domingo, fevereiro 10, 2013

O absurdo da Esquerda comunista

O tempo do nosso PREC- praticamente deste o 25 de Abril de 1974, mas com maior incidência ofensiva a partir do Verão desse ano, até Novembro do  ano seguinte- foi um tempo de loucura e alucinação colectiva e manipulação informativa em grau nunca mais visto em Portugal. Esse tempo revolucionário alterou efectivamente o modo como os portugueses olhavam para a política e políticos em geral e moldou alguns dos conceitos ainda hoje válidos para a expressão do que politicamente se entende como correcto dizer e escrever. As palavras "reaccionário", "fascista" ( dito de um modo sibilado como o inefável Pato do PCP ou outros a diziam), "socialismo", "democracia", "liberdades", "progressista", "esquerda", "direita", etc etc foram alteradas e modificadas no seu sentido semântico e passaram a assumir um significado diverso do que tinham alguns meses antes, num fenómeno porventura único no mundo ocidental.
Tais alterações semânticas pegaram de estaca e de tal modo se enraizaram no léxico corrente que nem damos conta do modo como apareceram na linguagem comum e para a desfazer e desconstruir é preciso ir à História e mostrar como fomos assim enganados colectivamente. 

Em finais de 1974 passou a falar-se em eleições gerais para uma assembleia constituinte, a fim de aprovar uma nova Constituição. As revistas da época na altura da abertura da campanha eleitoral, não pouparam artigos encomiásticos à loucura colectiva vivida e à alucinação em curso acelerado. A Economia nacional estava já em pantanas, mal tínhamos para comer se não nos emprestassem dinheiro e mesmo assim vivia-se um tempo de euforia e festa de Esquerda. Alucinante por vezes e como nunca mais houve igual.

Em Março de 1975 a esquerda comunista, com apoio do partido socialista ( do socialismo democrático), nacionalizou quase todas as estruturas produtivas de relevo, no país, ao mesmo tempo que nacionalizou bancos e seguradoras. O panorama em Abril de 1975 era este que um jornalista, Maia Cadete, descrevia na Vida Mundial de 10.4.1975:

Quem ler este artigo ( como sempre, clicar duas vezes, sucessivamente , na imagem, abrindo noutra janela maior e com possibilidades de ser lido) só pode ficar impressionado com a loucura que tudo isto representou. A alucinação destes fósseis do comunismo que ainda hoje nem sequer desarmaram é impressionante. O modo como faziam proselitismo descarado de um sistema e regime que nos atiraria para uma ditadura muito pior do que jamais fora a de Salazar/ Caetano, nem sequer fazia pestanejar uma dúvida na mente destes "democratas" de paleio absurdo.
E o mais impressionante foi o modo como a generalidade dos media encarreirou neste destino de Panurgo, caminhando alegremente para o abismo já anunciado,  mas com a ideia fixa da festa dos amanhãs a cantar. Loucura. Loucura, foi o que foi e os que a gizaram estão aí outra vez, prontos para outra. Não esqueceram nada e nada aprenderam.
A prova?
Em 19 de Dezembro de 1974 a mesma revista Vida Mundial dedicou algumas páginas à "história e programas dos partidos políticos", com assinatura de um tal Alexandre Manuel ( gostaria de saber quem é e onde parará...). As páginas sobre a "esquerda revolucionária" e a "extrema direita" são exemplares da alucinação. Abaixo, se o indivíduo que aparece na foto logo no lado direito e mais visível não é o Louçã, poderia bem ser...

Os partidos de "extrema-direita" eram dois e apesar de se dizerem cristãos e social-democratas não havia dúvidas para o tal Alexandre que eram de extrema-direita...e evidentemente não contavam para a "democracia".

Em 18 de Abril de 1975, a Flama anunciava a campanha eleitoral assim, com as duas figuras principais da "democracia", em primeiro lugar e destacadas dos demais:

No interior o predomínio da Esquerda e Extrema-Esquerda era evidente e esmagador. O "mãozinha" e o "foicinha" eram os maiorais.

A Vida Mundial de 3 de Abril de 1975 dedicou mais de vinte páginas ao "dossier eleições", mostrando os programas dos vários partidos políticos. Os da Esquerda e Extrema-Esquerda não deixavam enganar ninguém, como hoje acontece porque escondem esses programas e os jornalistas nunca questionam os Semedos, Louçãs, Dragos e Jerónimos sobre o que pretendem para a sociedade em que estão e para o regime burguês a que se habituaram. O que pretendem com o dito de "mudar de políticas" será mudar dentro do sistema ou alterar o regime, como sem margem para dúvida o pretendiam fazer em 1975? E os programas mudaram porventura alguma vírgula desde então? A loucura não continua a ser a mesma?
A UDP, por exemplo, agora em voga por causa de um maluco que anda no BE, tem programa diferente deste que tinha em 1975, sobre o poder popular e outras palermices?

E uma organização comunista como a FEC (ml) ou a FSP ( linha esquerda do PS) ou a LCI ( trotskista) porventura mudaram uma linha do seu pensamento absurdo de 1975? Se não mudaram, que crédito continuam a merecer dos media em geral e principalmente das tvs que todos os dias, sem excepção, convidam destacados militantes destas loucuras e alucinações para contestarem as políticas e comentarem a actualidade? Que crédito merece esta gente, nesta democracia burguesa que temos? Será que estes jornalistas aprenderam a profissão imersos na mesma loucura? Dá todo o aspecto disso porque não há na Europa nada que se lhes assemelhe. É incrível!
E se alguém pensar que mudaram com o tempo é tempo perdido porque continuam na mesma. 



O exemplo mais perfeito desta loucura era...este tipo de exemplos que esta gente dava dos paraísos que nos esperavam se votássemos neles. Por exemplo este artigo na Vida Mundial de 19 de Dezembro de 1974 sobre a Albânia é de morrer. Agora a rir, mas nessa altura a sério.
Repare-se na alucinação sobre " a sociedade perfeita" que esperava encontrar a "igualdade absoluta" num amanhã breve e encantador: "por volta de 1990-1995" . Na altura da queda do muro...



O mais grave disto tudo é que uma boa parte de pessoas que comungaram estas ideias mandam agora em empresas públicas, partidos, organizações políticas, legislam, policiam, vigiam, e são directores de jornais e televisões.
Ainda mais incrível: um deles foi presidente da República e disse que "havia vida para além do défice"...

Questuber! Mais um escândalo!