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quinta-feira, maio 05, 2011

A competência muda

ATESTADO DE INCOMPETÊNCIA no blog Desmitos

Quem ler atentamente os documentos com as medidas da troika facilmente pode concluir que este é o maior atestado de incompetência do actual governo que já foi produzido por entidades internacionais. É certo que a OCDE, o FMI, e a própria Comissão Europeia já tinham criticado em vários documentos a política económica e a política fiscal dos últimos anos. Entre nós, este papel de crítica institucional foi igualmente desempenhado variadíssimas vezes pelo insuspeito Tribunal de Contas e pela UTAO (a Unidade Técnica de Apoio Orçamental da Assembleia da República). No entanto, até hoje, nenhuma entidade internacional tinha ousado criticar tão frontalmente o governo actual.
Embora, por motivos políticos, a linguagem seja técnica e alegadamente neutra, a apreciação da troika da economia portuguesa e da governação dos últimos anos é simplesmente arrasadora. Não há área onde as sugestões da troika não se façam sentir e onde os falhanços e as irresponsabilidades dos últimos anos não sejam denunciados. Desde à Justiça paralisada, ao mercado de trabalho excessivamente rígido, ao mercado de rendas desajustado, aos problemas de competitividade, à economia anémica e esclerosada, aos sofríveis indicadores da Educação, às excessivas dívidas das empresas públicas, à reavaliação das parcerias público-privadas (PPPs), à pouca concorrência dos sectores protegidos, à pouca transparência das contas públicas, e ao excessivo despesismo do nosso Estado, os documentos da troika não deixam de lado praticamente nenhuma área inalterada. Se isto não é um atentado de incompetência, eu sinceramente não sei o que é. Afinal, se as coisas estavam tão bem e se a crise nacional tivesse começado mesmo em 2008 (como o governo nos quer convencer), por que razão teríamos que reformar todas estas áreas?
E é exactamente por isso que o pacote das medidas propostas é bastante razoável e faz bastante sentido. Porventura, o elemento mais negativo do pacote da troika é a insistência no agravamento fiscal das famílias e das empresas. Sinceramente, espero que um próximo governo seja capaz de renegociar este aspecto do pacote de ajustamento, pois seria preferível insistir numa maior redução da despesa estatal em vez de ter de agravar mais os impostos das famílias e das empresas.
No entanto, é de saudar que o pacote de medidas a implementar inclui inúmeras propostas para melhorar a competitividade da economia e das exportações portuguesas, incluindo uma reforma abrangente da Justiça, uma maior flexibilização do mercado laboral, e uma reforma do Estado, que irá incluir uma reforma administrativa (com a redução de freguesias e municípios) e a redução dos milhares de organismos e entidades públicas. Para além do mais, o pacote de ajustamento propõe a chamada desvalorização fiscal, onde se dá uma descida da taxa social única paga pelos empregadores em contrapartida da harmonização das taxas do IVA e de uma diminuição da despesa pública. Ao baixar as contribuições sociais das empresas, os custos do trabalho baixam, o que nos permite melhorar a competitividade das nossas exportações, criar mais emprego e, assim, combater a maior chaga social do nosso país, que é o nosso desemprego histórico.
Em suma, com a excepção da subida dos impostos, bem como dos cortes na Saúde e na Educação, penso que a grande maioria dos economistas e analistas poderia facilmente subscrever o pacote de ajustamento proposto pela troika. Um pacote de ajustamento que, pela sua abrangência e diagnóstico arrasador, é simplesmente o maior atestado de incompetência do governo actual. É tão simples como isso.
Posted by Alvaro Santos Pereira

61 comentários:

  1. Bhaaa... isso tem muito blá, blá que é gratuito, também.

    Claro que tocar no monstro estatal e nos grandes encostos é mais que óbvio e só vindo ordem de fora alguém se atrevia para não perder clientelas e alimentos.

    Mas outros aspectos são falar de cor. Nem sequer se lembram que existe uma coisa chamada CGTP_IN/PCP E esse trata logo de greves gerais para cortar tanta euforia.

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  2. E mesmo flexibilidade laboral, concordo em havendo empreendimento. E subsídios de desemprego por 18 meses, idem.

