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sábado, janeiro 19, 2013
Madredeus! Que desencanto...
Pedro Ayres Magalhães tem uma entrevista muito interessante no Jornal de Negócios deste fim de semana. Algumas passagens da entrevista ficam aí, para se lerem.
PAM é da minha geração e por isso li com alguma atenção o que disse do desencanto que sente do país que somos.
PAM é músico, andou no Colégio Militar onde sentiu curiosidade pelos "valores de Portugal". Não diz que valores são mas imagino porque me identifico de algum modo com a pessoa por ser da minha geração, estudado qb, educado qb, aparentemente livre de amarras políticas e com uma vivência de problemas que pressinto.
O que transparece da entrevista é um desencanto com o país que somos porque éramos pobres e não deixamos de o ser. Mais: "este país é muito mais pobre do que dizem. Ou do que pensam."
PAM tem viajado muito, como muita gente aliás. Não me parece, nunca me pareceu aliás, que as viagens contribuam decisivamente para a nossa maior e melhor percepção do mundo em que vivemos por uma razão simples e que tenho perguntado a quem costuma viajar: as pessoas são iguais em todo o lado porque a natureza humana é o que é. Só por conhecer belas paisagens, andar na carapaça de tartarugas dos Galápagos ou subir a coqueiros, tal coisa acrescenta-nos o quê? O mesmo que uma bela comezaina ou uma bela soneca. Coisas de prazer pessoal, estritamente. Por isso, apresentar cartão de viajante como diploma de sabedoria é para rir. Basta lembrar-nos de alguns, "grandes viajantes em fraldas de camisa" ( expressão de António Pinho da Banda do Casaco, numa das suas melhores canções, de 1974) que nos chularam o orçamento para se divertirem e divertirem os convidados, muitos e às dezenas.
Por exemplo este que seguramente viajou muito mais e à custa de todos nós e que hoje manda bitaites como se fosse um músico pensativo em maré de desencanto e não o que sempre foi: um político para quem os "valores de Portugal" eram outros e provavelmente nunca soube exactamente quais eram os verdadeiramente importantes porque viveu sempre enfeudado a ideias e valores estranhos ao nosso pais, apesar de se mostrar um cosmopolita lisboeta nascido num seio "democrático" e com ideais utópicos. Em tempos, como presidente da República, supostamente de "todos os portugueses" disse publicamente e de cátedra que "havia vida para além do défice" como a querer dizer "os credores que se lixem, enquanto pudermos esmiframos o que pudermos sacar". É esta a mentalidade do indivíduo resumida nessa frase. Bem portuguesa? Se calhar, sim e é fácil de entender que será isso que Pedro Ayres Magalhães quer dizer na entrevista: somos mesmo pobres e muito mais do que pensamos, ao eleger indivíduos deste calibre para nos orientar.
O mesmo indivíduo em 1978 só jurava por valores que de portugueses tinham apenas o nome que a Esquerda lhe dava: utopia, igualdade, democracia para uns tantos que mandam e se mantém no poder indefinidamente, com os privilégios inerentes à sua classe. No fundo, a manutenção dos privilégios com a caução eleitoral, legitimadora dos saques a descoberto.
É uma democracia sui generis e percebe-se como esta gente continua a encher a boca com a palavra que é um "abre-te sésamo" da legitimidade para se apresentarem a eleições e encherem o saco de benesses para si e para os seus. Não fora a tal democracia e este indivíduo era um simples advogado, certamente com as dificuldades inerentes à sua condição pessoal um pouco patusca e desarticulada no discurso esconso e vazio.
Leia-se o que este pobre de espírito, considerado um génio da política portuguesa dizia em 1978:
Depois de se ler atentamente, podemos considerar, como Pedro Ayres de Magalhães que somos de facto muito pobres porque nem percebemos o quão pobres somos.
Em vez de enxotarmos de vez da vida pública estas abencerragens continuamos a dar-lhe viva voz para nos lixarem outra e outra vez.
Mas, quando é que este povo vai perceber, que as opções ideológicas só são possíveis se forem compatíveis com as regras da matemática?! Sejam de esquerda ou de direita, quando as despesas superam em muito as receitas, os decisores só podem optar por cortes ou impostos.
ResponderEliminarhttp://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/01/o-fardo-do-juros-o-chico-espertismo-e-o.html
Conheço apenas uma época em que se dava verdadeira atenção a esses aspecto: no Estado Novo e no Estado Social de Marcelo Caetano.
ResponderEliminarE nunca mais foi assim porque se passou a viver em permanente fantasia de alice no país das maravilhas.
Parece incrível mas é assim mesmo.
Portugal tem um grupo de doidos varridos que tomaram o poder. Ou seja, o asilo. Mandam nele.
ResponderEliminarse fosse possível fazer uma PET ao país o diagnóstico do neuro cientista seria:
ResponderEliminar'lamento, mas o seu país acaba de falecer'
com o advogado chicaneiro tive de conviver num acção em que era testemunha.
os meus anos fora do país mostraram-me que a nossa periferia é cultural e cívica.
nasci em 31. o rectângulo mehorou até à revolução socialista. depois foi sempre pela rampa abaixo
até ao suicídio.
Esta criatura é absolutamente execrável. Não exactamente por ser a pessoa que é, mas pelo terrível perigo que política e socialmente representou e continua a representar para o nosso país. Ele e o seu bando.
