Tais alterações semânticas pegaram de estaca e de tal modo se enraizaram no léxico corrente que nem damos conta do modo como apareceram na linguagem comum e para a desfazer e desconstruir é preciso ir à História e mostrar como fomos assim enganados colectivamente.
Em finais de 1974 passou a falar-se em eleições gerais para uma assembleia constituinte, a fim de aprovar uma nova Constituição. As revistas da época na altura da abertura da campanha eleitoral, não pouparam artigos encomiásticos à loucura colectiva vivida e à alucinação em curso acelerado. A Economia nacional estava já em pantanas, mal tínhamos para comer se não nos emprestassem dinheiro e mesmo assim vivia-se um tempo de euforia e festa de Esquerda. Alucinante por vezes e como nunca mais houve igual.
Em Março de 1975 a esquerda comunista, com apoio do partido socialista ( do socialismo democrático), nacionalizou quase todas as estruturas produtivas de relevo, no país, ao mesmo tempo que nacionalizou bancos e seguradoras. O panorama em Abril de 1975 era este que um jornalista, Maia Cadete, descrevia na Vida Mundial de 10.4.1975:
Quem ler este artigo ( como sempre, clicar duas vezes, sucessivamente , na imagem, abrindo noutra janela maior e com possibilidades de ser lido) só pode ficar impressionado com a loucura que tudo isto representou. A alucinação destes fósseis do comunismo que ainda hoje nem sequer desarmaram é impressionante. O modo como faziam proselitismo descarado de um sistema e regime que nos atiraria para uma ditadura muito pior do que jamais fora a de Salazar/ Caetano, nem sequer fazia pestanejar uma dúvida na mente destes "democratas" de paleio absurdo.
E o mais impressionante foi o modo como a generalidade dos media encarreirou neste destino de Panurgo, caminhando alegremente para o abismo já anunciado, mas com a ideia fixa da festa dos amanhãs a cantar. Loucura. Loucura, foi o que foi e os que a gizaram estão aí outra vez, prontos para outra. Não esqueceram nada e nada aprenderam.
A prova?
Em 19 de Dezembro de 1974 a mesma revista Vida Mundial dedicou algumas páginas à "história e programas dos partidos políticos", com assinatura de um tal Alexandre Manuel ( gostaria de saber quem é e onde parará...). As páginas sobre a "esquerda revolucionária" e a "extrema direita" são exemplares da alucinação. Abaixo, se o indivíduo que aparece na foto logo no lado direito e mais visível não é o Louçã, poderia bem ser...
Os partidos de "extrema-direita" eram dois e apesar de se dizerem cristãos e social-democratas não havia dúvidas para o tal Alexandre que eram de extrema-direita...e evidentemente não contavam para a "democracia".
Em 18 de Abril de 1975, a Flama anunciava a campanha eleitoral assim, com as duas figuras principais da "democracia", em primeiro lugar e destacadas dos demais:
No interior o predomínio da Esquerda e Extrema-Esquerda era evidente e esmagador. O "mãozinha" e o "foicinha" eram os maiorais.
A Vida Mundial de 3 de Abril de 1975 dedicou mais de vinte páginas ao "dossier eleições", mostrando os programas dos vários partidos políticos. Os da Esquerda e Extrema-Esquerda não deixavam enganar ninguém, como hoje acontece porque escondem esses programas e os jornalistas nunca questionam os Semedos, Louçãs, Dragos e Jerónimos sobre o que pretendem para a sociedade em que estão e para o regime burguês a que se habituaram. O que pretendem com o dito de "mudar de políticas" será mudar dentro do sistema ou alterar o regime, como sem margem para dúvida o pretendiam fazer em 1975? E os programas mudaram porventura alguma vírgula desde então? A loucura não continua a ser a mesma?
A UDP, por exemplo, agora em voga por causa de um maluco que anda no BE, tem programa diferente deste que tinha em 1975, sobre o poder popular e outras palermices?
E uma organização comunista como a FEC (ml) ou a FSP ( linha esquerda do PS) ou a LCI ( trotskista) porventura mudaram uma linha do seu pensamento absurdo de 1975? Se não mudaram, que crédito continuam a merecer dos media em geral e principalmente das tvs que todos os dias, sem excepção, convidam destacados militantes destas loucuras e alucinações para contestarem as políticas e comentarem a actualidade? Que crédito merece esta gente, nesta democracia burguesa que temos? Será que estes jornalistas aprenderam a profissão imersos na mesma loucura? Dá todo o aspecto disso porque não há na Europa nada que se lhes assemelhe. É incrível!
E se alguém pensar que mudaram com o tempo é tempo perdido porque continuam na mesma.
O exemplo mais perfeito desta loucura era...este tipo de exemplos que esta gente dava dos paraísos que nos esperavam se votássemos neles. Por exemplo este artigo na Vida Mundial de 19 de Dezembro de 1974 sobre a Albânia é de morrer. Agora a rir, mas nessa altura a sério.
