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sexta-feira, abril 06, 2012

Minha rica televisão


A tv pública gasta balúrdios com os seus apresentadores. Com subsídios a passar o milhão de euros por dia, mais as "indemnizações compensatórias", pagos por todos nós, os privilegiados da "querida televisão" não sentem a crise.
Portanto, este tipo de notícias que o C.M. hoje publica é um horror para esta gente.
Saber-se que um José Rodrigues dos Santos ganha mais de 13 mil euros a apresentar notícias em que pisca o olho a quem bem entende não se compreende.
Principalmente quando as suas notícias escolhidas são as mesmíssimas de outros telejornais dos canais privados, por vezes com o mesmo alinhamento, recolhidas com muito menos custos, com apresentadores com salários mais consentâneos com o que fazem e sem a arrogância deste tipo de figuras falantes.
Quem vê João Adelino Faria adivinha uma série de clones que por lá poderiam estar sem diferença alguma no estilo, na forma e principalmente no conteúdo.
Quem vê Fátima Campos Ferreira vê o símbolo de um país: ignorante, subserviente ao poder político, cauteloso com os poderosos, falsamente ingénua para esconder as óbvias deficiências culturais e de formação, etc etc.
O programa Prós & Contras da RTP é o mostruário de um certo país em que os contras são sempre limados pelos prós e o discurso do poder é o verbo dominante. O programa em Angola foi a prova eloquente desse desperdício e dessa pinderiquice nacional.
Antes de 25 de Abril de 1974 a RTP inundava o écran com programas desse tipo, de uma propaganda encapotada, mas eficaz, habitualmente desancados pelo comunista Mário Castrim, nas suas crónicas diárias no Diário de Lisboa.
Hoje em dia, se fosse vivo, Castrim seria mais cáustico ainda e não por causa da ausência de censura, que aliás continua a existir porque aqueloutros a impõem no exercício do politicamente correcto e do sagrado princípio do horror à parrésia.

Quem vê os entertainers Malato, Furtado e Mendes vê o habitual: programas para entreter donas de casa, reformados e pessoas sem instrução que as incite a procurar outros mundos. Ficam-se pelos concursos ( aliás os mais inócuos e melhor estruturados) e pelos programas de "variedades", com formatos copiados da pinderiquice cultural universal.
O jornal conta que a RTP paga a 31 dessas pessoas que nenhuma diferença fazem no panorama televisivo nacional, salários superiores ao do presidente da República ( que aliás nem o recebe porque as suas reformas são mais substanciais...).

Em tempo de crise não se entende este fenómeno. Se há casos justificados ( por exemplo o de Fernando Mendes, um bom apresentador de concurso) outros são um escândalo, como é o caso dos apresentadores do telejornal.
A única explicação para esses reside num outro fenómeno: arreatá-los ao "respeitinho". Condicioná-los e retirar-lhe qualquer veleidade a parrésias avulsas.
Ao qual evidentemente sentem um horror de morte. Salarial.

5 comentários:

  1. esta gente ainda devia pagar para aparecer nos programas pagos pelos contribuintes

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  2. Quem vê os entertainers Malato, Furtado e Mendes vê o habitual: programas para entreter donas de casa, reformados e pessoas sem instrução

    Sendo eu reformado, não vejo a razão por que me mete no mesmo saco das pessoas sem instrução.

    Esse é o tipo de linguagem dessas estrelas televisivas que o seu artigo visa. Até gostava de saber qual seria a reacção do José, se um Rodrigues dos Santos ou uma Fátima Campos Ferreira escrevessem num blog:

    "Quem vê os entertainers Malato, Furtado e Mendes vê o habitual: programas para entreter formados em Direito e pessoas sem instrução."

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  3. Estes já estão a ser processados, em canais a céu aberto.

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  4. Devia ter escrito reformados mentecaptos.

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