    De outro modo vamos a ver se não é desta e com as leis que temos que isto vai virar favela com treino de crime que até já importaram.

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  3. Esta situação é básica, no que diz respeito à corrupção e absoluta máfia que tem andado a desgovernar.

    Até aí- tudo certo- é culpa deles.

    Mas a situação também é conjuntural e por isso mesmo já sucedeu na Grécia e há-de vir próximo. E isso tem sempre como medidas esta bitola FMI. Seja lá onde for.

    E esta bitola não é sintoma de desenvolvimento para os países e populações. Parece-me até que é uma forma expedita de pôr a pagar quem menos conta. Vêm cobrar, vêem onde há desperdício de onde se pode retirar pagamento para o empréstimo e pronto.

    Algumas coisas terão vantagem por mais ninguém ter coragem para as fazer. Mas noutras vai pagar o justo pelo pecador. Porque quem vive do saque não o vai largar a bem, para ajudar o FMI.

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  4. Por exemplo: os cortes na saúde. Muito bem. Se há sector com máfias a viverem como intermediários e a meterem ao bolso à custa da tal ideia de "Estado Social" é aí.

    Pois vamos a ver se é nesses que vão tocar ou se a coisa em abstracto se resolve também de cima para baixo. Os de cima mandam sempre cortar nos que estão abaixo.

    O BCE manda; a UE manda; O FMI manda, em tudo o que precisa. E depois internamente o governo e os aparelhos que permanecem hão-de fazer o mesmo- fazer descer.

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  5. Por acaso, no que toca à educação é que até acho pouco. E nem se trata de cortes, trata-se de retirar o totalitarismo e a concorrência estatal e as autênticas coutadas que existem.

    E isso não é o "programa do FMI" que vai fazer.

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  6. Se os gajos vierem com os "empréstimos bancários" está visto para o que serve.

    Os cheques. os livrinhos de cheques de investimento na sabedoria, têm cá uma lábia.

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  7. Zazie, eu entendi, mas o justo pagaria sempre pelo pecador, ou não será assim? É inevitável. As medidas, comparando com o governo que tínhamos, são da água para o vinho. Dito isto, quero ver o que vai ser realmente implementado e como vão reagir lá fora quando se recomeçar a empurrar com a pança.
    Mesmo o aumento da carga fiscal das famílias, que é algo que até mete impressão, é inevitável. Porque chegamos até aqui e já não deve existir um mm de margem de manobra. O que eu acho inacreditável é quem nos trouxe até aqui, a esquerda dos fatos armani, ande aí, impune, arrogante e desafiadora.
    Mas vai ser difícil recuperar um país onde agora, além de se trabalhar para sustentar o Estado, tem de se trabalhar para pagar as dívidas colossais do Estado.
    Pode apontar aí: temos para décadas de mediocridade. No entanto, a populaça parece adorar, porque continuam a sentir que há tapete, dá para viver, ter casa, carro, férias. Futebol e boçalidade televisiva também não falta, que é que querem mais? Não sinto gente que mereça e se esforce por ter mais. -- JRF

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  8. o ps nunca tem menos de 1,5 milhões de votos de dependentes do dinheiro dos contribuintes

    pensam que o regabofe continua

    a tutela não brinca com dinheiro

    zé sapatilhas lidera o programa 'sempre em festa'

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  9. JRF-- Se queres que te diga, eles nem assim vão conseguir pagar os juros de dívida que já tinham acumulado, quanto mais o empréstimo.

    Uma mudança destas precisava de outra, ainda maior, estrutural, em tudo.

    Se isto já significa suspensão da chamada democracia, então que não fosse pela metade e se suspendesse mesmo tudo por qualquer outro governo que não ande a votos.

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  10. Por outro lado, é como o Dragão diz o Vilarigues mailo seu economista também- a dívida inclui dívida privada e nessa a grande fatia é da banca.

    E o empréstimo é para pagar a outra banca à qual todos devem.

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  11. Agora que é passagem de certidão de óbito a tudo o que a escardalhada diz, é.

    Infelizmente, eu penso que também é passagem de óbito a outras coisas que não são ideologias da escardalhada tuga que anda ao saque e a desgovernar.

