quarta-feira, julho 31, 2019

Regras de sensatez na ética, precisam-se



Segundo o Observador há ministros cujos familiares são beneficiários de contratos com o Estado. Um deles é o esquerdista filho de capitalista Pedro Nuno Santos. Outro é Eduardo Paz Ferreira, marido da actual ministra da Justiça, a magistrada Francista Van Dunem, nomeada juiza do STJ, de raiz angolana e que acabou um curso de Direito em pouco tempo.
Eduardo Paz Ferreira em 1974 era jornalista do República e intitulou-se já co-fundador do PS, se calhar por causa da proximidade à Maçonaria ou a amizade com Medeiros Ferreira. Seja como for é desde sempre um íntimo do PS, um dos esteios do partido e só isso deveria ser suficiente para se terem colocado barreiras éticas à nomeação da mulher para cargos de alta responsabilidade no MºPº. Tal não sucedeu e acabou ministra e juíza do STJ. Enfim,  o PS de sempre porque seria ingenuidade supor que nada teve a ver com esse percurso.

O Observador regista o que aqui há muito tinha ficado mencionado:

Também Eduardo Paz Ferreira, marido da ministra da Justiça, já fez negócios públicos na ordem dos 1,4 milhões de euros. Sócio fundador da Eduardo Paz Ferreira e Associados, o advogado tem registados 45 negócios com o Estado desde o início de 2009, de acordo com os registos do Portal Base. O advogado fez contratos com câmaras (o último foi com a de Lisboa), com a Estradas de Portugal, com a Santa Casa da Misericórdia e outros institutos públicos. O próprio Eduardo Paz Ferreira já disse publicamente que não abdica desta área de negócio. “Nenhum cidadão pode ser privado de exercer licitamente a sua profissão pela circunstância de estar casado com um titular de cargo político”, defendeu Paz Ferreira em declarações ao Expresso em abril deste ano.


Com este quadro tirado daqui, percebe-se melhor aquele sorriso de bem estar na vidinha...quanto à senhora foi magistrada de topo do Ministério Público ( onde não topou qualquer incompatibilidade com a lei famigerada) e agora vai ser juiza conselheira. Corre-lhes muito bem esta vidinha, olá se corre...


A questão principal nestes casos todos não tem a ver com a legalidade estrita. Esta gente cumpre os requisitos legais e apresenta-se de peito feito a quem lhe diga o contrário. Esta gente tem outro método que aliás inventou, aos poucos: afoga a ética no jacobinismo. 
Simples: a lei permite e por isso a lei é quem manda. E os outros racham lenha.

Para averiguar a ética não há lei processual penal que valha. Não há escutas para se escrutinar como são feitos os "contactos" necessários, para vigiar os encontros convenientes e as amizades espúrias. Nada há a fazer em termos de lei. É essa a essência do jacobinismo: para os amigos, tudo; para os inimigos, simplesmente a lei.
Era essa a filosofia do socialista-mor, padrinho de todos eles, já falecido...

A ética? Que bicho é esse? Será de comer? Se for, vamos a isso.

Pior ainda:

Quando a própria lei que inventaram para afogar a ética não lhes serve como queriam, e são apanhados na própria armadilha, inventam outra forma de a afogar: interpretam-na de acordo com os desejos.

“O caso do filho do secretário de Estado do da Proteção Civil é um caso típico que mostra bem o absurdo a que levaria uma interpretação literal da lei que esqueceu-se do principio constitucional da proporcionalidade”, disse hoje o ministro dos Negócios Estrangeiros.

É o despudor total!

As regras da sensatez constitucional

No Público de Sábado:


Esta senhora aí acima mostrada, solteira e boa rapariga desde sempre, foi indicada em  2016 para o Tribunal Constitucional, quando era professora de Direito na "Católica" do Porto, pelo Bloco de Esquerda, apoiada também pelo PS.
Estava habituada a defender posições idiossincráticas, em demasia, acerca das questões de violência doméstica e crimes de abuso sexual de crianças.
Tem sido alvo de algumas polémicas por causa disso e desta vez resolveu fazer algo inédito que o Público noticiou: bater com a porta do sítio onde estava quando já teria outro poiso em vista, no caso o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, onde certamente contaria aplicar as mesmíssimas idiossincrasias.
O que se esquecem de mencionar é que a senhora também é juiza Conselheira do STJ, desde 2012...e nesse caso foi escolhida pela quota dos "juízes de fora", professores de Direito, no caso. A meu ver uma escolha infelicíssima, por várias razões, mas legítima.

