Páginas

segunda-feira, junho 04, 2012

As conservas nacionais

João Carlos Espada escreve no Público de hoje sobre a "corrente de ouro" inglesa, traduzindo a união entre o passado e o presente entre a tradição e o progresso " que até agora nunca foi quebrada porque nenhuma pressão social indevida foi exercida sobre ela, que tem constituído o mérito peculiar e a qualidade soberana da vida nacional inglesa." , conforme Churchill escreveu e JCP transcreveu.
Os ingleses gastaram 13 milhões de euros só no cortejo que percorreu alguns quilómetros no Tamisa, com mais de um milhão de mirones.
Porém o que os ingleses celebraram foi essa "corrente de ouro" que Churchill apontava no texto transcrito e que traduz o espírito profundamente conservador, avesso a jacobinismos vários.
 Por isso, anota JCP, os ingleses não tiveram " a doença infecciosa da Revolução Francesa" no dito de Edmund Burke ou o despotismo popular e republicano, jacobino por excelência. O regime inglês manteve-se sempre monárquico, liberal e ordeiro. Conservador, no fundo.

Em Portugal não temos sistema conservador. Já tivemos mas de há umas décadas a esta parte temos apenas "conservas". Que pescamos por cá mas também importamos de outras terras e por cá as enlatamos.
Há as Pitéu, as mais apetecíveis e que agregam apaniguados do establishment. Uma casta de privilegiados embalados em prebendas, supostamente gestores de empresas públicas, bancos públicos e semi-públicos, institutos, fundações e sinecuras atribuídas pelos pares em conselhos superiores de remuneração e assembleias gerais.

Há as Bom Petisco, em filetes de nomeação política  para cargos na função público-administrativa de topo ou no Estado Central mais aconchegado ao poder. Nesta camada inclui-se um condimento essencial à conservação da espécie: as maçonarias, ( hoje no i, o dirigente da UGT, João Proença declarou que é maçon do Gol mas a Maçonaria mesmo assim numa tomou conta da UGT...mostrando a natureza apenas oleosa da organização secreta que se pode cheirar sem inalar), os lobbies informais e casuais das ligas hilgas e hansas, etc. etc.

Há também as Ramirez, de boa extracção piscícola, enformadas nas arcadas universitárias para importação da espécie Pitéu, com alguns laivos de Bom Petisco. Não se exportam, porque ninguém as quer,  mas tem boa pinta nas latas.

Depois há as espécies que não são conservas, como a "pescada e a marmota que não vende na lota, apodrece no tempo e não cheira, porque o tempo é a derrota". São aqueles que antes de o ser já o eram, naturalmente: jornalistas livres, directores de informação ainda mais livres e donos de media que possuem a liberdade como refém.

São espécie protegida pelo Bom Petisco que dela fazem por vezes matéria-prima. Mas só depois de eleições.

19 comentários:

  1. eheheh

    Pois está mesmo delicioso

    ResponderEliminar
  2. Bravíssimo!!

    Só temos conservas a arrotar postas de pescada...

    ResponderEliminar
  3. Por falar em jacobinos: Qual é a instituição inglesa que não é dominada pela maçonaria? Poupa-me ao imbecil do Espada.

    ResponderEliminar
  4. Já agora as melhores conservas portuguesas são: Minerva, Vasco da Gama e Correctora. sardinhas, Cavala e Atum respectivamente.

    ResponderEliminar
  5. Soube hoje que as melhores mesmo são embaladas sem marca e enviadas para fora. Por exemplo para Her Majesty the Queen que as aprecia.

    Parece que o local fica numa loja reservada em Matosinhos.

    Fiquei de saber onde é...

    Quanto à Maçonaria inglesa também é facto que os membros são publicamente conhecidos. Não há sigilo como aqui, o que faz toda a diferença porque os british são gente de clubes.

    ResponderEliminar
  6. E quanto aos melhores que se vendem nos hipers, para mim o atum é o Tenório de longe e sem competição.

    ResponderEliminar
  7. Passe-se a publicidade:


    http://escape.sapo.pt/lisboa/sol-pesca-4039939


    Aqui pode-se provar conservas de qualidade.

    ResponderEliminar
  8. O JCP (?!) pode ser o que quiserem, e é, mas se cita Burke, mesmo que não alcance, faz serviço público, embora certos tunos de seu natural prefiram serviço púbico. Aprendam.

    ResponderEliminar
  9. "mesmo que não alcance"

    ":O)))))))

    ResponderEliminar
  10. Para os conserveiros de serviço:

    Não esqueçam as sardinhas Pinhal.

    ResponderEliminar
  11. José,

    Quase todo o fabrico é para exportação. Poderá encontrar em algumas lojas "gourmet".

    Ui!...calma lá, não é caviar é sardinha, ok!

    ResponderEliminar
  12. José,

    Corrijo uma imprecisão. Não é Pinhal, mas Pinhais.

    Pinhais e Cª Ldª. - Matosinhos

    ResponderEliminar
  13. Provavelmente será essa a marca de que me falaram e que é vendida à porta fechada, em Matosinhos.

    Só pode ser.

    ResponderEliminar
  14. Na mouche!...

    As 3 latas que me ofereceram, foram compradas directamente na fábrica.

    Posteriormente, comprei mais algumas caixas numa venda de Natal, com produtos regionais.

    ResponderEliminar
  15. Encontram-se na loja gourmet do Jumbo.

    ResponderEliminar
  16. Porreiro, pá! Atum é do peixe que mais gosto. Fresco, de cebolada como se faz no Algarve ( Taska Raska em Faro) e enlatado também.

    Até gosto dos Hot Tuna, grupo de S. Francisco em que preponderava Jorma Kaukonen. Tem um disco fabuloso chamado Phosphorescent Rat. E é assim que la boucle est bouclée. Começou no porreiro pá e acaba em Rat.

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.