O Público de hoje dá um destaque a uma notícia de ontem: em cerca de quatro meses ( Outubro e Janeiro do ano corrente) foram passados mais de 70 mil atestados médicos a professores que assim justificaram as faltas ao serviço.
O ministro Nuno Crato considera a situação "preocupante" e supõe que possa existir "casos de infracção".
Ainda segundo a notícia, os médicos que passaram tais atestados andam à roda de 11 700, havendo algumas situações em que um só médito atestou 100 casos de doença.
Parece evidente que as pessoas agora muito preocupadas, incluindo o ministro, não percebem ou não querem dar a entender que percebem o que se passa em Portugal neste domínio. Qualquer profissional da função pública que pretenda uns dias de descanso por isto ou por aquilo pede e "mete" um "atestado médico" e assim justifica as faltas.
Mais: nas escolas, o "atestado" é uma prática tão consuetudinária que até os próprios professores e dirigentes escolares se admirarão com estas notícias...
O que sucede então para esta admiração toda? Há uns anos, longos anos, mais particularmente as professores, podiam usufruir de dois dias por mês de descanso, justificando as ausências ao serviço, previamente e através do que vulgarmente se conhecia como "artigo 4º", uma norma do Estado Novo que permitia às mulheres descansar no período menstrual. Uma norma realista, objectiva, prática e sem hipocrisias.
Alguns anos depois de Abril, o artigo 4º manteve-se e alargou-se democraticamente a toda a classe docente. Perdeu o significado originário e passou a regalia democrática, pelo que todos os professores que o desejassem poderiam justificar duas faltas por mês, antecipadamente e com a entrega do papelinho " na secretaria".
Não consta que os alunos perdessem muito com isso e que ficassem os programas por leccionar por causa disso e consta ainda que dantes o ensino era mais exigente e competente, pelo menos em certas matérias fulcrais como o Português e a Matemática.
Com o advento das novas modas castigadoras dos professores, mormente instituídas pela "senhora dona Lurdes", antiga professora primária ( e por isso era assim que se chamava na escola porque era assim que as professoras primárias antigos eram tratadas, sem qualquer menosprezo ou menoscabo ) que virou doutorada nos tempos modernos , achou por bem regular tudo e todos os aspectos do ensino que bem entendeu, copiando modelos de fora e sem adaptação às nossas idiossincrasias, ao abrigo da razia na consideração e respeito que os professores merecem, plantando e colhendo as regras de conduta no alfobre do ISCTE.
Não obstante, como houve um reduto que a senhora dona Lurdes e colegas de ISCTE não conseguiram dominar, o dos médicos e o do sacrossante sigilo médico, uma vaca sagrada jacobina, temos que a hipocrisia virou regra e os professores e outros profissionais da função pública, descobriram a fenda na muralha jacobina e reguladora: um atestado médico é quase sempre insindicável por causa desse sigilo e por isso serve plenamente como justificação para qualquer falta.
Só não sabe isto quem não quer e só não percebe a razão para esta anedota quem não quiser perceber como funciona o jacobinismo e o ministro Crato, quanto a mim, já anda a fazer figura de urso.
Apenas uma correcção: não se usa essa expressão "pedir" um atestado médico, diz-se "meter" atestado.
ResponderEliminareheehe
ResponderEliminarPois é mesmo uma anedota esta treta.
Pois é..."mete" um atestado. Já está acrescentado.
ResponderEliminarEu por acaso também "meto" o IRS.Cada vez mais caro por a ex-professora primária Lurdinhas ter considerado que as escolas não são SEF...o que levou e ainda leva a que existam muitas turmas com 30% de importados a beneficiar do mais internacionalista Estado Social só por conta de uns muito poucos.
ResponderEliminarE que depois de 6 aninhos de escola, mesmo com 3 de prisão pelo meio são "portuguesíssimos".Quem é que se admira da falência?