Lendo a notícia do Público escapa um pormenor essencial: o motivo concreto e preciso do amuo em relação aos pares. O Público ( Leonete Botelho e Ana Henriques, "especialistas" nestes assuntos, quase sempre mal contados) escreve que a juíza idiossincrática se demitiu das suas funções que jurou cumprir com lealdade, "numa atitude de ruptura por causa da redacção da proposta de acórdão sobre a constitucionalidade da polémica lei dos Metadados".
A referida idiossincrática, na sua proposta de formulação de acórdão,  introduziu  um dos temas preferidos: violência doméstica a que entendeu associar ao terrorismo. Tal e qual. Conforme escreve o articulista seguinte, o juiz Manuel Soares, que leu no Facebook da senhora, a razão residirá nisto que o Público omite porque não se trata apenas de "comparações" mas de fundamentação de um acórdão com base em ideias muito próprias e idiossincráticas, no mínimo. Portanto, ideias peculiares: " a violência contra mulheres e meninas deve ser considerada uma forma de terrorismo. Talvez então os Estados actuem". Que tal apreciar a essência deste dito? Que tal analisar a idiossincrasia de quem o produziu? Tarefa para comentadores, naturalmente e que se picam com citações da Bíblia em acórdãos mas não se incomodam nada com este tipo de ideias.
A sensatez de outros juízes que lhe fizeram ver a insensatez da proposta não foi suficiente e pronto, "bateu com a porta", "demitindo-se" de funções que não aceitam demissão, assim e sem mais. Pelo meio sobrou actuação que poderia ter suscitado procedimento disciplinar, conforme noticia o jornal e anunciado pelo próprio presidente do TC, Costa Andrade que deve conhecer bem a idiossincrática.  Todos conhecem, aliás, porque desde 2016 já passaram três anos, tempo suficiente para tal.

Hoje no Público há dois artigos sobre o assunto, muito sóbrios e que nem referem o  nome da idiossincrática, com receio das consequências, pela certa. A mesma pode ter gatilho fácil em denúncias por difamação, parecendo ser pessoa de susceptibilidade à flor da pele... e quem tem cu tem medo, mesmo que tenha sido presidente do TC ou presidente da ASJP. Eles sabem bem o que a casa gasta...


Manuel Soares escreve uma coisa sem a dizer: é preciso sensatez nas decisões judiciais e a expressão de convicções pessoais de militância de causas não é sinónimo de sensatez.

Por outro lado o ex-presidente do TC corrige um constitucionalista da praça, Jorge Bacelar Gouveia, envergonhando-o ipso facto. Assim:


O texto de Bacelar Gouveia é este, do Público:

1. Foi com particular surpresa que a opinião pública ficou a saber, por uma notícia do Público, qual havia sido um dos fundamentos para a repentina renúncia de Clara Sottomayor ao cargo de juíza conselheira do Tribunal Constitucional.

Diz esse prestigiado jornal que a saída desta magistrada se ficou a dever ao facto de ter sido “ameaçada com um processo disciplinar” pelo Presidente do Tribunal porque este, supostamente, queria que escrevesse ou mudasse certas palavras no texto do acórdão de que ficou relatora sobre a inconstitucionalidade do acesso dos serviços de informações aos metadados, hipótese de levantamento de um processo disciplinar que teria sido formulada como resposta à suposta recusa daquela magistrada em fazê-lo.

2. As decisões do Tribunal Constitucional têm duas partes fundamentais: (i) a parte da decisão, na qual se decide se há ou não inconstitucionalidades (e ilegalidades, se for o caso); e (ii) a parte da fundamentação (não contando ainda com o chamado “relatório”, uma primeiríssima parte descritiva sobre a sucessão de factos que antecedem a intervenção processual do TC).

Como se trata de um órgão colegial, a deliberação é feita pela junção dos votos individuais dos seus 13 juízes nessas duas dimensões, devendo a fundamentação a escolher adequar-se à decisão tomada (por maioria ou por unanimidade).

