Antes de 25 de Abril de 1974 a liberdade de imprensa era, em muitos casos, uma simples miragem. Os jornais de oposição ao regime, congregando já a Esquerda comunista e cripto-comunista na pele dos jornalistas e directores ( Ruella Ramos e Raul Rego, por exemplo) escreviam entre-linhas a mensagem que pretendiam transmitir e os leitores informados descodificavam. Como diziam numa sondagem dos primeiros meses de 1974, já aqui mostrada, no Diário de Lisboa, "tiravam umas pelas outras". A maioria, porém, não tirava nada, a não ser o que lhe mostravam as capas e notícias. De resto, a situação económica do país era promissora e de esperança e politicamente estávamos em guerra contra o comunismo, em África. Como Marcello Caetano avisava e como se veio a demonstrar nos meses restantes de 74 e seguintes de 1975, e que os retornados conhecem muito bem.
O discurso político-social na imprensa e media em geral, em Portugal, era situacionista, arreigado ao respeitinho pela situação política do marcelismo. O melhor exemplo de tal jornalismo é o Diário de Notícias e particularmente a imagem mostrada, da edição de 25 de Outubro de 1973, escassos meses antes do 25 de Abril e ainda antes do livro de Spínola, Portugal e o Futuro que prenunciou o golpe militar e o justificou em certa medida. Esse livro que poucos leram mas todos perceberam a mensagem implícita, foi o sinal primeiro do canto de cisne do regime. A partir daí, nada ficaria igual na política e sociedade portuguesa porque todos se aperceberam que havia nas Forças Armadas quem pensasse que a guerra tinha que acabar e fizesse algo para tal suceder. A esperança que tal comportava para os milhares de jovens e pais que previam uma futura e próxima incorporação militar com destino à guerra, foi um rastilho importante do 25 de Abril.
Pois bem: o que diziam ou escreviam os jornais da época? Reflectiam tal estado de espírito nacional? Não, de todo, por causa da censura prévia e da censura interna dos jornalistas que então escreviam, incluindo os de esquerda nos jornais da dita: Diário de Lisboa, República, até a Capital que depois foi de Balsemão e mesmo o Diário Popular de familiares de Balsemão e tutti quanti, mais correio da manhã de uma elite que já nao há, que outra coisa.
Esta primeira página do Diário de Notícias mostra todo o estilo jornalístico da época: respeitinnho sempre e notícias do "país positivo" sempre também. Nem uma réstea de abertura a uma pequena contestação que fosse às ideias do presidente do Conselho, no caso Marcello Caetano que entendia muito bem estas limitações à liberdade de imprensa, mas as achava necessárias a preservar o país do comunismo ou anarquia. Era esta a única razão para a limitação de tal liberdade. Teria Marcello Caetano razão de fundo? Nem por isso, uma vez que uma sociedade livre de pensar por si e com liberdade de escolha esclarecida não iria optar por votar numa escravidão como a vivida nos países de Leste. Tal erro de Marcello Caetano, custou-lhe o cargo e o exílio. Marcello entendia que os portugueses ainda não estavam preparados para a Liberdade de poderem ler artigos comunistas explícitos como apareceram depois naquele Diário de Lisboa, onde já havia o Mário Castrim, um comunista bem fossilizado, a fustigar todos os dias os programas de tv que achava do "país positivo". Escrevia crónicas manhosas mas de uma escrita límpida e estilosa que me agradavam ler e coleccionava. Como esta, da mesma altura, Diário de Lisboa 3. 10. 1973, deliciosa em que malhava num prócere da direita por causa das eleições:
Hoje em dia o panorama mediático é muito mais confuso, mas nem por isso menos claro na profusão de manhosos que abundam nas redacções e direcções. Actualmente, o problema não é tanto político-ideológico, porque essa batalha já a venceram há muito, de facto, logo no dia 25 de Abril de 1974, mas sim económico, resumidamente, de dinheiro e de ganhos salariais e rendimentos condizentes.
O Diário de Notícias de hoje publica uma página sobre um "debate" que reuniu vários intervenientes no espaço mediático, mormente televisivo e a conclusão que podemos ler é que afinal continua a haver censura "interna", "psicológica", auto-censura e pior que isso, encobrimento de factos graves que constrangem a liberdade de informação de forma grave.
Um tal Fausto Coutinho ( de onde é que aparecem estas pessoas?) director de informação no rádio da RDP até diz que "os constrangimentos não podem servir como argumento para limitar a liberdade de expressão e de imprensa". Que quer isto dizer?
Que o que ganha ao fim do mês, como director, não pode servir de desculpa para colocar uma jornalista tipo Maria de São José a soletrar as ideias da oposição ao Governo ou da Esquerda em geral, escolhendo os entrevistados-flash tipo militantes do BE? É isso?
Antes de 25 de Abril quem lia os jornais já sabia que tinha que tirar umas pelas outras. Hoje em dia é bem pior: apresentam-nos as notícias como espelho da realidade sem ocultações, mas com uma evidente carga ideológica que a maioria dos leitores, ouvintes ou espectadores não capta ou desconhece, tomando-as sempre pelo valor facial dos sofismas. E isso permanentemente como política redactorial. É essa a Liberdade que preferem?
