para explicar o que se percebe demasiado bem sem qualquer filosofia.
Os cantores de protesto que mencionei escolheram todos a ideologia totalitária e é preciso que isso fique bem claro para todos.
Se abandonaram as ideias, como o fez José Jorge Letria, ainda bem. Mas é preciso que o digam, porque citando John Lennon no seu tema de protesto Revolution, no álbum branco:
You say you want a revolution
Well, you know
We all want to change the world
You tell me that it's evolution
Well, you know
We all want to change the world
But when you talk about destruction
Don't you know that you can count me out
Don't you know it's gonna be all right
all right, all right
You say you got a real solution
Well, you know
We'd all love to see the plan
You ask me for a contribution
Well, you know
We're doing what we can
But when you want money
for people with minds that hate
All I can tell is brother you have to wait
Don't you know it's gonna be all right
all right, all right
Ah
Esta é que é a verdadeira canção de protesto que aprecio. E é de John Lennon que não era de direita...
O problema é que com a lavagem cerebral que dura há décadas convencionou-se que o partido comunista, o Bloco de Esquerda e os partidos de extrema esquerda são democráticos à maneira ocidental e civilizada.
ResponderEliminarSão convenções que partem de mentiras e falsidades.
A ideologia totalitária que os anima e fundamenta é perene e em cada entrevista de fundo ela vem sempre à superfície.
Daí que eu defenda a extinção desses partidos do mesmo modo que não se admitem paridos fascistas.
Quem os proibiu, aliás, foram eles na Constituição que gizaram.
Et pour cause.
O que verifico é uma ausência de coerência no discurso das pessoas que tendem a esquecer essa lógica.
José:
ResponderEliminarEstou inteiramente de acordo consigo, quando diz: "uma ditadura dita de esquerda, não é melhor nem preferível a outra ditadura dita de direita."
Entendo no entanto e penso que concordará (?), que a limitação ao acesso informativo, a sobrecarga de informação formatada pelo regime de então, a forma como punia os seus opositores, a lógica com que manteve uma guerra sem glória (calma que isto não pretende branquear os erros na descolonização), foi motivo suficiente para levar muito boa gente a acreditar noutros regimes que até nos apoiavam (oportunisticamente, hoje é claro)na luta contra o regime, e, a pouca informação que nos chegava oficialmente, representava um certo êxito e virtudes das outras experiências: na educação; no desporto; saúde; ciência; etc.; etc..
É verdade, que hoje, toda essa ilusão se desmoronou. E por isso também, entendo que é normal encontrar muita gente que tenha corrigido posições (meu caso). Não vejo nisto qualquer problema nem acho que seja motivo para ser considerado eternamente "comunista".
O mundo hoje, para nós (já aqui referi noutros comentários), não tem só duas realidades. E se hoje é assim tão claro, deve-se também á mudança provocada com o 25A.
Há agora que evoluir, sem esquecer as experiências do passado, mas acreditando num mundo muito melhor para todos. A esta forma de estar e pensar, apelido ser de esquerda.
Carlos:
ResponderEliminarSó não mudam os burros, como se costuma dizer. E muitos mudaram ideologicamente.
Mas é preciso que se saiba quem foram para que não se voltem a confundir as coisas.
Também houve muitos apoiantes do autoritarismo salazarista e caetanista que mudaram e passaram a admitir o que aqueles não queriam: a democracia parlamentar com partidos que se opunham ideologicamente.
O que aqueles não queriam era o comunismo ou o socialismo cripto-comunista.
Estou em crer que o Marcelo Caetano aceitaria a social-democracia porque já era isso que praticava socialmente.
Ora em tempos de guerra fria, o comunismo era o inimigo e como se veio a demonstrar mesmo para os que nisso acreditavam- e só ainda continua cego aquele que não quer ver- o comunismo não era solução.
Por isso mesmo que seja denunciado como patranha e que o PCP seja denunciado como aquilo que não deveria ser e continua a ser.
José:
ResponderEliminarConsidera que as eleições de 1969 e de 1973 (gov. de Marcelo C.) foram realizadas num quadro social-democrata?
Entende que, a transformação nas designações operadas, tranformaram o regime "socialmente" (???). PIDE para DGS; UN para ANP, CENSURA para VISTO PRÉVIO, etc.,etc..
Não, não entendo porque a designação "social-democrata" contende com a organização económica, mais que política.
ResponderEliminarE com isso quero dizer que a intervenção da segurança social com cuidados de saúde mais alargados a todos, através das casas do Povo; as reformas para os rurais e os subsídios sociais que começaram entao a aparecer prefiguravam um regime de social-democracia como o que temos.