3. Neste caminho, há alguém escolhido para elaborar um projecto de texto do acórdão, que tem uma “proposta de decisão e de fundamentação”. Toda a liberdade tem de existir tanto na decisão como a fundamentação.

É óbvio que só o próprio juiz escolhido pode escrever o texto do acórdão, que envolve um discurso jurídico de elevada complexidade, ainda que o coloque à consideração dos colegas, havendo muitos casos em que dessa discussão nasce um texto final aprimorado, mais completo e profundo.

Só que o “dono do texto do acórdão” é sempre o seu relator, que tem o direito de fazer impor a sua vontade sobre o seu discurso escrito, o que nada tem de autoritário.

No limite, até pode haver uma maioria a favor da decisão proposta no texto de um acórdão, e uma maioria contra a fundamentação que no mesmo reside. No limite mesmo, pode haver mesmo a mudança do relator.

4. É por isso que falar em processo disciplinar contra um juiz relator que, considerando a essencialidade de frases ou ideias para o texto que escreve, não aceita a imposição de frases ou palavras de outrem é esdrúxulo e indigno da independência dos juízes: a solução é a do voto contra a fundamentação, não decerto a de encontrar no facto uma infracção disciplinar, com uma perspectiva visivelmente censória.

Mas este triste acontecimento deve ser observado à luz da “independência intrajudicial”, de que pouco se fala, uma vez que a independência da magistratura não é apenas ad extra, perante os outros poderes, públicos ou privados.

Ela é também uma independência ad intra: vertical, com os juízes e tribunais superiores; e horizontal, no diálogo com os juízes colegas de um órgão colegial, sendo o caso.

Esta independência concretiza-se na necessidade de os juízes se respeitarem entre si e de se responsabilizarem por aquilo que cada um faz, o que não sucede quer quando aderem acriticamente aos textos de outros – e depois vêm dizer que não sabiam (o que não é raro…) – quer quando ameaçam os colegas que não queiram considerar as suas palavras na redacção de um texto que não é da sua autoria.

Não deixa de ser confrangedor o ponto a que se chegou na redução da independência dos juízes, a ser verdadeira aquela notícia, pelos vistos já não podendo um juiz escolher as palavras de um texto que se apresenta da sua autoria, gravidade extrema por aqui tratar-se do Tribunal Constitucional.


O que se depreende disto? Que o ex-presidente do TC não sabe ler ou que enviesou o juizo que fez do colega constitucionalista? As hipóteses parecem plausíveis...tal como será plausível julgar que Bacelar Gouveia não terá entendido bem o sentido da advertência de Costa Andrade. O procedimento disciplinar não seria por causa da discordância de redacção do texto do acórdão e renitência em reformulá-lo, mas sim pela atitude de desrespeito ao próprio TC, com falta a uma reunião do órgão colectivo. 
Enfim, inconstitucionalidades de sensatez. 

terça-feira, julho 30, 2019

O Secretário de Estado que não se demite das suas funções...

José Artur Neves é Secretário de Estado da Protecção Civil. Está  no Governo desde 21.10.2017.

Antes de "estar" no Governo que tem como ministro da tutela, Eduardo Cabrita, um complexado dos microfones, este Neves foi "procurador de sócio" de umas empresas de Fernando Teles, o representado procurado. E tinha assento na Assembleia Geral do banco EuroBic empochando cerca de 2 mil euros por mês, o salário máximo de um professor do secundário do último escalão.
Acumulava tais réditos com a presidência da Câmara de Arouca. Está tudo aqui explicado

Este Fernando Teles era sócio de empresas como a Zerca e a explicação de eventual ligação desta empresa e o Secretário de Estado, através do seu filho, jovem engenheiro com 28 anos e em 2015 ainda mais jovem, mas aparentemente um empreendedor nato,  é esta:

A Zerca foi criada em julho de 2015 sob o nome de Portzerc para construção civil e promoção imobiliária. Segundo o portal do Ministério da Justiça, Nuno Neves, filho do então presidente da Câmara, era um dos quatro sócios. Entrou com mais de 13 mil euros no negócio. O maioritário era Fernando Teles, que entrou com cerca de 19 mil, um empresário que enriqueceu em Angola e é administrador do banco EuroBic. Dois anos depois, Fernando Teles renunciaria à sua participação — deixando Nuno Neves apenas com os outros dois sócios, ambos da família Teles — e a empresa mudaria de nome. Hoje, a Zerca funciona em Vila Nova de Gaia, cresceu até Lisboa e tem obras em Luanda. Quem conhece Nuno Neves sabe que ele trabalha lá, mas nem todos sabem que é um dos donos.