    São morte a crédito daquilo a que se chamava muito da supremacia ocidental. E são-no porque de forma mais profunda e sem ser contando apenas com Portugal, isto é fruto de ideais que estão a dar bode- a UE e a globalização.

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  12. «Mas vai ser difícil recuperar um país onde agora, além de se trabalhar para sustentar o Estado, tem de se trabalhar para pagar as dívidas colossais do Estado.»

    Exacto. Na melhor perspectiva é isso. Na mais negra é pagar até, no desemprego.

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  13. E as dívidas não são só do Estado. Alguém obrigou o Governo a chamar o FMI. Esse alguém já temcomo certo receber uma bruta percentagem do empréstimo.

    Não é assim? E esses pagam impostos com desconto, como os deficientes.

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  14. Eu nunca me imaginei a dizer isto, mas olha- se é para racionalmente, e sem clientelas, cortar em fundações, institutos, PPS, autarquias e clientelas mais todo o tipo de tretas fictícias que apenas vivem do encosto, então, meu caro, mais valia haver uma troika ou peristroika a governar por uns anos.

    E que essa não viesse de um banco, cuja actividade consiste em ter lucro- o FMI.

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  15. Mas lá que gera expectativa, gera.

    Eu gostava de assistir ao encerramento da Fundação Mário Soares para ajudar pagar dívidas de esquerda aos estrangeiros.

    ahahahahahahahhahahaha

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  16. Ao que dizem - PP, de Paulo Portas - vai formalizar uma OPA, hóstil, nada amigável, para adiquirir 51% do capital - e eu, vou nessa - e tu? não queres salvar o PSD da banca rota?

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  17. Após leitura do "pacote" faço minhas as palavras do talvez mais brilhante economista português da actualidade, Ricardo Reis da NYU:


    One group of people to NOT be congratulated about the package..
    The EU/ECB, which after three packages, still does not have a comprehensive approach to deal with the problem. Still no talk of institutional reforms, still no attempt to go to the heart of the debt/bank crisis in Europe. Just continuing to muddle along, waiting for the next crisis to hit.

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  18. A grande bandeira agitada sobretudo nos foruns internacionais pelo Governo Socialista tem sido a das energias alternativas:

    PROGRAMA PORTUGAL 2020
    "Portugal figura já entre os Países do mundo com melhores resultados absolutos e progressos relativos na concretização duma política de promoção das energias renováveis. As metas portuguesas de produzir em 2020, 60% de toda a electricidade e 31% da energia primária a partir de recursos endógenos e renováveis são das mais ambiciosas no plano europeu e mundial. Portugal está a fazer uma aposta clara nas novas energias e em particular nas energias renováveis e na eficiência energética, com resultados que posicionam hoje o País como uma referência global no sector."

    Ora, é sabido que os "resultados absolutos e progressos relativos" se baseiam em mecanismos de tarifas garantidas a longo prazo, que mais do que compensam as "luvas" que os produtores pagam à cabeça.
    Quando o Mundo (=FMI) veio até nós, não teve a gratidão de nos reconhecer a "referência global no sector". Pior, atreveu-se a por em causa a estratégia do PORTUGAL2020:

    Medida 5.6 --> renegociação e revisão em baixa dos mecanismos de compensação aos produtores convencionais pelo incremento da produção "alternativa"
    Medida 5.7 --> revisão em baixa dos incentivos à co-geração
    Medida 5.9 --> renegociação dos contratos com os produtores de renováveis com vista a diminuir o incentivo tarifário
    Medida 5.10 --> assegurar que não há benefício mais do que justificado para os produtores de renováveis, nos novos contratos; nos novos contratos da hídrica e eólica, não adoptar tarifas garantidas
    Medida 5.11 --> análise rigorosa e independente dos custos e do impacto nos preços em todas as decisões de investimento em energias renováveis.


    Mais uma trafulhice desmascarada.

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  19. Weggie, eu não percebo nada disso.

    Apenas gostava de saber se o raio dessas energias é mesmo mais limpa que a outra que fica mais barata.

    Porque quem andou a vender o benefício mundial das alternativas foram os tais da Civilização Ocidental. Ainda que no Médio Oriente em ditadura até já se faça melhor.