Quanto a eleições, acho que seriam admitidas forças políticas que não defendessem o comunismo e como é sabido o PS só apareceu em 73 e mesmo assim, com o socialismo ainda fora da gaveta.
Portanto, o que o regime preservava era a integridade que era ameaçada pelo totalitarismo comunista.
Isto parece-me tão claro que estou disposto a discutir com os especialistas em História.
A Ala Liberal na Assembleia Nacional prefigurava e antecipava o PSD. E o CDS nem sequer era diferente de uma força política que então já existia e nem tinha nome, mas que se agregava ao corporativismo.
Em Espanha a transição fez-se de modo diferente porque o partido comunista aí já era "euro-comunista" e por isso mesmo desapareceu como era normal. Aqui deveria ter acontecido o mesmo e os comunistas mudarem para a social-democracia que é o sistema económico mais razoável para quem defende ideias de esquerda.
ResponderEliminarPorque a social-democracia é de esquerda se entendermos esta como o regime que se preocupa mais com os direitos dos trabalhadores do que com os do capital. Mas com uma diferença: dentro do sistema que é o capitalista.
E portanto sem pôr em causa esse sistema como os social-democratas não pôem, de facto.
No outro dia, na tv, o Marques dos Santos do Pingo Doce disse que deveríamos antes do mais em Portugal sabermos se queremos um regime económico de iniciativa privada ou não. Mas com isso queria dizer se queríamos um sistema capitalista ou não.
ResponderEliminarSe quisermos como tudo indica que sim, para quê dar importância e relevo exagerado a partidos que querem simplesmente acabar com esse sistema como é o caso do PCP?
Isso não é um anacronismo? Para quê sustentar equívocos com o PCP e não denunciar o seu carácter intrínsecamente anti-democrático e fazer de conta que os indivíduos fazem o jogo da democracia como os outros partidos? Claro que não fazem e isso é sempre escamoteado.
Até acabaram com a foice e o martelo nos símbolos para a o comum do cidadão. Só os reservam para os militantes...
O que Marcelo Caetano fazia com a DGS e a Censura e a ausência de democracia era tentar proteger Portugal do comunismo. Só isso e mais nada.
ResponderEliminarE tinha razão, como se viu depois. Os métodos é que já não eram aceitáveis numa sociedade europeia em que a democracia resolver esse problema por si mesma.
Aqui não resolver e o tempo acabou por dar-lhe razão nos fins. Que não nos meios, evidentemente. E há quem diga que foi por causa dessa repressao política que as coisas não se passaram como na Europa.
Se tivesse continuado a abertura democrática com partidos, mesmo o comunista, talvez este não adquirisse o relevo que obteve depois.
Mas em Espanha com o Franco a situação não era melhor que aqui. Ainda havia garrote... e no entanto, depois da alteração política, em 76, as coisas mudaram e não foi como aqui.
Então o que fez a diferença? O rei...a monarquia que manteve a unidade do país e conseguiu uma transição sem grandes alterações revolucionárias como aqui.
Por isso mesmo é preciso pensar o que significou aqui o PCP, porque essa é a questão fulcral.
Eu não tenho a mínima dúvida que a crise que atravessamos e as dificuldades que temos há décadas em acompanhar o ritmo da Europa se deve á esquerda que temos e ao domínio que o PCP teve na economia na década de setenta até meados da de oitenta.
ResponderEliminarO capital foi-se. E nunca mais voltou como era dantes. E sem capital não há nada a fazer numa sociedade capitalista.
Os que voltaram depois já não investiram nem reconverteram o que tinham deixado. Aproveitaram simplesmente outras opportunidades no sector dos serviços e nós lixámo-nos.
Os espanhóis não desmantelaram as suas forças produtivas nem escorraçaram os seus capitalistas.
Aqui sim.
Há quem diga que a expulsão dos judeus por D. João II e os que se seguiram foi o princípio da nossa desgraça. Discordo, por um motivo:
A Espanha escorraçou e matou todos os judeus que encontrou. Mesmo assim, não se afundou no declínio económico em que nós estamos e o segredo é simples: mantiveram o capitalismo e escorraçaram sim, mas os comunistas que nunca contaram para nada em Espanha. É esse o segredo deles e a nossa desgraça.
Enquanto as pessoas não entenderem isto não há nada a fazer.
Onde é que a social-democracia apareceu pela primeira vez?
ResponderEliminarNão foi na Alemanha de Bismarck? e acaso ele era um "democrata"?