O Nuninho, jovem empreendedor com 24 anos adiantou 13 mil euros e tornou-se sócio da empresa daquele Fernando Teles o qual era procurado pelo pai, agora Secretário de Estado e que jura nada ter a ver com isto e muito mais. 

Mas não ficou por aqui: 

Quando tinha 26 anos entrou a valer noutra empresa, tornando-se sócio paritário com...o mesmíssimo Fernando Teles, veja-se lá a coincidência! E isso aconteceu em "meados de 2017" quando o pai do Nuninho ainda nem era Secretário de Estado de coisa nenhuma. 

Nuno Neves, filho do governante, tem também 50% de uma empresa, a Postescaliptos LDA, criada em meados de 2017, mas esta participação já não foi referida pelo pai na sua declaração à AR. Também aqui, o sócio do filho do secretário de Estado da Proteção Civil é Fernando Mendes Teles, o administrador do EuroBic nascido na freguesia de Alvarenga, em Arouca — onde vive o ex-presidente da câmara, agora no Ministério da Administração Interna — e que emigrou ainda jovem para Angola construindo um vasto património.

Resta dizer que estas empresas não estiveram a ver combóios passar: 

No último ano, segundo o portal Base, a Zerca fez três contratos públicos com o Estado. Dois com a Universidade do Porto, um de 14,6 mil euros (por ajuste direto), publicado no portal esta segunda-feira, e um segundo de 722 mil euros (por concurso público). O terceiro contrato, também por concurso público, foi celebrado com a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, no valor de 1,4 milhões, para uma urbanização na Póvoa de Santa Iria. Foram, assim, dois concursos públicos e um ajuste direto.


Enfim, isto é simplesmente triste porque querem fazer de todos nós um bando de parvos. À solta. Por enquanto.

As golas de Pedro Nuno Santos e o turismo de natureza do PS


CM de hoje:



A história das golas deste PS é assunto nado-morto em termos criminais. Repare-se: houve um concurso público para adjudicação de 15 mil kits de protecção para incêndios. Uma empresa de Fafe, Foxtrote Aventure ganhou o concurso.
Quem é a Foxtrote Aventure? Diz aquipertence a Ricardo Nuno Peixoto Fernandes, residente em Longos, Guimarães e casado “em comunhão de adquiridos” com a presidente da junta de freguesia de Longos, Isilda Silva, eleita com o apoio do PS.

Logo que apareceram as notícias rasgaram-se vestes no lado do PS, como habitualmente:

Em declarações à rádio Observador, Ricardo Fernandes defendeu-se e afirmou: “Quem conhece a minha esposa e a minha empresa sabe que isso é impensável. Se soubesse que isto ia ter implicações para ela jamais ia concorrer a este concurso”. Relativamente ao material inflamável, o empresário diz que apenas seguiu o caderno de encargos. “Foi nos pedido um tipo de material e a gente tratou de o vender”, dizendo que não se pronunciou quanto à eficácia para um fim de proteção para incêndios.

Portanto, houve um concurso público e uma adjudicação a uma empresa de alguém ligado intimamente ao PS, a um certo PS que afinal é o PS todo.

Senão, repare-se nisto:

A autarca recandidatou-se em 2017 à presidência da junta de freguesia vimaranense “pelo Partido Socialista”, como referia o site Mais Guimarães a 17 de março desse ano. Cerca de nove meses depois do seu anúncio de recandidatura — e, segundo a TVI24, dois meses depois da criação do programa da Proteção Civil “Aldeia Segura” (criado pelo Governo em Conselho de Ministros) — era constituída a empresa do marido, que operaria no setor de “turismo de natureza”, como relata a Sábado, citando informação oficial. A empresa teria como áreas de negócio “exploração de parque de campismo e caravanismo, exploração de estabelecimentos de restauração e de bebidas, nomeadamente bares e restaurantes, exploração de mini mercado, comércio, importação e exportação de produtos alimentares, bebidas e tabaco”.

