Páginas

quinta-feira, dezembro 08, 2011

RTP1 sem emenda possível

O jornal da noite que acabou de passar na RTP1, da responsabilidade de um tal Adelino Faria, deu-me vontade de vomitar o jantar por duas vezes.

Em certa altura passou um video sobre o caso D.S-K. A notícia não podia ser mais encomendada e explícita: D.S-K terá sido apanhado numa armadilha e a prova apresentada é um video em que dois seguranças do hotel Sofitel rejubilam não se sabe bem com quê, mas logo a seguir à comunicação à polícia do caso.
A conclusão que o jornalista de encomenda retira é simples: os seguranças estão a comemorar a armadilha pregada ao pobre D.S-K. Portanto, uma conspiração pura e simples que o tal jornalista apadrinha de bom grado na RTP paga por todos nós. Em nome de quê e de quem? Esta é fácil: dos apaniguados do tal D.S-K. Da Esquerda em geral que arranjou um autor de livros de conspiração, chamado Edward Jay Epstein e que escreveu no New York Review of Books um artigo extenso assegurando que o caso tem todos os recortes de conspiração contra o pobre D.S-K, vítima de forças obscuras, provavelmente da "direita" francesa, próxima de Sarkozy. Ora esta teoria é sopa no mel para os vários adelinos da nossa informação diária.

Como o jornalismo por cá é do tipo para quem é bacalhau basta, nem quiseram saber de mais nada: requentam estas notícias vindas sabe-se lá de onde e colocam-nas no prime time televisivo para os papalvos verem e acreditarem piamente. O que passa na tv é quase sagrado para essa gente e é assim que a opinião pública se forma. Quase ninguém mais lê ou procura saber outras coisas, além do mais sobre o tal Edward Epstein, jornalista de profissão. Este indivíduo tem um sítio na Internet e é um adepto ferrenho de várias teorias de conspiração. 11 de Setembro, Kennedy ( quatro livros sobre o assunto), tentativas de assassinato de Fidel Castro pela CIA, etc. Com 75 anos, já escreveu sobre " a guerra invisível entre a CIA e o KGB" e agora aparece o caso D.S K que o mesmo agarrou como gato a bofe.
A tese de Epstein baseia-se em três factos: o primeiro é o desaparecimento do telemóvel Blackberry, logo após o sucedido no Sofitel. Foi este desaparecimento que alertou as autoridades para o lugar onde o mesmo se encontrava, ou seja, no aeroporto onde foi preso. Se DS-K não tivesse telefonado do aeroporto para o hotel, para saber do Blackberry não tinha sido preso porque seguiria para França. O telemóvel , fornecido pelo FMI, segundo consta estaria sob escuta o que acrescenta à teoria o laivo de conspiração adequada. E nunca mais foi encontrado, tendo sido desligado o GPS logo a seguir ao desaparecimento.
Outro facto: um quarto ao lado do ocupado por DS-K foi visitado pela camareira e era ocupado por uma homem de negócios francês. O visita ao quarto foi omitida pela camareira e a polícia não o inspeccionou. Nada tem de extraordinário, mas para quem conspira tem tudo.
Terceiro facto: o tal video que agora a RTP dá honras de parangonas televisiva para lançar a suspeita de conspiração. Segundo Epstein a celebração entusiástica dos seguranças dura oito minutos. Segundo a realidade factual e observável, dura alguns segundos. E nem se sabe o motivo da celebração, mas nem isso chega para afastar a conspiração teórica.
É isto que há para sustentar o tão almejado caso de conspiração, ardentemente desejado por quem ficou órfão da candidatura do dito herói à presidência da República francesa, dada como favas contadas. É sempre a Esquerda no seu melhor que aqui se mostra. A Esquerda que vê sempre cabalas em todo o lado e se recusa a olhar de frente para os factos.
Se lhes disserem que é igualmente possível arquitectar conspiração na tentativa de erigir Epstein como arauto de uma verdade oculta, ficarão perplexos, mas parece igualmente factual que o interesse de alguém em vender um livro que se anuncia, de um tal Taubmann ( Affaire DSK: la contre-enquête) em que aparece pela primeira vez a versão do próprio DSK é evidente. Acontece, por acaso certamente, que Epstein é amigo chegado de um primo do tal Taubmann e a que este apresentou igualmente como seu amigo.
Toda esta factualidade não chegou para que uma tal Clara Ferreira Alves, do Expresso e da SIC tenha escrito na última Única uma crónica em que nao tem dúvidas: "DSK foi tramado". E escreve depois uma resenha de factos copiados do artigo do tal Epstein, cuja credibilidade merece tanta atenção, ou mais, que a empregada do Sofitel...

Sobre este caso, os jornalistas do para quem é bacalhau basta, poderiam ter lido o que disse Robert Littell, um escritor de romances policiais e também antigo jornalista, da Newsweek: à revista francesa Le Point, desta semana, em edição sobre as teorias de conspiração, disse claramente que "não dou crédito à tese de um complot contra DSK." E acrescenta Littel: " é preciso que se saiba que Epstein é um grande adepto de complots"...

Aditamento às 22:36: para não ficar atrás, a Felgueirinhas da RTP2 ( como é possível continuar a apresentar um jornal televisivo?) retoma o tema e também não tem dúvidas sobre o caso do video que comprova a conspiração. É de mais! E a camareira, não terá também festejado o tal encontro "consentido" de cariz sexual com DSK?

O segundo caso de nojo desta noite é a passagem na RTP1 de José Sócrates, de Paris. Basta o que basta!
Esta gente não tem vergonha na cara e esta RTP1 não tem remissão alguma.

6 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  2. em Alentejano dizia-se que estes 'montes'
    'fazem da cara, CU'

    ResponderEliminar
  3. Por isso é que ou o governo tem um mínimo de coragem e de bom senso e fecha aquela trampa ou não passa de um alguidar de lulas nas mãos de um inenarrável socretino, o Relvas, aquele cromo em quem o Lopes se aliviava à chapada.

    ResponderEliminar
  4. José, não veja essas porcarias a que eu chamo "Pornografia", já não vomita!
    Conselho de amiga.

    ResponderEliminar
  5. Não diga mal do adelino que se "formou" na BBC, como o zé dos santos. Então não sabe que eles têm background do melhor?

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.