Vasco Pulido Valente, no Público de hoje escreve ( mais uma vez) sobre os motivos da nossa decadência.
"Mas, fora um ou outro escândalo menor, já consumado e arquivado, ninguém quer ou consegue responder à pergunta crucial: como se chegou até aqui?"
E VPV adianta palpite de resposta:
"Em 1974, o Portugal de Marcello, embora um pouco melhor do que o de Salazar, era um Portugal pobre, atrasado, arcaico e largamente primitivo."
Em vez de palavras, respondo com imagens que nem são de propaganda pura porque mostradas numa revista da época- o Observador de 1972.
"Mas, fora um ou outro escândalo menor, já consumado e arquivado, ninguém quer ou consegue responder à pergunta crucial: como se chegou até aqui?"
E VPV adianta palpite de resposta:
"Em 1974, o Portugal de Marcello, embora um pouco melhor do que o de Salazar, era um Portugal pobre, atrasado, arcaico e largamente primitivo."
Em vez de palavras, respondo com imagens que nem são de propaganda pura porque mostradas numa revista da época- o Observador de 1972.
Isto para dizer que Portugal, em 1972 estava em caminho certo de desenvolvimento. Em 1974 o que sucedeu não foi exactamente o que VPV escreve e tem escrito ( e por isso não mudará tão cedo de entendimento): que foi a megalomania que estragou tudo. Foi também e estas duas imagens ( do Expresso de 1998) são retrato disso: a rede ferroviária trocada pelas autoestradas em triplicado e a construção de centros comerciais e obras de uma fachada sem conteúdo socialmente recheado. O Amoreiras que aqui se mostra em contraste com o campo de recolha da Carris que havia antes, foi apenas o primeiro.
Porém, a meu ver ( e a sociologia de bolso é mesmo assim- vale o que vale o palpite avulso) o problema não foi apenas a megalomania que de facto se verificou com a aposta em Expos, estádios, autoestradas em triplicado e obras faraónicas e eito. Foi mais e pior que isso: foi simplesmente a destruição durante muitos anos, sem reposição, do chamado "tecido produtivo", da essência do capitalismo que afinal nunca abandonámos como modo preferencial de produção mas abandalhámos numa Constituição jacobina mesclada com as tiradas e conceitos comunistas metidos à cacetada por um Vital Moreira e acólitos. Tal Constituição só foi mudada nos anos noventa e ainda hoje impede várias medidas legislativas que contrariem o "caminho para o socialismo".
Pode haver quem diga que a Constituição não impediu a reconstituição dos grandes grupos económicos e até pode ser verdade, mas apenas em parte: os grupos económicos deixaram de ter o húmus e a cultura que havia antes. O dinheiro, capital que regressou nunca mais foi o mesmo. Os capitalistas nunca mais foram os mesmos e a apareceram outros que foram apenas meros sucedâneos dos capitães de indústria de outros tempos que o PCP e o BE apelidam de "donos de Portugal", mas afinal eram apenas os trabalhadores mais qualificados que jamais tivemos a lidar com o capital. Mesmo que alguns fossem os mesmos, os anos de revolução modificaram-nos. As leis mudaram e o espírito de 72 perdeu-se. E perdeu-se algo insubstituível que a Espanha, por exemplo, nunca perdeu: a capacidade produtiva da iniciativa privada. Perdeu-se porque o comunismo e a esquerda em geral logrou passar a sua narrativa que vinha de trás e logrou politicamente condicionar o país e o desenvolvimento económico de um modo que o salazarismo/caetanismo nunca sonharam. O comunismo e a esquerda foram as forças ideológicas que nos destruiram. São eles, ou melhor essa ideologia, a razão primeira do nosso atraso.
Num espaço de meia dúzia de anos ( 74 a 80) desapareceram os capitães de indústria e esfumou-se o espírito capitalista que havia em Portugal em 1972 e que as imagens supra mostram e quem viveu esse tempo se lembra muito bem.
Um dos símbolos desse tempo era o aparecimento do consumo corrente, pela classe média baixa de automóveis e outros bens.
Esta imagem publicitária de uma Vida Mundial de 1969, mostra um Ford Escort e quanto custava. Quem comprava Ford Escort ( um carro equivalente, hoje em dia a um Ford Focus) eram pessoas como os padres. Hoje, os padres de aldeia não têm dinheiro para tanto...