Meio ano depois de ser constituída, já em junho de 2018, a Foxtrot — Aventura, Unipessoal, Lda celebrou dois contratos com a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), vendendo as golas (que caso sejam utilizadas durante um incêndio representam risco acrescido para os cidadãos) e outro material de “auto-proteção” por um valor total de 328.356 euros.

"Turismo de Natureza" diz tudo sobre este esquema de corrupção perfeitamente legal.

Em termos criminais tudo está em saber como é que esta empresa ganhou o concurso. Seria preciso ter escutado o telefone do empresário, vigiar os seus encontros e conhecer a realidade desse concurso público. Nada disto se fez nem agora se poderá fazer. O inquérito criminal será para arquivar, naturalmente e por natureza.

No entanto há outros aspectos a considerar e provavelmente haverá milhentos casos como este das golas, por esse país fora e abrangendo esquemas idênticos, de cumplicidades partidárias, de compadrios notórios, de concursos falsificados e de corrupção perfeita e impune.

O "adjunto" do Secretário de Estado é um apaniguado do PS de um tal Pedro Nuno Santos, o futuro líder prognosticado deste PS. Tem 30 anos, foi padeiro de profissão e "líder do PS" local de Arouca. Em função dessa liderança "saltou" para adjunto do Secretário de Estado. Foi o primeiro sacrificado neste escândalo, claro. E um dos dispensáveis porque não deixa de ser outro pindérico, com vocação para "recomendar" empresas como a Foxtrote, para compras com dinheiros públicos. Sempre dinheiros públicos nestas moscambilhices partidárias.  

O Secretário de Estado de que era adjunto e que agora está na berlinda  pelos vistos nem se apercebeu da gravidade da situação, porque é esta normalidade a corrente, esta banalidade do mal que está já entranhada no PS, até à medula do directório partidário de topo.

Para percebermos melhor este PS talvez valha a pena lembrar quem é Pedro Nuno Santos e de onde vem, já que se desconfia para onde quer ir. 




O socialista Pedro Nuno Santos é um enigma democrático. É da região de Aveiro e enquanto político do PS é considerado um dos braços direitos do Costa que aliás tem vários, numa espécie de deusa vishnu da terra de onde a ascendência é natural.

Este Nuno Santos aqui há uns meses e o ano passado pela mesma ocasião, foi à Festa do Avante  ( imagem acima, junto com o comunista Tiago que não é o Oliveira e que não sendo da Figueira  também vende a ideologia a pataco) e declarou urbi et orbi que "o PCP é um grande partido da democracia portuguesa, esta é uma grande festa e é com um prazer muito grande que posso vir aqui, a título pessoal, não em representação de ninguém, nem do Governo" .

É considerado um dos mentores da Geringonça e agora saiu esta notícia curiosa, no mínimo. É do Correio da Manhã de hoje e aposto que vai ficar por aqui e ninguém vai querer saber como é que este figurão que elogia tanto o "partido dos trabalhadores portugueses" e se comporta como um burguês de alto coturno sendo filho de outro ainda maior, tem tanto dinheiro num partido de pindéricos que para justificar pertences e rendimentos se vêem sempre à rasca  e só arranjam explicações patéticas.



O perfil biográfico deste Nuno Santos é muito parco em elementos sobre quem é e de onde veio...o que aguça a curiosidade.

Foi este finório formado em Economia (?) que um dia disse que tínhamos uma bomba atómica que era do tempo do "não pagamos, não pagamos" e que se a usássemos como tal,  os banqueiros alemães até  ficariam com as pernas a tremer. Esta qualidade intelectual do indivíduo qualificou-o para o governo que está...o que diz quase tudo do que é.

O pai tem um Maseratti? E que faz na vida um pai assim rico que tem um filho tão prendado? "Sinais errados"?
Nada como uma pequena averiguação do Correio da Manhã para descobrir a careca a estes hipócritas.

ADITAMENTO:

Este socialista que convive com comunistas e esquerdistas inimigos da iniciativa privada, é filho do administrador da Tecmacal, de S. João da Madeira, Américo Santos, por sua vez também muito PS e que vive muito de "contratos públicos", como este.

