Rui Machete é entrevistado pelo jornal i de hoje. Diz nada que interesse verdadeiramente, como é seu timbre tipo artur baptista da silva. No entanto, é sempre um dos ouvidos, quando calha. Há décadas que assim é e no entanto, dificilmente se concebe, na política portuguesa, um indivíduo mais sombrio e cinzento do que este. Rui Machete, dirigente histórico do PSD, foi professor ( até no ISCTE), deputado, dirigente partidário, ministro e administrador de empresas públicas, como é de bom tom em indivíduos deste género. Ah! E é advogado também. Onde? Na PLMJ, onde havia de ser? Esteve até na assinatura do nosso tratado de adesão à CEE, nos Jerónimos, em 1985.
Foi responsável pelo Conselho Geral da SLN que mandava no BPN e certamente nada do que aconteceu com este banco lhe poderia ter escapado,mas parece que escapou tudo, tudinho...e nunca conseguiu esclarecer isto que parece tão simples de entender. Machete passou pelo BPN como quem passa entre os pingos da chuva, sem se molhar. Grande impermeável devia ter...
Machete foi presidente de uma fundação Luso-Americana e quando a deixou, indicou como sucessora, uma certa Maria de Lurdes Rodrigues, companheira de um certo Pena, do ISCTE.
Machete foi depois indicado para a CGD, para uma espécie de cargo remunerado na mesa da Assembleia Geral a que só certas figuras de estadão tem acesso.Como por exemplo, Manuel Lopes Porto, outro notável do PSD de Coimbra que ensina Direito.
Não obstante tudo isto, o pequeno génio da nossa política da Sombra ainda foi recentemente designado para outro cargo: árbitro em conflito entre o Estado e a PT.
Não será demais, já? Até quando esta bandalheira? Porque é que certos cargos, normalmente bem remunerados, encontram
sempre certos indivíduos, tipo Machete, para os ocupar quando não são
eles que decidem a ordem das cadeiras mas acabam sempre por se sentar nelas? Que mistério os rodeia para os bafejar sempre com esta sorte grande permanente? Quem manda realmente nisto? Os primeiro-ministros? os ministros tutelares? Os centros de poder ocultos da população numa democracia que se pretende o mais transparente possível?
É só perguntas e mais perguntas que não encontram explicação cabal e parece que ninguém quer saber disto porque os media continuam a convidar esta gente para passar o discurso conveniente. Até quando, afinal?
Porque é que Portugal há-de continuar a ser uma espécie de Itália do tempo de Andreotti ( aliás presente naquela foto, ao fundo), com as suas figuras sempiternas que não se deixam apagar do espaço colectivo porque vivem neste Portugal pequeno, num nicho protegido por razões que verdadeiramente ninguém conhece ao certo?
Esta gente merece realmente estes privilégios autênticos, quase sempre à custa do Estado quando foram eles quem nos conduziu a esta miséria em que estamos?
Até quando as pessoas aguentam isto e não se indignam com estes...? Ia dizer uma asneira, mas fica apenas...indivíduos.