O director da informação da RTP, Paulo Ferreira, aqui neste blog mostrado como a bête noire desta miséria jornalística, que diz sobre isto? Diz que "quanto mais dependência, menos liberdade editorial". E está certo, faltando-lhe tirar as devidas consequências desse modo de pensar por alto.
O jornalismo actual depende de forças económicas que dantes não eram tão importantes? E então, terão maior independência? Terão mesmo? Porque é que os media em geral não expôem com toda a clareza o que se passou com o BES de Ricardo Salgado, o BCP de Santos Ferreira, a CGD de Vara e Bandeira e as manigâncias do assalto ao poder mediático expostas no Face Oculta?
Esses factos conhecidos mereciam não só um Prós & Contras mas um levantamento de rancho nas redacções. Porque é que tal não sucedeu e temos sucessivamente os Paulos Ferreiras nas direcções de informação, os Josés Albertos de Carvalho a capar veleidades informativas de repórteres ou as mediocridades judíticas? Porque é que a RTP conserva um programa da Campos Ferreira que se assemelha aos do marcelismo televisivo do país positivo? É que nem sequer consegue ser um No Dia em que Você Nasceu, do saudoso Artur Agostinho.
Porque é que temos de aguentar isto que nos saiu em rifa?
Estaremos hoje, 39 anos depois do 25 de Abril de 1974 que nos devolveu a plena liberdade de imprensa tão almejada pela Ala Liberal de um Balsemão de então, melhor que antes no que se refere à efectiva liberdade de escrever sobre assuntos que supostamente tal liberdade permitiria?
Não me parece. Os media, hoje em dia, têm medo de Ricardo Salgado e outros e dantes não tinham. O Governo não deixava que tivessem. Tinham medo do Governo, isso sim. Mas tal era conhecido e já sabiam dar-lhe a volta...
Não há meio de dar a volta a isto para ficarmos melhor informados do que estamos?
Pois é, José.
ResponderEliminarAgora pergunto eu: Marcello tinha ou não, razão?
(já agora, acha que em havendo liberdade de imprensa - na teoria, como agora - Caetano ganharia alguma coisa com isso? Eu penso que não. Talvez se adiasse mais um pouco)
Eu penso que a razão da teórica falta de liberdade de imprensa - e digo teórica, porque agora também é teórica a liberdade, que não existe na realidade - não teria sobretudo que ver com os comunistas.
Sinceramente, acho que o motivo era precisamente evitar o que temos hoje: desinformação.
Recorde-se que Salazar defendeu muitas vezes a censura como sendo o meio através do qual o Estado garantia que a imprensa não publicava informação falsa, queixando-se de que previamente, até números falsificava. Creio que Caetano sabia bem o que viria com a liberdade total de imprensa, e sabia que isso seria usado para subverter o trabalho do Governo. Demais a mais, estava-se em guerra, e não há país algum que permita propaganda política dos seus inimigos em tal situação.
Porque, convenhamos, se a liberdade existisse na altura, o PC nunca se exporia através da imprensa. Como a lei se baseava em acções, o acto de publicar um artigo comunista num jornal configuraria um atentado à segurança do Estado, ou coisa do género, sendo portanto fácil de engaiolar o artista. Seria facilitar o trabalho à PIDE.
Portanto, creio que as razões da falta de liberdade de imprensa teriam mais que ver com Balsemões (por exemplo) do que com comunistas...
Caetano nunca teve apoio do Almirante e da suas forças armadas.
ResponderEliminarterá pensado sobreviver ao 25.iv.
segundo um pide havia várias direitas e várias pides. Rosa Casaco passeou-se porque sabia demais.
hoje o jornalismo continua mercenário ao serviço da esquerda ou do grande capital.
o mesmo acontece com as centrais sindicais
um dia o castrim escreveu umas porcarias que me desagradaram~.
enviei-lhe este aviso devidamente assinado
«comuna, aldrabão sem fim,
se continuas no passado;
começaste mário castrim,
'inda acabas mário catrado»
O Castrim era coxo. Tinha uma pernita mais pequena que a outra e a Natália Correia quando p+ublicou em 1977 o livrito de maledicência Revolucionários que conheci ( e que tenho por cá, com caricaturas de Cid e que recolheram algumas crónicas saídas no jornal O País), dedicou-lhe um capítulo. Título: Kastrim Pidovitch pé-de-leque ou o "koxinho das estepes".
ResponderEliminarChama-lhe "mentor de rapazinhos" e de "rapariguinhas, uma delas sua actual companheira" ( Alice Vieira).
É um artigo nasty nasty.
A liberdade de imprensa ou não tinha a ver com uma noção de moral que também era política.
ResponderEliminarPreservar uma ordem; um staus quo.
Eu prefiro que essa tarefa seja entrega à tradição, incluindo a que devia ser preservada pela escola.
