Daqui, sobre a Justiça e a opinião pública:
O sociólogo António Barreto ficou impressionado com a constante perda de confiança dos portugueses na justiça nos últimos 10,15 anos: caiu de 49% para 28%. Foi o que mais o surpreendeu nos dados fornecidos pelo novo portal Opinião Pública (www.pop.pt), ontem lançado, no qual é traçado o perfil da opinião sobre temas centrais, da família à religião.
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Sem rodeios, Barreto assumiu o choque "no decréscimo de confiança dos portugueses nas instituições da justiça, nos tribunais e nos magistrados". Sublinhou: "É "chocante e surpreendente, é muito forte. Tem um impacto na sociedade toda. Tudo o que se faz envolve justiça: contratos, emprego, habitação, casamento". No seu entender, tal facto deve-se à lenta mudança das instituições da justiça face ao mercado, à democracia, à União Europeia. "É um dos raros sectores que foi muito pouco mudado pela democracia, pela liberdade desde 75". "Adaptou-se muito dificilmente e cada vez mais dificilmente" e, além disso, "é muito pouco aberto ao escrutínio" e "está fechado aos cidadãos e aos valores universais". A justiça "tem dentro de si própria uma espécie de sistema de poderes, o poder do ministério da Justiça, dos magistrados (...), sistema de poder terríveis, muito fortes".
Este fenómeno recorrente dos comentários depreciativos sobre a Justiça é deprimente e tem sido marca de António Barreto ao longo dos anos. Uma marca que acaba por ser indutora de outros comentários depreciativos replicados pelos papagaios do costume e jornalistas de ocasião.
Então para atalhar razões digamos assim: por estranho que pareça, a Justiça está melhor do que jamais esteve em Portugal e António Barreto não sabe do que fala. Fica assim porque desenvolverei mais tarde esta ideia.