Mas há mais e muito e muito mais. Centenas e centenas de milhar de euros de adjudicações a instituições públicas, como Institutos Politécnicos por todo o país e a GNR, curiosamente, ou não.  Uma vergonha e assim se percebem os Porsches e os Maserattis...

 Para além dos seus armazéns de venda directos (em S. João da Madeira, Felgueiras e Benedita), o mercado conta ainda com uma rede alargada de revendedores da Tecmacal e ainda com várias empresas, onde directa e/ou indirectamente, participa no respectivo capital social, que complementam a oferta de produtos de que os seus sectores de actividade necessitam.

A Tecmacal conta com mais de 35 anos de existência e nasceu fundamentalmente orientada para o sector do calçado. Sendo também por esta razão que optou por se localizar em São João da Madeira, área reconhecida no país e no estrangeiro pela tradição laboral no sector do calçado. Centrando as suas competências na oferta de um leque alargado de maquinaria, aliada a uma assistência pós venda qualificada, com o objectivo de abranger todo o mercado nacional, a organização da Tecmacal, rapidamente constitui filiais nas cidades de Benedita (Sul) e em Felgueiras (Norte), regiões também fortemente associadas ao sector do calçado.
O crescimento de competências da Tecmacal permitiu que esta se afirmasse no mercado como uma organização especializada na montagem de unidades de fabrico completas, oferecendo uma vasta gama de maquinaria, que abrangem operações de pré-produção, produção, acabamento, ar comprimido, design e modelação do produto.
O decrescimento do sector e a respectiva realidade inegável da futura continuada diminuição, levaram a que a Tecmacal reorientasse a sua actividade produtiva e comercial. Neste sentido apetrechou-se de meios técnicos e humanos para produzir e vender bens de equipamento para a indústria em geral.
Actualmente a Tecmacal conta já com um vasto número de máquinas instaladas em múltiplos sectores de actividade para além do sector do calçado. Conseguiu-se assim alcançar o objectivo de permanecer no sector do calçado como empresa líder e ao mesmo tempo entrar e conquistar quota de mercado noutros sectores de actividade industrial.
A Tecmacal oferece uma carteira de produtos que lhe permite manter a liderança no sector do calçado, satisfazer necessidades industriais de qualquer sector de actividade, designadamente através da linha de compressores e sistemas de aspiração que fornece e ainda assumir uma posição destacada na oferta de bens de equipamento para a execução de operações de corte, fresagem e gravação (equipamentos CNC) em sectores de actividade como mobiliário, metalomecânica, publicidade, moldes, sinalética, serralharia e automóvel.

A Tecmacal nasceu em 1975. Seria interessante saber como começou. Muito interessante e como é que o seu administrador é socialista com um filho amigo de comunistas que são inimigos de classe, segundo a sua própria ideologia.

É fácil de entender: tudo indica que este Pedro Nuno Santos será um farsante. Mais um.

Como aqui se escreve é um parasita, segundo a terminologia daqueles a quem deu guarida no governo e na Geringonça. Mais um:

 Diz a sabedoria popular que ‘Pelo andar da carruagem se vê quem vai dentro dela’. Analisemos, portanto, a biografia do senhor deputado Pedro Nuno Santos, vice-presidente do grupo parlamentar do PS, escrita pelo próprio.

Pela mão amiga de José Sócrates, entrou para a Assembleia da República aos 27 anos.
Listou entre os cargos até aí exercidos o ter sido presidente da assembleia de freguesia de S. João da Madeira e presidente da mesa da reunião geral de alunos de um instituto de ensino superior.
Lista como cargo que desempenha vereador da Câmara Municipal de S. João da Madeira. Esqueceu-se de acrescentar ‘sem pelouro’ e substituído quando veio para o parlamento. Ajuda a engrossar o currículo.
Pelos vistos, o senhor deputado é mais um mau produto da escola pública das últimas três décadas. Não lhe ensinaram a trabalhar, o emprego na Tecmacal foi-lhe concedido pelo seu pai, o empresário Américo Augusto dos Santos. Agora procura subir na política pela vereda fácil da demagogia.


 Como parasita, segundo a terminologia dos partidos a que deu guarida, pode andar de Maseratti do papá e ter um Porsche com o dinheiro do papá. Em Setembro do ano que vem pode voltar à festa do Avante e repetir que o partido que lhe nacionalizaria a empresa se fosse poder, é um partido essencial à democracia que ninguém lhe pergunta o sentido da contradição.