Quanto a mim, Vasco Pulido Valente anda enganado e engana as pessoas nos seus artigos. O Portugal de 1974 não era o que ele diz que é.
Pode haver quem diga que a Constituição não impediu a reconstituição dos grandes grupos económicos e até pode ser verdade, mas apenas em parte: os grupos económicos deixaram de ter o húmus e a cultura que havia antes. O dinheiro, capital que regressou nunca mais foi o mesmo. Os capitalistas nunca mais foram os mesmos e a apareceram outros que foram apenas meros sucedâneos dos capitães de indústria de outros tempos que o PCP e o BE apelidam de "donos de Portugal", mas afinal eram apenas os trabalhadores mais qualificados que jamais tivemos a lidar com o capital. Mesmo que alguns fossem os mesmos, os anos de revolução modificaram-nos. As leis mudaram e o espírito de 72 perdeu-se. E perdeu-se algo insubstituível que a Espanha, por exemplo, nunca perdeu: a capacidade produtiva da iniciativa privada. Perdeu-se porque o comunismo e a esquerda em geral logrou passar a sua narrativa que vinha de trás e logrou politicamente condicionar o país e o desenvolvimento económico de um modo que o salazarismo/caetanismo nunca sonharam. O comunismo e a esquerda foram as forças ideológicas que nos destruiram. São eles, ou melhor essa ideologia, a razão primeira do nosso atraso.
Num espaço de meia dúzia de anos ( 74 a 80) desapareceram os capitães de indústria e esfumou-se o espírito capitalista que havia em Portugal em 1972 e que as imagens supra mostram e quem viveu esse tempo se lembra muito bem.
Um dos símbolos desse tempo era o aparecimento do consumo corrente, pela classe média baixa de automóveis e outros bens.
Esta imagem publicitária de uma Vida Mundial de 1969, mostra um Ford Escort e quanto custava. Quem comprava Ford Escort ( um carro equivalente, hoje em dia a um Ford Focus) eram pessoas como os padres. Hoje, os padres de aldeia não têm dinheiro para tanto...
Quanto a mim, Vasco Pulido Valente anda enganado e engana as pessoas nos seus artigos. O Portugal de 1974 não era o que ele diz que é.
nunca fui antifascistas. recusei assinar a anticomunista para ser catedrático de química.
ResponderEliminarantes de 1974 havia felismente pouco crédito. este rebentou com o ocidente decrépito.
não havia a loucura de enriquecer na bolsa. quando trabalhei em marketing numa multinacional dos EUA o director-geral apresentava 13 meses de vendas e 11 de despezas. na crise de 87 a empreza mãe esteve à beira da falência (estabilizou a 9 dólares acções cotadas na véspera a 27).
em Portugal o pcp e gente do prec rebentaram com a indústria, pescas e agricultura.
os merceeiros criaram centros comerciais e desrtificaram as ruas cidades.
os betoneiros queriam 10 autoestradas Porto-Faro, 10 aeroportos.
vpv parece candidato a pr da ilha do Pecegueiro. não é para levar a sério. ainda vai fazer o elogio do 'encenheiro'
herdámos finalmente a 'pesada herança do fascismo'
O José faz serviço público mas parece que prega no deserto.
ResponderEliminarO que mais estranho é quem viveu estes tempos negar a evidência.
O VPV é historiador. Devia ter obrigação. Mas aquelas peneiras liberotontas à intelectual de Oxford estragam tudo.
Os poetas cá do burgo como o VPV andaram todos nas mesmas universidades onde o chique era defenderem o "inimigo" de então.Vermelho está bem de ver.Quase toda a intelectualidade é dessas fornadas.Mas queriam que quem tem o dinheiro o arriscasse para ser delapidado em "direitos" sem direito nenhum.À mão de sindicatos de correia de transmissão.A indústria transformada em resort, em casino e hotéis.
ResponderEliminarO império de volta, agora só cá dentro(na despesa continua todo inteirinho) e por nossa conta mas com a mesma acção psico-social do antigamente.Ainda hoje as câmaras se demoraram no soldado preto nas cerimónias do 10 de Junho.
