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terça-feira, janeiro 22, 2013

A outra PPP

Uma parceria público-privada pouco falada em Portugal poderá ser esta, das editoras livreiras com os responsáveis pelo acordo ortográfico, de responsabilidade pública e de Estado. Acordo Ortográfico é o nome e editora(s) livreira(s o apelido colectivo dos interessados directos na parceria. Afinal quem ficou a ganhar com o acordo coxo, contestado e malfadado? As editoras, apenas. Não me ocorre mais ninguém. O povo leitor estava, como está agora, nas tintas, fossem as mesmas de cor rosa, laranja ou rubra que o verde tanto faz para o caso.
Como referiu este blog e agora foi lembrado por um comentador, o assunto do acordo tinha pano para mangas de alpaca e ainda mais: para uma investigação jornalística em forma e feitio. Nunca se fez. A judiciária que eventualmente talvez se impusesse a seguir, nunca se iniciou. As suspeitas são demasiado fluidas e os interesses com biombos suficientes para se verem apenas Sombras.

Este artigo publicado no Público do ano passado lança alguma luz, mas as Sombras continuam escondidas. Precisávamos de factos tais como: quem teve a ideia inicial deste acordo e porquê, exactamente; quem se prestou ao lobbyismo necessário; quem avançou mediaticamente em apoio da ideia e que ligações tinha ao parceiro pensador inicial; quem organizou o grupo de pressão adequado a suscitar interesse de comissão legislativa; quem indicou nomes para a comissão e em nome de quê e de quem;  quem espreitou logo o furo da oportunidade para o negócio; quem fez contas e as apresentou a quem e como; quem discutiu números, prazos e concursos; quem apoiou publicamente em actividade de idiota útil; quem engrossou a fileira dos interessados em avançar legislativamente e concretamente aprovou o Acordo com a pressa costumeira, contra ventos e marés de contestação; quem foi às tv´s no habitual exercício de convencimento da populaça abúlica e acéfala, etc etc etc.
Que bela investigação jornalística isto dava. Pena ser um assunto tão jacobino que nem desperte atenção. Até lá está metido o ISCTE, como não podia deixar de ser nestes casos.


7 comentários:

  1. há temas que a comunicação socialista não aborda porque não interessa incomodar os votantes de esquerda
    e os beneficiários de direita que pagam os anúncios.

    a austeridade incomoda a voracidade dos ricos protegidos por esta comunicação.

    seguro viu-se obrigado a pedir eleições.
    a dita comunicação já mudou a lenga-lenga.

    o cds anda a ser pressionado para derrubar o governo.
    o PR faz orelhas moucas

    a rataria vai atacar em força

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  2. O Malaca Casteleiro, em 29 de Fevereiro de 2008 declarou que o "acordo ortográfico" era uma questão de língua e não de linguística.
    Por si só, é uma afirmação de uma gravidade extrema que deveria ter suscitado reacções de diversa índole. Mas estamos a tempo.
    Quanto ao povo não esteve abúlico nem acéfalo: são às dezenas de milhares apenas na net se manifestam contra este vandalismo.
    Também não creio que, sendo inequívocas e firmes ao longo dos últimos 100 anos as afirmações políticas do Brasil sobre o reformas e acordos ortográficos se assaquem muitas culpas às editoras, cujos ganhos serão marginais.
    Quem é o responsável português? O atraso cultural. Mas não apenas: a ideia de acordo atribuível a intelectuais tinha morrido em 1986.
    O que temos agora é uma iniciativa de Sarney, académico político e maçon, que lançou em 1989 a ideia deste acordo que se traduz na abolição da ortografia da Língua Portuguesa usada em 7 países e sua substituição pela ortografia brasileira.
    Em Portugal a maçonaria pegou na coisa, e o pouco letrado Cavaco (será maçon?) forçou a assinatura do acordo. Esse é um responsável inequívoco. Sócrates outro e este governo (Passos-Relvas) outro - já que a pergunta que interessa pôr agora não é já quem começou, mas quem o mantém. E a resposta parece ser fácil: sectores ligados à maçonaria. Veja a alegria: http://observatorio-lp.sapo.pt/pt/ligacoes/legislacao-e-efemerides-lista/o-portugues-e-lingua-oficial-da-maconaria-regular

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  3. É o jacobinismo, portanto.

    Quanto a Cavaco está amarrado de pés e mãos no BPN. Esperemos que a coisa se esclareça de vez.

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  4. Mas há outra questão lateral e muito importante que importaria esclarecer:

    Como é que a Porto Editora prosperou quando outras feneceram? Foi só pelo génio dos seus administradores?

    Desde quando se atrelaram ao Acordo?

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  5. E de notar que não são só as editoras portuguesas.

    As brasileiras também beneficiam. Dada a ambiguidade e as grafias facultativas estabelecidas e consagradas no pseudo-acordo, os textos em brasileiro podem ser vendidos em Portugal, como sendo escritos em português, sem que se gaste um cêntimo.

    Mais uma ponta por onde se poderia pegar, nessa tal hipotética investigação.

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  6. Poucos assuntos têm sido tão discutidos. Portanto falar de falta de interesse dos media ou de ocultamento é incorrecto. Aventar teorias da conspiração neste caso também brada aos céus, porque o lobby pro-acordo já nem existe. Que a quesão é de língua e não linguística é uma obviedade que até o pobre Malaca Casteleiro viu.
    Este acordo tem contradições, incongruências, segue princípios errados, mas a ideia de estabelecer uma grafia comum não é disparatada no caso do português. Sou contra este AO mas nem é pelas razões apontadas. É por outra: o Brasil nem esta ortografia nem nenhuma outra aceitará, porque lá simplesmente não há nem haverá tão cedo qualquer norma; cada um escreve como lhe dá na real gana e todos felizes. Porquê? Porque, como o sotaque na Inglaterra, a maneira de escrever no Brasil é uma barreira social, põe cada um no seu lugar. O Brasil é uma sociedade extremamente desigual e na escrita isso vê-se. Só uma elite, que nem sequer é a universitária, sabe escrever.

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  7. Há por ai im lapso. O que o Casteleiro disse foi que o «coiso» questão política , não linguística.
    Pois se a política é exactamente o que sabemos...
    Cumpts.

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