Repare-se na alucinação sobre " a sociedade perfeita" que esperava encontrar a "igualdade absoluta" num amanhã breve e encantador: "por volta de 1990-1995" . Na altura da queda do muro...
O mais grave disto tudo é que uma boa parte de pessoas que comungaram estas ideias mandam agora em empresas públicas, partidos, organizações políticas, legislam, policiam, vigiam, e são directores de jornais e televisões.
Ainda mais incrível: um deles foi presidente da República e disse que "havia vida para além do défice"...
nunca irei esquecer esta canalha e não vou perdoar-lhes seja o quer for.
ResponderEliminarinfelizmente a classe média agachou-se e com 'cagaço' e agora paga a factura.
já nem os oiço. conheço a cassete pirata destes gajo que pertenceram ao soviete conhecido por konsomol.
deviam estar passar férias definitivas para o gulag de Kolyma onde colocaram o trotskista Varlam Chalamov. leiam os seus 'récits de la kolyma'
como variante têm do maoista St'ephane Courtois 'le livre noir du communisme'
querem ressuscitar o kominform, mas a China não deixa
PQP
Alucinação é o termo e o José insiste na semântica. também penso que é fenómeno único.
ResponderEliminarPelo menos na Europa não existe nenhum país onde as palavras mandam, como cá.
E a "fase de transição". esta malta devia ser convidada para se explicar agora e o que queriam ou querem ainda.
ResponderEliminarAquele programa da UDP é tão parecido com que ainda gritam para aí.
ResponderEliminarE a piada é que na altura os falsos revolucionários, como vem lá, eram os Mrs e agora o Fazenda, que era MR, faz de líder da UDP, dentro dos inimigos sociais-fascistas.
ahahahahahahah
Malucos. Nunca deixaram de o ser. Doidos varridos.
ResponderEliminarO artigo da Albânia é o máximo
ResponderEliminarAHAHAHAHAHAH
o Farol do Ocidente.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarA colonização do Estado por todos esses visionários, com alguns golpes de rins pelo meio e com o saneamento dos "fassistas" levou Portugal ao paraíso.E a um Estado de Direito muito particular deles.Tanto pode ser assim como assado...o Marinho Pinto é que pode discorrer sobre o assunto pois é um dos adeptos de o mundo agora é só um, depois da entrega de tudo o que tinha preto e não era nosso(na receita, pois que na despesa continua...)
ResponderEliminarNão se preocupe que o tempo tudo resolve. Muitos desses fabianos já foram passar o Natal à terra.
ResponderEliminarSó este blogue tem a coragem de enfrentar, diga-se, com um acervo notável, uma certa esquerda que, se faleceu sob qualquer ponto que se queira, em Portugal ainda exerce influência em alguns sectores onde se esforça por aplicar o seu programa, cuja marca no fundo é o ódio à divergência, que ela entende ser expressão de má consciência. Não houve um só teórico esquerdista relevante cujo objectivo não fosse a superação dos “limites” da democracia. Sem esse horizonte escatológico, inexiste esquerdismo.
ResponderEliminarEstes “progressistas” não se vêem a si mesmos como expressão de um conjunto de valores no meio a tantos outros, com os quais teriam de competir, mas como a evolução do pensamento, o seu desdobramento superior. Assim, ou se está com eles ou se está com o atraso, com o retrocesso, com a reacção. Ora, se o “outro”, o que pensa diferente, não é um adversário, mas um inimigo da civilização, então não merece respeito e tem de ser eliminado – ainda que uma eliminação moral.
Quem não fala como um deles fá-lo só por não ser um deles, como se a essência de um regime de liberdades não estivesse justamente no direito de… não ser um deles! Nas ditaduras também é possível dizer “sim”. O que caracteriza a democracia é a possibilidade de dizer “não”.
Mas isso eles nunca entenderão.
E tudo "isto" se deu há momentos ( històricamente falando ); e estes verdadeiros criminosos continuam a ocupar o palco e, para cúmulo, ainda colhem aplausos!
ResponderEliminarFica-se com a desagradável sensação de que, como povo, constituímos o caldo de cultura ideal para o sucesso de qualquer charlatâo trampolineiro.
E os exemplos abundam : soares, sócrates,alegres,sampaios , etc.etc.
"E os exemplos abundam : soares, sócrates,alegres,sampaios , etc.etc."
ResponderEliminarÉ exactamente esse o fenómeno: artures baptistas da silva, António Costa, António José Seguro, Marques Mendes, Cavacos Silva, Santanas Lopes, Durões Barrosos, Guterres, directores de jornais tipo Ricardo Costa e Nicolaço, Directores de informação tipo RTP, SIC e TVI e estamos feitos.