Sem um novo 25 de Novembro, uma lei de traição bem clara a Nação Portuguesa está é liquidada à mão destes internacionalistas e planeadores de compasso,régua e esquadro lá nas suas catacumbas com os 3 livros a servir de respaldo.
Estes adeptos internacionalistas dos rumos para cima e para baixo, do baixar constante da cueca caparam a Portugalidade.Inauguraram a babilónia...
As conquistas de Abril, todas a crédito, vão agora ser pagas por todos, mesmo pelos que nada tiveram a ver o regabofe de eleitos,ladrões e traidores que tudo destruíram.Ainda vou ver os ciganos a retomar a sua ancestral deambulação em carroça utilizando as famosas autoestradas da modernidade...pois que vai vir um tempo que nem dinheiro para as manter vão ter...
ResponderEliminar«Mesmo que alguns fossem os mesmos, os anos de revolução modificaram-nos. As leis mudaram e o espírito de 72 perdeu-se. E perdeu-se algo insubstituível que a Espanha, por exemplo, nunca perdeu: a capacidade produtiva da iniciativa privada. Perdeu-se porque o comunismo e a esquerda em geral logrou passar a sua narrativa que vinha de trás e logrou politicamente condicionar o país e o desenvolvimento económico de um modo que o salazarismo/caetanismo nunca sonharam.»
ResponderEliminarIsto é absolutamente verdade. Mas eu pergunto, no seguimento do debate de ontem com o Wegie- A UE e a globalização permitiam hoje esse passado?
Eu acredito no que o José diz. E por isso, aquele post do Rui A no Blasfémias, a dizer que agora em 3 anos e sob pressão de dívida, é que se vai restaurar 35 anos perdaidos (ou 37, ele disse isto) é complemente demente.
E espero que não sejam estas demências a fazerem de conselheiros- sempre com a treta do cortar nos pobrezinhos e no Estado Social primeiro, e o resto a ver vamos, porque são grandes senhores mesmo que no encosto.
E ele já diz que quase se devia ter uma ditadura para evitar a revolta social que se avizinha.
Espero que estes malucos não tenham maior expressão que a da blogosfera.
O que quer que se venha a fazer tem de ter o lema do exemplo a começar de cima.
ResponderEliminarTem de haver moral. Se não houver não há cartilhas estrangeiradas que safem.
José,
ResponderEliminarEssa do húmus e da cultura foi hilariante. Queres tu dizer que o Pinto de Magalhães tinha mais húmus e cultura (ou melhor) do que o seu sucedâneo Belmiro de Azevedo?
Vai dar banho ao cão que cheira mal...
Já agora junta umas fotos da Torralta de Tróia para mostrar como Portugal era um país rico em 1973. Evita é apresentar indicadores económicos senão estragas o arrazoado.
Já agora o PREC terminou em Novembro de 1975. Tem as costas largas.
Wegie:
ResponderEliminarNão estás a topar o sumo do assunto. Mas não perdes pela demora porque água mole em pedra dura tanto dá até que...e conto continuar a mostrar estas coisas que deviam ser evidentes.
Para já e para evitar equívocos, a Torralta era um símbolo. Apenas isso mas agora nem isso há.
Em 73 não estávamos ricos mas se tivéssemos continuado nesse caminho estaríamos muito melhor do que estamos e principalmente teríamos outra mentalidade.
Vou colocar agora um pequeno bilhete postal que um espanhol anónimo colocou num jornal há umas décadas, para aí duas e meia.
Talvez com estes pequenos exemplos vejas a luz.
E as estatísticas que referes são como as sondagens de há quinze dias...capite?
ResponderEliminarOra,ora! Essa de comparar estatísticas com sondagens é fraco argumento. Recordo-te que o INE foi criado por vontade expressa de Salazar em 1933. Para alguma coisa serve.
ResponderEliminarMeu Caro :
ResponderEliminarReveja as suas notas pois nelas falta um "pequeno pormenor" : GLOBALIZAÇÂO !
Foi ela que fechou as fábricas do Vale do Ave e que vai fechando paulatinamente as poucas que ainda restam .
Mas a "europa" ía-nos sustentar para sempre,não ía ?
Pois.
manuel.m