José,
ResponderEliminarNão compreendo como uma pessoa com o teu espírito crítico relativamente à imprensa que temos embarca numa campanha destas. Repara: 70 000 atestados em 4 meses, isto é, 17 500 atestados por mês ou 583 atestados por dia. Se os professores/educadores são 150 000 (?), isto quer dizer que, considerando um dia de trabalho, apenas 0,388% dos professores faltaram nesse dia. Outras contas: o valor médio de duração de cada atestado rondou os 7 dias (514 000 dias de baixa / 70 000 atestados), o que corresponde, mais ou menos, ao tempo necessário para curar uma gripe. Ou então: Um número significativo de professores está de baixa médica prolongada, uns internamento ou doença, outros por falta de condições físicas ou psicológicas para leccionar. Uns aguardam a reforma que já devia ter vindo, outros viram ser-lhes negada a redução da componente lectiva ou a reforma por invalidez, mas isso não os torna capazes de trabalhar numa profissão exigente como é a de professor.
Imaginando que há 2000 professores nesta situação em todo o país (provavelmente serão mais, em quase todas as escolas conhecemos um ou mais casos destes), 120 dias de faltas a multiplicar pelos 2000, dá-nos 240 mil dias de baixa. Quase metade das 514 mil faltas apontadas.
Carl Sagan dizia uma coisa muito engraçada sobre números grandes: Se medirmos a cúpula da catedral de Florença com um palito vai dar um numero tão grande que ate conseguimos relaciona-lo e "matematicamente" com a altura da pirâmide de Gize e a relação entre essa medida e a distancia da Terra a Lua...
ResponderEliminarPo falar em números, recordo ao Lusitânea que existem 100.000 portugueses em Angola e cerca de 3.000 angolanos em Portugal.
ResponderEliminarA Dona Lourdes foi a "padeira de Aljubarrota" - faço guarda de honra com a minha espada.
ResponderEliminarLutar contra a direita e extrema erquerda, convenhamos, que é obra
Wegie: ele pode responder-te com nºs da área e vais ver que entopes...
ResponderEliminarQuem? O José ou o Skinhead?
ResponderEliminarWegie:
ResponderEliminarParece que não entendeste o essencial: não estou preocupado, como o ministro, com os atestados.
Não estou preocupado com os números relativamente altos.
Não estou preocupado com os professores que "metem" atestado por razões de sanidade mental afectada.
Estou apenas a tentar dizer que as faltas na função pública, na sua maioria justificam-se com atestados médicos falsos porque a hipocrisia do sistema é assim mesmo que funciona. E tal é exponencial entre os professores.
O segundo, Wegie.
ResponderEliminarMas também não creio que isso seja um mal em si. O que está mal é a hipocrisia do sistema que obriga a que um professor justifique uma falta legítima, a uma reunião por exemplo, com um atestado. O sistema burocrático, se um professor tentar justificar de outro modo, não o aceita.
ResponderEliminarÉ assim e é isso que pretendo dizer, além do mais. O ministro devia saber disto porque toda a gente o sabe.
Pois devia. Devia saber disto e de muito mais que toda a gente sabe e não sabe.
ResponderEliminarEu dei o exemplo do poder que ele quer dar às direcções das escolas, com aqueles idiotas eleitos pelos partidos e "forças vivas da terra".
E faz isso porque teoricamente lá dizem que assim é que é liberal, na terra dos liberais.
Como essa terra não é a nossa, o que ele vai fazer é dar mais força aos tachos e partidarite nas escolas.
Mas as justificações de falta dos profs (pelo que me contam) continuam uma perfeita anormalidade que nem numa empresa altamente competitiva.
ResponderEliminarÉ tamanha burocracia e leque mínimo de razões que só mesmo sabendo uns dias antes que se vai ficar doente para ter tempo de ir ao médico pedir o atestado e "metê-lo" a tempo.
E não azar algum em se "meter" o atestado no próprio dia em que fatalmente se acordou doente e com médico à cabeceira...
ResponderEliminarEsta notícia é muito estranha. Hoje em dia não é assim tão fácilum professor apresentar um atestado médico. Por exemplo eu, muito raramente falto, 2 dias nos ultimos 4 anos. E nas vezes que estive doente, justifiquei a falta com artigo a descontar em férias. O ano letivo passado, fui à urgências do hospital com 39,8 de febre num domingo à noite. Depois de observado foi-me dito que não era possivel passar um atestado pois o único que tinha validade teria de ser passado pelo médico de família. Teria pois de me deslocar no dia seguinte ao centro de saúde. Como tinha poucas aulas no dia seguinte, optei por ir dar aulas medicado.