«O rei...a monarquia que manteve a unidade do país e conseguiu uma transição sem grandes alterações revolucionárias como aqui»
ResponderEliminarExactamente. Foi a monarquia que protegeu a Espanha e foi a falta dela que nos tramou.
Em França, ainda em 1981 , o ami Miterrand ainda teve umas breves ilusoes sobre o socialismo fora da gaveta. Duraram semanas, se tanto.
ResponderEliminarQuando começou a ver a fuga de capitais, o ami Miterrand fez o mesmo e meteu o socialismo da gaveta também. Para sempre.
E foi por isso que os franceses se safaram porque o comunismo de Marchais também era eurocumonista. Se nao fosse, era a desgraça de França.
Repito: a nossa desgraça tem a ver com o PCP e a Esquerda que temos.
Com a esquerda que temos e com o efeito dela na cabeça das pessoas.
ResponderEliminarOnde é que existe este mito que Liberdade e democracia só podem ser defendidos por quem é contra o capitalismo (chamando-lhe nomes diferentes, de acordo com a ocasião- agora, para os da "democrata" é o "liberalismo").
Isto é problema nosso e o José tem vindo a mostrar como se formou.
Serviço público de primeira, como não se encontra em parte alguma.
José:
ResponderEliminarCusta-me perceber da necessidade de um ditador, para nos proteger de uma outra fantasmagórica ditadura e metendo todos os opositores no mesmo saco. O tempo provou, que apesar de todos os precalços, a democracia conseguiu sobreviver. Há que a aperfeiçoar.
Quanto ao PCP e para que não haja dúvidas sobre a minha posição, fui dos primeiros a combater na rua aqueles a quem chamavamos de "sociais-fascistas". Fui, confesso, com dogmas e crenças que mais tarde abandonei por completo, assumidamente.
Quanto a Espanha, é verdade o que diz, mas lembro: estava ou não Espanha entalado entre regimes democráticos e assim continuando, corria o risco de se isolar numa europa em que todos apostavam cada vez mais como o futuro?
Via ou não Espanha como preocupante, o sucesso que então transparecia da nossa chamada revolução dos cravos?
Tinha ou não Espanha, uma problema de separatismo no auge da sua luta e era necessário esvaziar politicamente alguns argumentos politicamente muito fortes?
Teve ou não Espanha de reagir a uma classe de ditadorzecos descontentes com as alterações introduzidas (assalto ao parlamento e tentativa de golpe de estado)
Em resumo, sempre direi: foram experiências diferentes e ambas com sucesso (implantação da democracia) e ainda bem. Agora isto, não branqueia a defesa dos anteriores regimes.
Carlos:
ResponderEliminarNão é preciso ditadores, mas há quem aprecie comités centrais com ditadores dissimulados. O Cunhal não era um ditador? Claro que era.
E em Espanha o problema político resolveu-se mas sem sacrifício do tecido económico.
Por cá não poderia ter acontecido o mesmo?
Então porque não aconteceu? Porque uma boa parte das pessoas achavam que o capitalismo é coisa de ricos. E por isso votavam nos pobres...
Diga-me lá: não é a suprema estupidez?
E o pior é que 30% ou mais continua a pensar assim...
ResponderEliminarJosé:
ResponderEliminarCunhal, era um ditador, um prepotente, mas manteve a sua posição sem se enconder de nada, nem de ninguém. Goste-se ou não. Eu, não gostava.
Espanha: "por cá não podia ter acontecido o mesmo?"
Podia. Mas, não aconteceu.
Equívoco: não foram os comunistas que lideraram a mudança (revolução se quiser). Foi o MFA. O PCP, tentou com a vantagem que tinha de ser a única força política organizada, usurpar os designios dos militares. Não conseguiram - bravo!
Ainda em Espanha: ao primeiro ensaio de bricadeira descoberta com um banco, o que aconteceu? o banqueiro (Mário Conde) foi de choldra e ao que sei, ainda se encontra preso. E aqui?...
Tão perto, mas ainda tão distante nos actos e suas consequências!
Interessante a conversa... só uma observação ou dúvida: José ao colocar no mesmo saco ditaduras comunistas, nazismo e fascismo, é por serem totalitárias, logo repressivas? Isso é uma forma de ver as coisas e admito que seja inseparável. Mas na ditadura portuguesa, nunca se viu um nível de repressão brutal como noutros lados (por exemplo).