Mas respeito político, por si e pelo que representa não merece nenhum.Lembra-me demasiado o rapaz Penedos que também andava de Lamborghini ou coisa que o valha porque o pai assim permitia e depois lhe chamou nome feio...

O PS é isto, agora. E depois da maioria absoluta será ainda pior. O PSD já foi assim e aliás nunca deixou de ser, só que agora tem menos oportunidades...
E outra coisa que me parece: nenhum caso destes retira 500 votos ao PS. Talvez nem cem...embora o bruá à volta do assunto e o escândalo de demissões e outro folclore possa tirar alguns. Poucos. O que importa, neste caso é a imagem mediática e o PS digere casos destes ao pequeno almoço, como se viu no caso de Tancos ou do Marquês. 

domingo, julho 28, 2019

Simplesmente António

O cartunista residente do Expresso, simplesmente António, concedeu entrevista ao Público da passada Quinta-Feira.





António, cartunista essencialmente politiqueiro, foi alvo de polémica pelo menos duas vezes e por desenhos iconoclastas acerca de religião, a católica e a judaica.

O primeiro teve a ver com o preservativo no nariz do papa João Paulo II, um exercício de mau gosto grotesco. No segundo, já este ano, meteu-se com a comunidade kosher e retratou o líder judaico como um poodle de outra figurada vítima do cartunismo, um Trump cegueta com kipah na crista.

António Antunes relata nesta entrevista como começou, no Expresso de finais de 1974. Terá sido assim, num número de Dezembro desse ano.

Em 7 de Dezembro de 1974 o desenho que aparecia na página de opinião do jornal era assim, sem menção sequer ao nome do autor, com um duplo A e a data de 10-74. Terá sido o primeiro cartune?



Na semana seguinte, 14 de Dezembro de 1974:


Nesses mesmos números do jornal apareciam desenhos dos maiores cartunistas da época:

Cid, numa publicidade.



E João Abel Manta, numa caricatura de Raul Rego:


Nesse número de 14 de Dezembro um autor voluntariamente anónimo, então com 18 anos,  garatujou alguns desenhos de circunstância no papel do jornal.
Este anónimo nunca enviou nenhum desenho deste tipo para a Bélgica ou outro sítio qualquer, como fez o tal António, mas pensando bem talvez tivesse alguma hipótese, na época, ahahaha.
Ah! Mandou um, em 1977, para a revista Música&Som. E ganhou uma viola acústica, da casa Custódio Cardoso Pereira, com umas garatujas de Eric Clapton. Nada mau. O desenho, entenda-se, porque a viola era um traste. Ahahaha.



A evolução dos desenhos de António tomou uma direcção mais estilizada em finais de 1975. Segundo o autor, a série Kafarnaum apareceu em 4 de Dezembro de 1975.

Na edição do Expresso de 5 de Dezembro de 1975 há estes dois desenhos e nenhum deles
é Kafarnaum. Já aparece o nome do desenhador, simplesmente António:


O Kafarnaum apareceu entre esta data e a deste desenho publicado em 17 de Dezembro de 1975:


Portugal é um país pequeno e até nisto se nota. Um António , simplesmente, com sucesso no desenho e cartune, sindicado num único jornal durante mais de quatro décadas. Enfim.
E a mim diverte-me apontar estas pequenas vinhetas de pequenos sinais culturais que marcaram as últimas décadas. Todas de esquerda, como convinha.

O PS que degola o erário público

CM de hoje:


Um escândalo destes teve a participação directa do Governo. Inacreditável a desfaçatez desta gente sem vergonha de nada.


sábado, julho 27, 2019

José Miguel Júdice, consciência pesada do regime

As entrevistas de José Miguel Júdice aos jornais tornaram-se ao longo dos anos um barómetro do grau de corrupção política existente no país.

Júdice é relapso em denegar qualquer conhecimento de tal bicho careta. A corrupção para Júdice é assunto estranho que nunca frequentou.
Na entrevista que concedeu ao Expresso da semana passada, em que relata a saltapocinhice política que sempre o animou, aparece a denúncia de dois corruptos por ele indigitados: Dias Loureiro e Duarte Lima. Seria muito interessante saber o que estes pensam do impoluto Júdice.
Em tempos já anotei alguns pontos da biografia de Júdice que o entrevistador do Expresso omitiu.
É ler...o tabu de Júdice, já com meia dúzia de anos.