ResponderEliminarDepois de tudo o que se sabe sobre as manobras sujas, a mando da maçonaria mundial, que a máfia no terreno desenvolveu e perpetrou em Portugal, através de discursos angélicos e falinhas mansas carregadas de cinismo e hipocrisia durante quase quatro décadas, só podemos rezar todos os dias pedindo fervorosamente a Deus que faça desaparecer para sempre esta maldita corja, indigna de pisar o chão sagrado de Portugal, para que ele possa recuperar a identidade perdida e voltar a ser o país orgulhoso, livre e próspero que sempre foi. E a viver em paz. Uma paz social conquistada pelo anterior regime e dolorosamente perdida vai para quarenta trágicos anos.
Algo me deve ter escapado, talvez uma fina ironia. Mas viajar é apenas ver paisagens? A isso chama-se excursão. E por a natureza humana ser igual em todo o lado, ou seja diversa e infinita, é que é tão importante viajar.
ResponderEliminarAgora desiludiu-me.
Viajar é importante para as pessoas se divertirem. Só, porque o resto não se aprende a viajar.
ResponderEliminarConhecer outros povos e outros costumes pode ser interessante mas não traz sabedoria acrescida à que se tem, parece-me.
As pessoas muito viajadas são apenas pessoas muito cansadas se o fizerem por obrigação.
Mas aceito de bom grado que me digam que é uma boa maneira de as pessoas se divertirem a ver paisagens e monumentos.
Incidentalmente também contribui para enriquecer a cultura pessoal- se as pessoas a tiverem já. Visitar o Louvre sem saber o que se vai ver ou o que se espera ver é o mesmo que pôr um boi a olhar para um palácio.
Não me parece nada que um Mário Soares, Sampaio ou Cavaco que se fartaram de viajar à conta de todos nós e visitar o que bem quiseram tenham ficado mais sábios com essas excursões. Às vezes até penso que antes pelo contrário.
ResponderEliminarSalazar nunca saiu do país e merece-me muito maior respeito intelectual que esses indivíduos.
Conheci uma vez um casal que há uns anos foi em excursão à Terra Santa. Visitaram tudo o que merece a pena ver no local.
ResponderEliminarNa volta perguntei à mulher o que viu e se gostou e disse-me que adorou, contando-me os sítios e lugares. O marido sobre o mesmo assunto só me disse que as comidas não prestavam, estava muito calor e era tudo muito antigo. E não era propriamente um burgesso...
Falei em alhos e respondeu-me com bugalhos. Aliás, acaba até de dar mais um exemplo do que referi. Viajar não é fazer uma excursão, pelo menos no meu entender.
ResponderEliminarE continuo aterrado que alguém manifestamente culto considere que se possa ser sábio sem sair de casa, ainda para mais numa casa tão triste como esta. Quanto aos passeios dos nossos ex-PM ficarão para os excursionistas e campistas, pouco tenho a dizer sobre isso, não votei neles, só alombei como os outros.
Há tempos falou-se disto e não quis meter a colherada para não ser mais um a bater no ceguinho. Mas dos blogs que frequento este é o que tem uma maior amplitude na qualidade dos posts e dos comentários, bem sei que os comentadores habituais são como a família, não se escolhe, ou se atura ou não atura. Mas não quero acreditar que o José se deixa contagiar por tão indigente populaça que frequente o seu respeitável e sempre interessante blog.
Há viajar e viajar, como há viver e viver.
ResponderEliminarHá uns dias vi um documentário interessantíssimo sobre a vida na presidência dos EUA.
Houve várias coisas que me impressionaram mas duas delas, atendendo o teor do presente post, parecem-me mais pertinentes:
1) Um dos Presidentes dos EUA (era um general mas esqueci-me do nome) usou pela primeira vez um telefone, ele próprio, depois de deixar a presidências e, quando levantou o auscultador ouviu um barulho esquisito e perguntou o que era: era o som de chamada, que ele desconhecia;
2) numa acção popular, GB Sr foi a um supermercado e ficou maravilhado com o sistema de leitura de códigos de barras nas caixas, verdadeiramente maravilhado: existia há dez anos.
Não é só viver e viajar para saber como o mundo real funciona, é preciso viver e viajar dentro dele.
Whatever:
ResponderEliminar"E continuo aterrado que alguém manifestamente culto considere que se possa ser sábio sem sair de casa, ainda para mais numa casa tão triste como esta."
Obrigado pelas considerações que me respeitam, mas atrevo-me a insistir na ideia, para escândalo seu. E sabe porque o faço?
Por favor, leia isto que tirei de um blog qualquer da net e que tem uma informação que já sabia há muito e que pode ser documentada até com maior pormenor: Kant nunca saiu do seu lugarejo natal.
"Immanuel Kant nasceu a 22 de Abril de 1724 em Königsberg, Alemanha. Fisicamente, foi um homem com apenas 1,57m, de pele muito clara e olhos azuis. Tanto a sua infância como a sua vida foram sempre bastante orientadas pelo rigor e a disciplina segundo os exemplos pietistas – pietismo define-se por um movimento do século XVII que se rege pela experiência do crente com Deus, na sua condição de pecador e no caminho para a sua salvação. Daí resultou uma pessoa metódica, com uma rotina inteiramente controlada e organizada e alguém que se limitou ao espaço conhecido visto que Kant nunca viajou para além da Alemanha. "
Depois de há uns anos ter lido coisas como esta pensei no assunto, analisei pela experiência própria e comum a outras pessoas e concluí: as viagens são uma coisa boa para quem gostar e são fonte de ensinamento para quem quiser aprender. Mas por si mesmas não são nada mais do que simples divertimentos se o forem por prazer de viajar.