ResponderEliminarAlém disso, acredito que a vida do dia a dia, seja nos vários casos diametralmente diferente. No comunismo falta algo que para mim é fundamental — a iniciativa privada. E as transformações (ou engenharia social) eram brutais e traumáticas, frequentemente com milhões de mortos. Os comunistas negavam às populações modos de vida com milhares de anos, desde permanecer nas suas aldeias à religião. Isso nunca aconteceu com o fascismo — porventura o que mais tentaram impôr nesse sentido foi uma certa cultura mais tradicional e mítica e negar outra mais moderna e considerada degenerada (mas os concertos de jazz enchiam na alemanha nazi).
Os regimes comunistas vieram a revelar-se praticamente sem excepção, cleptocracias onde um bando de privilegiados explorava uma população na miséria (no presente veja-se Angola por exemplo, qual é a diferença?). Não há comuna neste país ou outro, que possa acusar Salazar ou Caetano de ter roubado e enriquecido à custa do país. Etc.(Ironicamente, hoje a impressão que tenho é que os políticos honestos e com algum sentido de serviço público estão no PCP.) -- JRF
"Os concertos de jazz enchiam a Alemanha nazi"???
ResponderEliminarComo asssim? O jazz foi resistência e eles tocavam às escondidas.
O mesmo com todo o tipo de arte que foi considerada degenerada pelo Hitler. A Entartete Kunst serviu para isso.
Até o Emil Nolde que era apoiante do nazismo e se dava com o Gobels teve tudo apreendido e destruído.
Se vamos a falar em arte, é chato mas é verdade, a única que foi genial e ainda aguentou uns tempos foi a das Vanguardas Russas.
ResponderEliminarO Futurismo também, é claro, mas o fascismo italiano também foi coisa diferente.
Agora as Vanguardas formadas nas elites francesas, sim. Ainda aguentaram com o Lenine. é aliás um dos fenómenos mais estranhos que nunca consegui entender bem.
Tirando o facto dos russos terem mesmo alma artística que se sobrepõe a tudo.
Mas essa do jazz é que não entendo. O jazz até teve o grupo dos zazous em frança, como resistência.
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=nbo8BzM_BrY
ResponderEliminarArtisticamente, a diferença dos totalitarismos russo e alemão mede-se pelo abismo que separa o Einsenstein de uma Leni Riefenstahl.
ResponderEliminarEu já li isso do Jazz em algum lado e há pouco ouvi na Antena 2, no programa de jazz (sobre um intérprete em particular)... agora fui ver online... até 1939 funcionou. Goebbels preferiu propaganda anti-jazz a proibir. Em 1935 foi proibido na radio, mas não foi muito implementado porque também era fácil dizer que não era jazz e o povo gostava. A raça dos músicos acabava por determinar se era jazz ou não, hehe. Foi substituido pelo swing que teve o pico em 1936. Mas enfim, não sei, era só uma nota lateral.
ResponderEliminarEu gosto da Leni Riefenstahl. -- JRF
Eu detesto a Leni e aquela grandiloquência toda. O Goebbels até tinha mais abertura artística que o Hitler.
ResponderEliminarAquela trampa não tem ponta por onde se pegue. Nem artística.
Há 3 "revoluções" que metem nojo artístico: a Francesa; o Nazismo e a maoista.
ResponderEliminarAssim de repente, é o que me ocorre.
Estaline capou os artistas e eliminou a veia.
ResponderEliminarPor acaso ainda ontem estive às voltas com o Emil Nolde e é impressionante como foi perseguido. O tipo era nazi. Era apoiante daquela merda e foi um dos mais geniais artistas do expressionismo.
ResponderEliminarPois perseguiram-no. Foi mais um para o opróbrio da "arte degenerada".
E ele até era anti-semita. E isso nota-se na obra. Mas nem assim- o problema era aquela trampa da estética merdosa de bom-tom como só aqueles cabrões são capazes.
ResponderEliminarEles e os chineses
ehehehe
ou talvez!...é o que me escorre.
ResponderEliminar(já estou de capacete)
e os naopoleónicos- a trampa do "classicismo" feito mito realista.
ResponderEliminarPois foi. O Estaline e o outro nojo do ministro da cultura que ele lá pôs.
ResponderEliminarO Estaline só não capou o que não pôde. (Concordo que o nazismo foi praticamente nulo artisticamente. Onde ainda vejo mais arte é na própria imagem. Acho a suástica e os materiais de propaganda bem geniais. E gosto da Leni, claro.) -- JRF
ResponderEliminarA suástica é pré-histórica. Não inventaram nada.
ResponderEliminarPor acaso, para chatear mas é verdade, cartazes espantosos de propaganda também foram os russos.
Inventaram o uso. Está bom.