Agora é ler esta entrevista em que a dado momento Júdice refere um dito de Natália Correia sobre aquelas que vão com todos...




sábado, julho 20, 2019

A viagem da Apolo 11 nos media


Em 20 de Julho de 1969, a esta hora ( 20:17 TMG)  o módulo lunar da Apolo 11, LEM,  acabava de pousar na Lua.

A televisão, em Portugal anunciava para o dia 21 de Julho, segunda-feira, a transmissão em directo, via Eurovisão, das imagens do módulo lunar e ainda a "transmissão de imagens da noite", ou seja do que ocorrera entre a hora da alunagem propriamente dita, às 20:17 ( ou 21:18)  do dia 20 e a hora do primeiro passo do homem na lua, às 2:56  ( ou 3:56)  da madrugada do dia seguinte.

Isso porque a RTP abria o 1º Período de Emissão às 6.28 e o 2º Período às 15:00, tal como se refere nesta página de programação da Flama de 18 de Julho de 1969. Portanto, não houve transmissão em directo do tal primeiro passo de Neil Armstrong na lua. A RTP terminava as emissões pouco depois da meia- noite com a "Meditação e Fecho".


Acho por isso extraordinário que haja pessoas que se lembram de ter ficado acordadas durante a noite para seguirem em directo uma emissão de televisão que não aconteceu...a não ser que tenha havido uma emissão extraordinária de que não há registos aparentes.

E daí talvez haja. O Diário de Lisboa, do dia 21 de Julho de 1969 relatava vários testemunhos de pessoas que tinham visto em directo o primeiro passeio lunar.


No dia anterior o mesmo jornal anunciava:



Portanto, provavelmente houve mesmo transmissão em directo e excepcional. Fica esclarecido o mistério que desde ontem me atormentava.

E ainda outro: logo no dia 22 o observatório Jodrell Bank anunciava a mais que provável catástrofe ocorrida com o Luna-15.



O Diário de Lisboa, esse, tinha outras informações: houve alunagem mas não se noticiava como...


Esta informação mediática pode ser vista aqui.

Da minha parte tenho memória de ter visto tv, mas apenas durante o dia 21 de Julho, na programação habitual e diurna.

Também as memórias daqueles que protagonizaram os próprios eventos não são as melhores, como se pode ler por aqui, na revista Visão História de há dez anos:


José Mensurado acompanhou a transmissão da Eurovisão durante várias horas, traduzindo os comentários do americano Walter Cronkite, da CBS. Porém não se percebe muito bem a cronologia e muito menos a menção a um artigo de Norman Mailer na Life que só apareceu cerca de um mês depois...

Enfim, fiquemos pelas imagens da Flama que em 18 de Julho, quando os astronautas já estavam em voo gravitacional à volta da lua,  só mostrava isto:


A capa era sobre o Zip-Zip e nenhuma referência à viagem à lua...antes às viagens dos portugueses pelas nossas estradas em que se matavam em acidentes.


Compreende-se que ainda não houvesse imagens do acontecimento, que aliás só surgiram alguns dias depois da amaragem da cápsula, em 24 de Julho.

A revista Vida Mundial de 1 de Agosto de 1969 mostrava isto sobre o acontecimento. Nada mais que isto:


E a capa era esta: um símbolo hippie já caído em desuso e um filósofo ateu.



Só em 15 de Agosto a mesma Vida Mundial mostrava as primeiras fotos:


Com a grande fotografia icónica do acontecimento, já depois da Nasa ter "trabalhado"  a foto para lhe embelezar o enquadramento.



A Flama só em 22 de Agosto teve acesso às fotos...feitas na lua:


A Newsweek americana, no dia 28 de Julho já punha na capa imagens da Lua...tiradas da tv.



Outra coisa que me intriga é a omissão em Portugal ao papel que a Espanha teve em toda a missão lunar.

A revista Historia y Vida deste mês explica o que nunca soube por cá, através da nossa informação:





A Espanha teve um papel fundamental na logística da viajem. Porque é que nunca o reconhecemos, por aqui?

O Público activista e relapso