Uma parceria público-privada pouco falada em Portugal poderá ser esta, das editoras livreiras com os responsáveis pelo acordo ortográfico, de responsabilidade pública e de Estado. Acordo Ortográfico é o nome e editora(s) livreira(s o apelido colectivo dos interessados directos na parceria. Afinal quem ficou a ganhar com o acordo coxo, contestado e malfadado? As editoras, apenas. Não me ocorre mais ninguém. O povo leitor estava, como está agora, nas tintas, fossem as mesmas de cor rosa, laranja ou rubra que o verde tanto faz para o caso.
Como referiu este blog e agora foi lembrado por um comentador, o assunto do acordo tinha pano para mangas de alpaca e ainda mais: para uma investigação jornalística em forma e feitio. Nunca se fez. A judiciária que eventualmente talvez se impusesse a seguir, nunca se iniciou. As suspeitas são demasiado fluidas e os interesses com biombos suficientes para se verem apenas Sombras.
Este artigo publicado no Público do ano passado lança alguma luz, mas as Sombras continuam escondidas. Precisávamos de factos tais como: quem teve a ideia inicial deste acordo e porquê, exactamente; quem se prestou ao lobbyismo necessário; quem avançou mediaticamente em apoio da ideia e que ligações tinha ao parceiro pensador inicial; quem organizou o grupo de pressão adequado a suscitar interesse de comissão legislativa; quem indicou nomes para a comissão e em nome de quê e de quem; quem espreitou logo o furo da oportunidade para o negócio; quem fez contas e as apresentou a quem e como; quem discutiu números, prazos e concursos; quem apoiou publicamente em actividade de idiota útil; quem engrossou a fileira dos interessados em avançar legislativamente e concretamente aprovou o Acordo com a pressa costumeira, contra ventos e marés de contestação; quem foi às tv´s no habitual exercício de convencimento da populaça abúlica e acéfala, etc etc etc.
Que bela investigação jornalística isto dava. Pena ser um assunto tão jacobino que nem desperte atenção. Até lá está metido o ISCTE, como não podia deixar de ser nestes casos.