domingo, setembro 24, 2023
O Ministério Público é uno...mas os seus magistrados obedecem à legalidade e objectividade
sábado, setembro 23, 2023
A igualdade de todos perante a lei, é isto?
Público de hoje:
Há uma frase final neste escrito que impressiona e é terrível:
"O povo português não é ninguém. É uma entidade difusa num país com poucos princípios e uma cultura institucional miserável. António Costa, pelo contrário, não é nada difuso. Tem muita carne e muito osso e mete medo a quem já tem um talento natural para ser medroso, como a actual procuradora-geral da República".
Quem não entende isto, exercendo cargos de responsabilidade, deixa entrever que a separação de poderes em Portugal fica muito próxima do que sucede, por exemplo, em Angola. E deixa entrever que a autonomia externa do MºPº, ou mesmo a interna, em Portugal, é um mito. E por isso mesmo, o poder Executivo tem uma influência determinante sobre uma instância de controlo desse mesmo poder que é a PGR e o Ministério Público no seu todo.
Uma situação destas equivale a um atentado ao Estado de Direito. Nem mais. Nem menos.
Como o SMMP costuma pronunciar-se sobre estes assuntos, aliás candentes, o que vai fazer desta vez?
quarta-feira, setembro 20, 2023
Who is it? Eu conto...
O grupo britânico de rock, The Who, publicou entre o final dos anos sessenta e a primeira metade da década seguinte pelo menos três discos de antologia da música popular de expressão anglo-saxónica.
Os discos são estes, na sua versão original, em prensagem da época em que saíram:
O primeiro, chamado Tommy, saiu na Primavera de 1969 e era uma espécie de opera-rock, seja lá isso o que for.
Contava a história de um miúdo traumatizado na infância por diversas desventuras e que se tornara cego, surdo e mudo, criando uma habilidade táctil acima da média, para jogar "pinball". Bizarro, no mínimo.
As letras giram à volta da história da sua vida logo no pós-guerra britânico, reflectindo a geração do seu autor, Pete Townshend.
Quando ouvi este disco pela primeira vez já tinham passados anos dele ter saído, pois em 1975, quando tal sucedeu, o tema do disco e as músicas foram adaptadas ao cinema por Ken Russel, tornando-se a respectiva banda sonora, um êxito porventura superior ao disco original.
Assim foi apenas em 1975 que ouvi pela primeira vez e na voz de outros artistas como Tina Turner ou Elton John canções como Pinball Wizzard, este um tema do disco que na versão original não tem a mesma força expressiva.
Ao mesmo tempo surgia no rádio de vez em quando a repetição de temas do disco original que tem outra estrutura musical e artística que actualmente me agrada muito mais do que a versão da banda sonora.
O disco foi justamente considerado um dos melhores desse ano, em que saíram outros igualmente marcantes e fundamentais de tal tipo de música.
Basta olhar a capa da revista americana Guitar World de Junho de 1999:
O disco teve sucesso na época e passados estes anos todos vai ser reeditado em várias versões, incluindo uma versão que deveria ser a original e tinha então o nome de Lifehouse, tendo sido substituída pelo disco editado e dando azo a mitos sobre a pretensa qualidade superior do mesmo que foram perdurando ao longo do tempo, por ser mais um dos discos perdidos da música rock, como por exemplo o Chrome Dreams de Neil Young, aliás também reeditado recentemente.
É um disco com uma capa original relativamente simples e graficamente pobre, ao contrário da música, excelente e do melhor que o grupo jamais produziu.
Em 1973, há quase 50 anos, em Outubro, começou a ouvir-se nos rádios, insistentemente, um tema novo dos The Who, chamado 5:15. Lembra-me porque se assemelhava a Baba O´Reily, dois anos antes.
O álbum Quadrophenia que incluía tal tema, já passava integralmente em alguns programas de rádio da noite, inseridos na programação do Espaço 3P do Rádio Clube Português.
Era novamente um disco duplo, à semelhança de Tommy e tal como este, com um conceito geral, o dos "mods", uma moda jovem da época dos sessenta e totalmente composto por Pete Townshend. Desta vez, Tommy chama-se Jimmy e os problemas pessoais são mais comuns e menos bizarros, mas igualmente perturbadores.
Parece-me um disco musicalmente mais interessante do que Tommy e que se ouve muito melhor que este, passadas as décadas.
Curiosamente, este ano, por ocasião do 50º aniversário, o contemplado com reedição de luxo é afinal o disco de 1971...e não este que merecia outro relevo.