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  20. Essa medida 5.10 é do caraças.


    Por acaso, ou não, o John Gray já tinha escrito o mesmo. Que a ecologia em competição global é luxo que não compensa.

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  21. Zazie,

    Podes não perceber mas a coisa reflecte-se na tua factura de electricidade. Os consumidores (e as empresas) pagam mais caro esta energia por causa dos acréscimos das renováveis. Depois ainda falam de competitividade...

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  22. Não é essa a opinião do Mexia - apela que faça um investimento maior na energia limpa - ele está no negócio e é muito bem pago.

    Quem sou eu para dar palpites?

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  23. Phónix, raio dos comentários.

    Estava a dizer que isso não responde a nada. Também se reuniram todos por causa daquela cena do aquecimento ou arrefecimento de Quioto.

    Portanto, a única coisa que eu queria saber é se o raio da energia é mesmo limpa em comparação com a outra. Se é, era obrigação global, ser adoptada e ser mais barata.


    Quanto a saber, não faço ideia porque a ecologia é uma cena que se tornou um mistério insondável de provas e contra-provas.

    Pelo que, pela minha parte, apenas sei distinguir pelo faro. Se os bichinhos gostam e vivem bem e felizes nas aguinhas e assim, é porque é boa. Se morrem, é porque é porcaria.

    E a porcaria não se mede por preço.

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  24. A porcaria que mata os bichinhos e espatifa o planeta é que devia pagar imposto e do grande.

    E isto porque a Criação é sagrada. É a minha veia Pascoaes que não vai em tretas de balanças de pagamentos e o caraças.

    E sei que a electricidade está caríssima. Mas não sei os motivos e nunca iria na conversa que preferia pagar menos para se estragar mais.

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  25. Ah, e que se foda a competitividade das empresas por causa da merda que fazem.

    Se com mais merda competem melhor com os chineses, então feche-se as fronteiras e os chineses dentro da Grande Muralha.

    Para alguma coisa aquele treta há-de servir. Fechem-nos lá dentro com a porcaria do pugresso todo e cave-se até um fosso sanitário em volta.

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  26. Para subsidiar a política de investimento em energias renováveis defendida pelo Governo, cada consumidor de eletricidade irá desembolsar € 171 em 2011. Ou seja, em cada fatura mensal de eletricidade € 14,25 vão direitinhos para os subsídios às renováveis e à cogeração. Mas como tudo isso não bastasse, vão também passar a ser diluídos na fatura € 61 milhões de apoio ao funcionamento das centrais térmicas a carvão e a gás natural.

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  27. Que se fodam mas é o governo o Mexia mais as renováveis.

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  28. Mas são renováveis e limpas ou não são.

    Apenas isto. Para mim basta-me a resposta e até era mesmo uma boa resposta para pôr em cheque esses conas da UE maila suas normalziações higienistas.

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  29. O Mexia pode foder-se e devia contribuir para o pacote.

    A questão é se estes higienistas da Civilização Ocidental e da Paz dos Povos mailo Pugresso Sustentado do Planeta Azul, acham que as energias são porcas por causa da rentabilidade dos juros.

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  30. Não sei se são limpas ou badalhocas. São caras. Recordo que os altos-fornos a carvão mineral foram criados em 1700 e só efectivamente utilizados a partir de 1790. Porquê? Porque eram mais caros do que o carvão vegetal. Aliás em França só foram utilizados e partir de 1850.

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  31. Pois, o Lenine também devia pensar o mesmo e o comunismo até era sovietes mundiais a electricidade.

    Eu acho que a História se repete- o mito do pugresso interplanetário e a toda a velocidade é a outra face da mesma moeda.

    E também não tem preço- o que conta é que seja para o Homem Novo dominar o planeta- ou matá-lo por patacos.

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  32. Portanto, quem defende a oposição e em campanha explicativa, tem aqui um pedra no sapato.

    E comigo não há problema porque, como já disse, seria impensável votar em quem acho que devia estar atrás das grades.

    Mas era bom que soubessem explicar as vantagens da porcaria e dos estragos da Natureza por causa dos benefícios competitivos das empresas e da entrada de dividendos nos cofres do Estado, para as pagar aos Unionistas e Higienistas da UE.