ResponderEliminarAinda relativamente ao assunto, existem muitos professores que já pediram a aposentação há muitos meses, só na minha escola, são três, um deles desde dezembro. Ao contrário do que o ministro das finanças diz, no caso dos professores é muito vantajoso adiar a autorização pois poupam-se muitos euros de salários com os professores que vão ocupar as vagas. Existem alguns professores nesta condição que aguardando à meses por uma aposentação a que têm direito e segundo alguns rumores ainda terão de aguardar pelo menos até final do ano, que optaram por "meter" atestado médico
paulo:
ResponderEliminarv. acabou de explicar o motivo pelo qual os atestados não são por se estar doente.
Com tamanha complicação, só sabendo com muita antecedência que ia ficar com febre é que tinha tudo a tempo e horas para justificar a falta por atestado médico.
Por isso é que o José disse que era muito mais inteligente quando havia os 2 dias periódicos para as senhoras.
ResponderEliminarJacobinou-se tudo e agora só com atestado por bruxedo.
E seria muito mais inteligente aceitarem-se justificações de falta sem ser com leque mínimo estalinista. Porque, como o José também mostrou, existem atestados médicos para contornar esses entraves descabelados e normalizações idiotas.
ResponderEliminarPor acaso tenho uma amiga que apanhou processo por um motivo destes.
ResponderEliminarFoi a primeira vez que deu aulas e no dia em que a mãe fez anos faltou. Justificou dizendo que tinha sido por esse motivo.
Os tipos disseram que não fazia parte da lei, para ela arranjar atestado médico, e ela, por ser novita e casmurra, negou-se
tramou-se.
Zazie,
ResponderEliminarAfinal o skinhead entupiu. Deve estar a fazer contas...
ehehe
ResponderEliminarSe fosse rápido, atirava-te com área de Angola para cima que te tramavas nas contas.
ResponderEliminar":O))))))
Ora, ora! E o ratio imigrante/habitante?
ResponderEliminarPois é mais um nº para confirmar o efeito de muito espaço. Não se encavalitavam na mesma.
ResponderEliminarEu "skin"?Porra...A propaganda da maioria sociológica fez milagres!
ResponderEliminar"Portugueses" há muitos.Até um dos "mais procurados " nos EUA e da cor milagrosa é "português"!
Mas a propaganda que entrou por osmose na rapaziada dita "esclarecida" umas vezes ataca com os nossos "emigrantes" no mundo e agora particularmente com o 100000 versus 3000!Argumento esmagador!
Mas já que gostam de "reciprocidades" argumentativas digam lá onde é que em África andam à volta de 1000000 de Portugueses e onde é que eles vivem bem tratadinhos, com um sos racismo e muitas, mas muitas ONG`s e "Associações" a tratar-lhes da vidinha!
E quantos Portugueses estão ga Guiné, em Cabo Verde em S.Tomé...
Eu conheço muito Angolanos BRANCOS que se recusam a voltar para o seu país...mas como cá se "nacionalizpu" a torto e a direito isso de "portugueses" sem foto já não me diz nada.Serei "skin"?
Que o Governo continue com as suas políticas de "a cada um segundo as suas necessidades" e que confisque tudo o necessário a quem o tem para salvar o planeta em especial "África" que vou vendo retratada nas turmas da cara metade e que tão bons amigos cá tem...ao ponto de numa única casa haver 4 Magalhães e 2 e-escolas ou lá como é...
Depois de 37 de "democracia" afinal a malta precisa é de um carneiro forte que guie o rebanho.Andam as ovelhinhas tresmalhadas...
ResponderEliminarAs ovelhinhas andam tão desorientadas que já consideram os lobos como iguais...
ResponderEliminarsem ser tido nem achado, mas como a verdade é uma razão de ser deste Blog (assim o entendo), digo com certeza que os registos consulares em Angola (conhecimento de causa) são actualizados tendo em conta as inundações e os ataques das traças. na realidade se existirem cerca de 15000, já é ser muito optimista. é claro que sem magalhães, rmg e outras prebendas que nós por cá ricos como somos distribuímos à grande. ;-))
ResponderEliminar