quarta-feira, janeiro 16, 2013

"Qual é o problema?"

A França, a par da Alemanha, é um dos países que mandam na União Europeia, por pertencer ao grupo dos grandes. Nós somos dos pequenos, o mais pequeno e frágil, o mais pobre e desvalido. Temos um partido comunista que mais nenhum tem, um Arménio Carlos que mais nenhum tem e um bloco de Esquerda que mais nenhum tem, também. Talvez seja essa uma das razões de sermos tão pobres e desvalidos porque nem sempre fomos assim.
Apesar disso, a França tem neste momento um problema parecido com o nosso: o Qatar, um país de petrodólares e portanto com dinheiro a rodos, anda a investir milhares de milhões na economia francesa, comprando participações importantes em empresas de bandeira e até um clube de futebol, o Paris Saint-Germain. Tem oito por cento na Vinci que vai ficar com uma das nossas empresas de transporte aéreo.
Os franceses da revista Marianne desta semana dão conta do caso que se assemelha ao nosso, com Angola. Até nos títulos. Apenas com uma diferença: lá, alguns franceses estão preocupados em entregar partes significativas da sua economia aos árabes do Qatar, um país em que as liberdades cívicas, segundo padrões ocidentais, são uma miragem. Tal como Angola em relação a nós.
Na França foi o governo de Sarkozy ( muito parecido com o de José Sócrates, apesar da estranheza aparente de tal facto) quem iniciou a entrega da França ao Qatar. Este governo de Hollande limitou-se a seguir a mesma senda.
Perante a manifestação de inquietação de alguns sectores políticos franceses ( como o dos comunistas de Mélenchon, mas também Bernard Henry-Lévy, este por outros motivos...) o embaixador daquela país árabe e francófono limitou-se a comentar: "C´est quoi, le problème?"
Pois por cá ainda não se chegou a tanto porque já se ultrapassou essa fasquia. Aqui o  embaixador angolano diz  que se os portugueses não quiserem aproveitar o dinheiro do petróleo e riquezas angolanas, avançam para outro lado...
Mas vamos aproveitar, claro que vamos. O facto de o país Angola ser uma espécie de democracia que faz do Portugal de Salazar um modelo de virtudes democráticas, não interessa para nada. Afinal, o problema do fassismo, por aqui, foi o de andar a caçar os comunistas e "subversivos" em geral.
Isso é que foi imperdoável. Por isso mesmo, as semelhanças entre a França e Portugal, nesse aspecto, nem sequer serão motivo de notícia dos politicamente correctos jornalistas nacionais.







Questuber! Mais um escândalo!