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  33. Aqui há tempos o bacano da cubata, o Ricciardi disse uma gigantesca verdade (ele e o nosso amigo JRF-- porque raio de desvio contra-natura aqueles que se dizem conservadores e não esquerdalhos, hão-de gostar da porcaria.

    É verdade. A ecologia é naturalmente uma causa de princípios e nunca deveria ser uma bandeira de jacobinos escardalhos que nem entendem que o valor que está em causa não é mercantil mas da ordem do Sagrado.

    O Papa sabe. E explica-o.

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  34. Esse é uma discussão entre endireitas e canhotos que a mim me escapa. Já não me enquadro nesse paradigma do séc. XIX.

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  35. Aliás quero também que se fodam todos.

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  36. Por acaso até acho que é uma treta bem pós-moderna.

    É toda neotontice bling-bling & Dinastia Pechincha.

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  37. Zazie, as renováveis são mais limpas que as fósseis, nem há discussão sobre isso entre pessoas racionais. Não se consegue uma informação decente sobre o assunto porque há tipos bem pagos para desinformar e idiotas úteis como no Blasfémias sempre a lançar a confusão -- é o mesmo fenómeno Sócrates. Exactamente o mesmo, mas aí já não os incomoda, a mesma acefalia, indigência intelectual e propaganda.
    É uma coisa que não se entende. Os comunas falam dos grandes interesses, os neotontos (gosto da palavra) falam dos grandes interesses nas renováveis e em tudo que for ambientalmente interessante. Por algum motivo, o mercado é bom para tudo, menos para isso. -- JRF

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  38. As eólicas que tanta gente analisa simplisticamente têm vantagens que superam em muito os 171€ aqui descritos na factura. Ser energia limpa, impacto ambiental reduzido, interesse geoestratégico, protecção contra flutuações futuras no preço dos fósseis (e julgo que a partir dos 80 USD, a eólica compete taco a taco com o petróleo em custo).
    A energia eólica deve ter uns 3000 empregos directos e outros tantos indirectos. Prefiro subsidiar esses empregos a subsidiar desemprego. Também cria alguma riqueza para as autarquias (2,5% da facturação e rendas para os proprietários rurais).
    Quanto ao subsídio propriamente dito (através de tarifas favoráveis), são das tarifas mais baixas da Europa. É caso para perguntar porque uma empresa instala cá um parque quando o pode instalar em Itália ou noutro lado recebendo mais 20% pela energia.
    Mas independentemente das externalidades positivas, só custo directo: quem tiver curtismo de vistas e achar que nos próximos 20 anos o petróleo vai custar 80 USD ou menos, não quer investimento em eólicas; quem achar como eu, que vai custar 120 USD ou mais, quer.
    E ainda acrescento que tal como na alimentação, acho estratégico ter alguma independência energética. -- JRF

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  39. Quanto à factura: em cada euro apenas 31 cêntimos são para pagar a energia consumida.
    A produção em regime especial leva 6,5 cêntimos (parece-me menos que os 171€/ano anunciados), 3,3 cêntimos dos quais para eólica. É este o grande cavalo de batalha dos neotontos.
    Tecnologias mais que comprovadas, têm subsídio, mas nunca são faladas: 1,62c para gás natural; 2,48c para barragens, carvão(!) e fuel(!).
    http://economia.publico.pt/Noticia/contas-da-luz-pagam-mais-subsidios-do-que-gasto-de-energia_1436337
    -- JRF

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  41. JRF--

    Mas eu acredito que até haja máfia de intermediários à custa das renováveis. Do mesmo modo que o ordenado do Mexia é um insulto aos portugueses.

    Isso é uma coisa. Outra o facto real, que até os chineses sabem pois são dos maiores investidores em renováveis, é que as energias fósseis são finitas.

    E são finitas com prazo curto, uma vez que até estas crises são também produto da saída da miséria no terceiro mundo e da expansão de necessidades que implicam um uso massificado e planetário de energias como nunca, por nunca existiram no século XIX.

    Ora, o que me irrita é que depois oiço sempre os mesmos argumentos, que no séc. XIX também houve países que fizeram merda para saírem da miséria e o capitalismo tem estes custos.

