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sexta-feira, junho 03, 2011

A mão invisível do logro

Alberto Amaral, presidente da Avaliação do Ensino Superior ( antes reitor da Universidade do Porto) em entrevista ao Expresso de hoje:

"É o que chamo de síndroma dos galinheiros. Quando se fez o primeiro aviário e se viu que dava dinheiro toda a gente se pôs a fazer o mesmo. Depois foram as minhocas para estrume e os kiwis. No ensino superior aconteceu o mesmo. Quase todos os politécnicos têm uma escola superior agrária e agora não há agricultura. Há 14 ou 15 mil alunos nas escolas de enfermagem e que não sabem o que vão fazer. Existem 500 cursos de formação de professores com 28 mil estudantes lá dentro...É irracional. Não há uma estratégia de médio e longo prazo. E há muitas áreas onde a formação é de péssima qualidade e centenas de currículos de professores perfeitamente miseráveis."

Quem criou este monstro? A "paixão pela Educação". Continuada pela gaguez catatónica da cegueira intelectual.

Mais à frente no jornal o antigo ministro da Educação, Roberto Carneiro, o fautor da paixão assolapada, defende o programa Novas Oportunidades e pretende até colocar os "pontos nos is".

Um dos pontos é o 4 em que escreve: " Não existe paralelo, no plano europeu ou internacional, de uma política de requalificação de adultos que tenha, num curto período de quatro anos, atingido a expressão pública das NO: 500 mil certificados, 1,6 milhões de inscritos, 450 centros NO criados ex-novo, 10 mil profissionais no terreno."

Depois deste estendal de estatística em que omitiu o custo desta aventura educativa motorizada pela paixão em gastar, Roberto Carneiro, com honestidade desarmante responde à sua própria pergunta: " Existe ou não facilitismo nas NO? Honestamente não sei".

Honestamente devia saber. E suponho que sabe mesmo mas prefere não dizer. É assim a moral católica: hipócrita e de arranjos que conciliam opostos. Neste aspecto só difere da jacobina num ponto: a perversidade é assumida como pecado. Sempre redimível.

2 comentários:

  1. Este problema já tem 30 e muitos anos.
    Primeiro as passagens admnistrativas depois a democratização do ensino - louvável mas inconsequente porque não acompanhada de exigência, depois as paixões guterristas e finalmente as novas oportunidades, tudo a tapar buracos.
    Afinal tudo numa ânsia de se manter o "pessoal" numa iletracia 'congénita' para melhor manipular.
    Pergunto:
    Só agora é que estão a dar por isso?

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  2. E será que já deram por isso?

    Até agora só vi um único político a falar nisso - o futuro 1º ministro - e desconfio que o assunto vai morrer em saco roto.

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