Vasco Pulido Valente, no Público de hoje escreve ( mais uma vez) sobre os motivos da nossa decadência.
"Mas, fora um ou outro escândalo menor, já consumado e arquivado, ninguém quer ou consegue responder à pergunta crucial: como se chegou até aqui?"
E VPV adianta palpite de resposta:
"Em 1974, o Portugal de Marcello, embora um pouco melhor do que o de Salazar, era um Portugal pobre, atrasado, arcaico e largamente primitivo."
Em vez de palavras, respondo com imagens que nem são de propaganda pura porque mostradas numa revista da época- o Observador de 1972.
"Mas, fora um ou outro escândalo menor, já consumado e arquivado, ninguém quer ou consegue responder à pergunta crucial: como se chegou até aqui?"
E VPV adianta palpite de resposta:
"Em 1974, o Portugal de Marcello, embora um pouco melhor do que o de Salazar, era um Portugal pobre, atrasado, arcaico e largamente primitivo."
Em vez de palavras, respondo com imagens que nem são de propaganda pura porque mostradas numa revista da época- o Observador de 1972.



Pode haver quem diga que a Constituição não impediu a reconstituição dos grandes grupos económicos e até pode ser verdade, mas apenas em parte: os grupos económicos deixaram de ter o húmus e a cultura que havia antes. O dinheiro, capital que regressou nunca mais foi o mesmo. Os capitalistas nunca mais foram os mesmos e a apareceram outros que foram apenas meros sucedâneos dos capitães de indústria de outros tempos que o PCP e o BE apelidam de "donos de Portugal", mas afinal eram apenas os trabalhadores mais qualificados que jamais tivemos a lidar com o capital. Mesmo que alguns fossem os mesmos, os anos de revolução modificaram-nos. As leis mudaram e o espírito de 72 perdeu-se. E perdeu-se algo insubstituível que a Espanha, por exemplo, nunca perdeu: a capacidade produtiva da iniciativa privada. Perdeu-se porque o comunismo e a esquerda em geral logrou passar a sua narrativa que vinha de trás e logrou politicamente condicionar o país e o desenvolvimento económico de um modo que o salazarismo/caetanismo nunca sonharam. O comunismo e a esquerda foram as forças ideológicas que nos destruiram. São eles, ou melhor essa ideologia, a razão primeira do nosso atraso.
Num espaço de meia dúzia de anos ( 74 a 80) desapareceram os capitães de indústria e esfumou-se o espírito capitalista que havia em Portugal em 1972 e que as imagens supra mostram e quem viveu esse tempo se lembra muito bem.
Um dos símbolos desse tempo era o aparecimento do consumo corrente, pela classe média baixa de automóveis e outros bens.
Esta imagem publicitária de uma Vida Mundial de 1969, mostra um Ford Escort e quanto custava. Quem comprava Ford Escort ( um carro equivalente, hoje em dia a um Ford Focus) eram pessoas como os padres. Hoje, os padres de aldeia não têm dinheiro para tanto...
Quanto a mim, Vasco Pulido Valente anda enganado e engana as pessoas nos seus artigos. O Portugal de 1974 não era o que ele diz que é.