    É falso! no séc. XIX não se sabia o que se sabe hoje nem se tinha inventado alternativas como as que existem hoje.

    Portanto, nem me interessa o que dizem os neotontos que são personagens virtuais sem a menor responsabilidade política.

    O que me interessa e me parece escandaloso é estes melros do FMI, que vêm encartados como técnicos de salvação e em nome da UE, atreverem-se a recomendar menos gastos com energias alternativas porque assim não nos pagam a dívida como é preciso .

    O escândalo é este. Porque a UE tem inventado toda merda de higienices e imposto em toda a parte, até nas tradições artesanais dos outros países. É tudo proibidi se fizer mal e for prejudicial.

    Deixa de ser nocivo se fizer bem à competição empresarial e ao pagamento de dividendos de empréstimos.

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  42. E eu sei que é escandaloso o preço da electricidade.

    Portanto, o que importava saber é quem é que anda a aproveitar em nome do planeta.

    Há-de haver negócio de exclsuvidade porque tudo cá funciona assim.

    Não há saque que não se faça sempre sob a cobertura dos maiores ideais.

    Dá para tudo.

    Mas o que os do FMI escreveram não foi isso (e nem eles imaginam como a chico-espertice tuga lhes dá um bailinho).

    O que eles escreveram até me parece de tamanha gravidade que devia ser denunciado perante esses organismos todos da UE, também eles embrulhados em cenas azuis e muito rosa.

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  43. Agora que a dita agenda ecológica ande nas mãos da escardalhada é outro fenómeno.

    Em Inglaterra é causa real. O príncipe Carlos é o maior ecologista.

    Por cá dá ideia que este desleixo e até gostinho bimba por se gozar com preocupações com a Natureza, é fruto do atavismo tuga.

    Os portugueses não têm amor à natureza. E estes modernos ainda pior porque não são nada. São filhos do betão e caricaturas citadinas.

    E depois acham que a bandeira da porcaria é que lhes serve à medida porque é muito bling bling- é altamente à cigano rico. E em nome do "pugresso" e do dinheirinho rápido e de tudo para hoje porque amanhã já cá não estão.

    É coisa de euzinho bimbo e ainda conseguem dividir a treta entre luta de "direita capitalista" contra "esquerda socialista".

    A anedota dos anti-ecológicos é esta.

    Mas a anedota do FMI é mil vezes mais grave.

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  44. Isto traduz-se por qualquer coisa como opinião de rentabilidade capitalista vinda da

    "Rua projectada, à não sei quantas circular, Lote 100, Bloco J; Torre X, sub-cave -3 esq- das traseiras."

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  45. Capitalismo da Merdaleja, é o que é.

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  46. Zazie, a minha interpretação para essa questão do FMI é a seguinte e posso estar enganado: não há dinheiro, é preciso cortar em tudo ou quase tudo. As renováveis, ou melhor, os subsídios às renováveis vão junto. Isto resume-se tudo a isso.
    Se o aldrabão tivesse as renováveis como prioridade, não teria andado a derreter milhões e milhões em autoestradas, magalhães e tudo o que se sabe. Chegados à bancarrota, a prioridade é flutuar.
    E ainda há a questão do carro eléctrico, que na minha opinião sempre fez parte do deslumbramento tecnológico bacôco do aldrabão, do que algo realmente estratégico. É demasiado experimental e arriscado para um país que não é rico (já antes desta situação limite). Para mim isso seria um processo que fora experiências numa cidadezinha pequena, nunca se deveria ter investido (nesta fase vanguardista). -- JRF

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  47. Cá a paranóia dos neotontos julgo que é via conservadores americanos. A grande maior parte desses nunca viram um cagalhão num rio que não tivessem gostado. Gosta da bosta, que havemos de fazer?
    Também tenho ideia que as renováveis cá estão entregues aos mesmos de sempre. Na Holanda por exemplo, as comunidades organizam-se em cooperativas, gastam 1 milhão e instalam um aerogerador -- que produz para a comunidade e ainda gera rendimentos durante décadas. Cá isso é impossível. A lei deve estar feita à medida dos do costume e para isso pagam aos advogados dos gabinetes do sistema.
    Mesmo a micro-geração é algo muito estranho, os concursos abrem, duram meia-hora e as licenças ficam todas atribuídas... e são tostões (até desceram a potência máxima da energia fotovoltaica de 5000W para 3700W, tudo tostões — e agora já é só para clientes que consumam metade dessa potência, ou seja, em locais remotos sem consumo próprio deixou de ser possível). -- JRF

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  48. Vamos lá a ver:

    O FMI é um banco internacional. Tanto vem aqui como à Argentina ou ao Brasil, ou à Ìndia. E vem, emprestando com juros, sem ser para perder dinheiro.