ResponderEliminarTambém gosto dos cartazes russos por acaso. Não me chateia nada. Gosto do que gosto. E gosto de pensar que tem qualidade, mas admito que não tenha. -- JRF
Em Itália há uns anos vi uma exposição em Roma ( na praça do Risorgimento) de cartazes russos de propaganda, com toda aquela parafernália de maquinaria e massas populares em festa produtiva.
ResponderEliminarBem interessantes. E podia ter fotografado, mas não o fiz. Só mais tarde comprei máquina...
Até o grande cinema de vanguarda alemã teve influência dos russos.
ResponderEliminarO Walter Ruttmann com "Berlim, sinfonia de uma cidade", é um bom exemplo.
Se a União Soviética tivesse implodido em 1973, não se tinha verificado de certeza o 25/4 e o nosso regime continuaria o mesmo e Marcelo Caetano - um homem íntegro, patriota e bom, goste-se ou não dele como governante daquele que foi hipòcritamente apelidado, com os fins obscuros conhecidos, de "regime fascista"- não teria sido indecentemente escorraçado do país, para vergonha de todo um povo, pelos 'democratíssimos' comunistas e socialistas da altura, que a única coisa que queriam era verem-se livre de alguém, que, caso houvesse eleições com todos os partidos já então autorizados pelo regime (o comunista porventura incluído), a direita, com Marcelo Caetano ou qualquer outra personalidade por ele nomeada para o substituir, ganharia por larguíssima maioria. E isto metia-lhes um medo tremendo. Não podiam consentir tal coisa. Tanto assim foi que proibiram os partidos de direita e os poucos que tiveram ainda coragem para se impor, foram a pouco e pouco desaparecendo da cena política porque forçados a isso. Partidos estes que tinham milhões de apoiantes.
ResponderEliminarMas não, Portugal não teve essa sorte. O comunismo infelizmente só se desmoronou em 89 e em consequência disso os portugueses, em Portugal e nas Províncias Ultramarinas, sofreram nos corpos e nas almas as mais terríveis consequências que um povo honrado e digno jamais pensou ser possível acontecer-lhe. E os mesmos que escorraçaram M. Caetano do seu próprio país, que ingènuamente até lhes abriu as portas do país de par em par (erro dele), são os mesmos que, iludindo o povo com a chegada da democracia e da liberdade, destruíram social, económica e moralmente um país que, independentemente do regime em vigor, vivia em paz, tinha a economia a crescer contìnuamente desde os anos 60 e era respeitado em todo o mundo. Até o era na União Soviética, por incrível que possa parecer e apesar das relações diplomáticas cortadas... O facto, entre muitos outros que seria fastidioso enumerar, de Amália Rodrigues lá ter ido cantar várias vezes, bem como a outros países sob domínio soviético, a convite dos respectivos dirigentes (fadista esta, cìnicamente acusada de fascista e de ser amiga de Salazar só por admirá-lo como governante) é a prova provada disso mesmo.
Maria
Obs.: Para se saber o que é verdadeiramente o comunismo (não testemunhado por qualquer militante comunista, como é óbvio) oiça-se o que diz quem viveu os primeiros anos do comunismo em Angola. Um português, amigo da família e nascido em Luanda, que só voltou para a queMetrópole em 1978 porque foi forçado a isso, apenas disse na altura e em poucas palavras - abstraíndo os horrores da guerra que já se faziam sentir e bem, mas da qual felizmente escapou a tempo - o que é viver sob esse regime e sentir, principalmente no estômago, os seus reais efeitos. Entre o muito que nos contou, dizia ele que é muito fácil ser-se comunista em países com fartura de tudo, com os super-mercados cheios de comida, as pastelarias atafulhadas de bolos, os restaurantes a servirem de tudo o que há de melhor, etc., mas quem viu como ele, os escaparates de todo o pequeno comércio cheios antes da independência e depois desta completamente vazios; que viu a falta total de alimentos em todas as mercearias, praças e mercados, que antes os tinham; quem procurou e não encontrou o mais vulgar medicamento, quando antes sempre os havia conseguido; quando não existe nada do que faz falta à sobrevivência mínima de qualquer ser humano civilizado e mentalmente são, torna-se completamente impossível sê-lo. "Quem, como eu, sentiu o comunismo na pele e o viveu em todos os seus aspectos, não consegue suportar esse regime" (palavras dele). Qualquer cidadão russo que seja entrevistado, sobretudo se viveu sob o regime soviético, dirá exactamente o mesmo.
Nota: Peço desculpa pela extensão do comentário, mas se não escrevesse isto agora, o tema perdia a actualidade.