Dos três discos apontados é o que mais gosto de ouvir na integralidade.
terça-feira, setembro 19, 2023
Morreu Jacques Julliard
Jacques Juillard tinha 90 anos e morreu no passado dia 8 de Setembro. Era articulista principal na revista Marianne, desde 2010 e enfileirava na linha dos intelectuais franceses da estirpe de um Raymond Aron ou Jean-François Revel.
A revista desta semana faz naturalmente o seu obituário desenvolvido, assim:
segunda-feira, setembro 18, 2023
Venham mais cinco: há uma formiga no carreiro!
O Cm de hoje publicou duas páginas, assinadas por Octávio Lopes, para dar conta da saída de um disco, no final de 1973 que se tornou um dos mais importantes da música popular portuguesa.
É de José Afonso e chama-se Venham mais cinco, saído em Novembro ou Dezembro de 1973 mesmo a tempo do Natal desse ano, porque era nessa altura que se poderiam vender mais exemplares, como prendas de sapatinho.
José Afonso era um dos artistas que se opunha ao regime, então de Estado Social, de Marcello Caetano e fazia-o no quadro ideológico marxista, comunista, clandestinamente, tendo sido preso por isso durante alguns meses, digo alguns dias "que muito o marcaram".quinta-feira, setembro 14, 2023
A Educação: soluções à vista!
Na edição desta semana, a revista Marianne dedica algumas páginas ao problema escolar em França.
Como os problemas são similares com os dos portugueses aqui fica uma proposta de jornalistas franceses para reformar o ensino como deve ser, segundo o que entendo.
Por cá, propostas destas, nem vê-las! E la nave va...
segunda-feira, setembro 11, 2023
Informação-de-formação sobre o Chile, 1973
Faz hoje 50 anos que Salvador Allende morreu no Chile, na sequência de um golpe de Estado militar que instaurou um regime de ditadura militar que substituiu um regime que se queria socialista.
Allende tinha conquistado o poder presidencial através de eleições que à quarta vez lhe deram 36 por cento dos votos, com uma vantagem de pouco mais de um por cento sobre o directo opositor, o conservador Jorge Alessandri.
Com esse apoio tentou tornar o Chile naquilo que em Portugal se tentou durante o PREC, nacionalizando indústrias, "imbuído de ideologia marxista" e com os "estandartes do fracasso", como o do "controlo da produção por parte da classe trabalhadora", tornando o país uma espécie de democracia popular que o golpe de 11 de Setembro de 1973 liquidou.
Durante o tempo do governo marxista de Allende os problemas económicos agravaram-se de tal modo que o golpe não foi uma grande surpresa, devido às contradições que se foram avolumando no interior do regime, com uma extrema-esquerda do M.I.R a pretender ir mais longe e a relativa moderação marxista de Allende a tentar conter os ânimos políticos mais exaltados, como aliás sucedeu cá, em Portugal, um ano depois.
As notícias que se conheciam sobre o regime, na época eram veiculadas pelas agências noticiosas, como esta de 16.10.1972, do então cripto-comunista Diário de Lisboa:
A declaração de guerra não se explicava, a não ser no seu contexto político. Em 10 de Outubro de 1972, o mesmo jornal dava a notícia de um apoio a Allende e contra uma "multinacional" americana.
Típico. Por cá, durante o Verão de 1974 inventaram-se conspirações da CIA e de companhias americanas para derrubarem o prec nascente.
E como se noticiou o golpe militar contra Allende? Assim, no Diário de Lisboa de 13.9.1973:
Seguido de outras notícias sobre o assunto, assim, em 27-9-1973:
No Diário Popular de 14.9.1973, o relato dos acontecimentos, assim:
E no dia 27.9.1973:
À míngua de imagens, comprei a Stern alemã, da semana a seguir, com uma foto de capa:
Ao camionistas em greve...nos dias anteriores. Faltou mostrar as mulheres chilenas a bater nas panelas em manifestação devido à escassez de produtos do maravilhoso sistema socialista...já em marcha acelerada para a miséria garantida a todos:Repare-se na obscenidade da expressão "sonho popular" como se tudo no Chile da época fosse o mar-de-rosas do socialismo nascente e pujante de êxitos sociais e económicos, abafado pelo maléfico Pinochet, a mando das multinacionais ( ITT, por exemplo) e dos americanos da CIA ( até há pouco tempo era a versão corrente da História)...