    No entanto, este empréstimo depende de aprovação de países da UE. Que vão largar também o guito, uma vez que são filiados.

    Ora, nesse caso, as medidas nunca podem ir contra directivas da UE. E esta treta parece-me ir ao arrepio até de toda uma política de recomendações mundiais.

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  49. Estive a ver e não é nada assim.

    Vem aqui o que que querem cortar e não é nas energias alternativas mas mais ou menos nas PPP que ela tem:

    http://aeiou.expresso.pt/subida-do-iva-da-fatura-na-eletricidade=f646803

    Era impossível, em nome da UE, vir-se cá dizer que poluente e não renovável fica mais barato e isso é que deve ser usado.

    Mas é incrível como foi esta a tradução bimba que lhe deram. E eu caí na esparrela, ainda que achasse que era caso impossível.

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  50. E o que eles dizem é isso mesmo- liberalizar as tais explorações energéticas alternativas em vez de ser o Governo a fazer pagar com brutos subsídios que nem se sabe se têm correspondência com os gastos!

    Precisamente. Porque se trata de máfias! tudo onde deitam a mão é para saque. E escondem sempre o saque com os propósitos humanitários ou muito verdes.

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  51. Valha-me Deus.Vocês deviam arranjar um blogue de energias para discutirem.

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  52. Toma lá um de armadilhas para patinhos:

    http://cocanha.blogspot.com/2011/05/as-bolhas-da-macacada-serie-b.html

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  53. Para dizer das renováveis que "cada consumidor de eletricidade irá desembolsar € 171 em 2011" o blogue serviu... -- JRF

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  54. Pois é. As contas estão feitas e é mesmo assim. Contra factos não há argumentos. E as medidas do FMI estão lá também e em boa tradução. Quem quiser que as interprete de outra maneira. quem quiser alinhar nesta propaganda:

    "Portugal has made dramatic changes in its energy policy over the last five years under the government of Prime Minister Sócrates. The country's installed renewable energy capacity more than tripled between 2004 and 2009 and renewable energy sources now represent roughly thirty-six percent of electricity consumed. Thanks to this performance, Portugal currently ranks fourth in Europe in energy production from renewables."


    Que alinhe. eu não alinho em trafulhices

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  55. Olha, até é capaz de estar porque os cabrões vieram cá para fazer negócio da china.

    Ora explica lá em que consiste o empréstimo aos bancos para depois o Estado comprar de novo e lhes pagar a eles com juros.

    De caminho, explica também para que é que deram prazo limite até junho para o Estado vender o BPN e ficar com o lixo tóxico.

    Tens aqui as fontes porque porcaria há muita e patinhas a chafurdarem nela sem se darem conta, idem

    http://cocanha.blogspot.com/2011/05/as-bolhas-da-macacada-serie-b.html

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  56. E, se achas que o BCE, a UE e o FMI fizeram muito bem em vir cá vender energias não renováveis para lhes pagarmos juros, então, bem podes limpar as mãos à parede, desde que seja tua.

    Porque suja de toinice há-de ficar.

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  57. É que tu não vais pagar menos por causa da recomendação das não renováveis.

    Vais pagar o quádruplo mesmo às escuras e blogando por sinais de fumo.

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  58. O quádruplo é toinice minha. Nem para netinhos consegues deixar menor encargo.

    Às escuras, claro. Sem gastos com contas de electricidade. Que os gastos com as consequências de pagamento de juros por fabricação de dinheiro de empréstimo a partir do ar, são esquema ponzi.

    Não dá para estimativa como essa da factura da EDP com percentagem de energia renovável.

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