'o coxinho das estepes' morava perto dum colega e um dia no átrio disse-lhe a quadra de pé quebrado e o 'alimal' borrou-se.
ResponderEliminartodos os comunas que conheci eram uns 'cobardolas', com excepção de um dos vários Amigos
fui visitar o pide à 'pildra'. depois de sair desatou-se-lhe a língua. pertencia ao Mirn de que foi fundador o meu Amigo Repas, irmão da mesma Loja. contava 'coisas' entre o Bairro Alto e a zona do Cemitério de Benfica quando o transportava depois das reuniões.
pelas 15h passei casualmente na rua da Atalaia e estive junto ao Palácio do Gol. a canalha continua a considerar-se sociedade secreta. junto à porta do 25 continua a placa Grémio Lusitano. pintaram a fachada de amarelo cor de diarreia estival
Escrevi Natália Correia quando queria escrever Vera Lagoa.
ResponderEliminarDesculpas pelo lapso.
comprava o Diabo semanalmente. este era lido em Viena pelo meu Amigo.
ResponderEliminareu e ela temos um apelido em comum. apreciava a sua coragem e caíram-me umas lágrimas quando faleceu. só tinham acontecido com De Gaule.
desfilei a seu lado num 1º de Dezembro na Avenida da Liberdade. os comunas estavam barricados e borrados de medo no ex-hotel Victória
apareceu ajs no telejornal da noite (anti-contribuintes). nem sei como classificar a lástima
"Eu prefiro que essa tarefa seja entrega à tradição, incluindo a que devia ser preservada pela escola."
ResponderEliminarEu também.
Mas a Ditadura Nacional, a que se seguiu o Estado Novo, tomou conta dum país com centenas de anos de tradição destruída ou vilipendiada.
Eu que nunca pensei concordar com a Censura (e ainda não concordo) fiquei um bocado a balançar com um texto de António Ferro, que li num livro que tenho por ali algures.
Mas para responder ao José:
“Não há meio de dar a volta a isto para ficarmos melhor informados do que estamos?”
Há!
Quando houver justiça que funcione.
Que permita que os pobres possam falar sem que os ricos os persigam.
Quando quem mente seja mesmo castigado.
Há um assunto por exemplo que seria de relembrar pela comunicação social, que perde tanto tempo a falar sobre cursos superiores “à relvas” e “à sócrates”:
ResponderEliminarÁlvaro Cunhal acabou o seu curso de direito, preso em Peniche e foi Marcelo Caetano que lhe fez o último (ou um) exame.
Só não me lembro se foi mesmo Marcelo Caetano que foi a Peniche, ou se foi Cunhal que foi trazido à Faculdade.
Mas que “granda” ditadura fassista…
"Só não me lembro se foi mesmo Marcelo Caetano que foi a Peniche, ou se foi Cunhal que foi trazido à Faculdade."
ResponderEliminar"Foi Assim"...como explica a camarada Odete Santos, a partir dos 4 minutos e 57 segundos:
http://www.youtube.com/watch?v=VDcrAihknbk
Por falar nesse programa, foi cá uma fúria que deu à camarada Odete no final...
http://www.youtube.com/watch?v=hHWtZtXHkq8
mas estamos a brincar? dantes as pessoas tinham medo de falar sobre política num café.
ResponderEliminarantes do 25 de abril os participantes deste blogue provavelmente já teriam tido problemas com a censura. acho que nao existe comparação possível.
concordo com o mentat, se a justiça funcionasse e o mp fizesse aquilo para que é "principescamente" pago (pelos padroes portugueses), não tinhamos de andar por aqui a discutir o "sexo dos anjos" quanto à censura.
ResponderEliminarconcordo com o mentat, se a justiça funcionasse e o mp fizesse aquilo para que é "principescamente" pago (pelos padroes portugueses), não tinhamos de andar por aqui a discutir o "sexo dos anjos" quanto à censura.
ResponderEliminar"se a justiça funcionasse e o mp fizesse aquilo para que é "principescamente" pago (pelos padroes portugueses), não tinhamos de andar por aqui a discutir o "sexo dos anjos" quanto à censura."
ResponderEliminarA Justiça em Portugal pode funcionar tão bem ou melhor que em Espanha, França, Itália ou Alemanha. Em muitos casos, até funciona.
Em que é que não funciona? Nos casos em que as garantias processuais não permitem e a rotina investigatória não deixa.
Os códigos são feitos dos mesmos princípios. Logo, a questão reside algures.
Porém, não creio que os problemas aqui elencados tenham necessariamente que passar pela justiça penal. Antes disso há a justiça social, a da opinião pública que os media ajudam a formar. E se convidam um José Sócrates para um monólogo político ao Domingo, depois do que fez ao país, isso significa que as pessoas da RTP não têm a noção dessa Justiça nem sequer o direito de atacar a Justiça do modo como por vezes o fazem.
Quem contemporiza com as personagens que estão metidas nos casos mais escabrosos e escândalos mais patentes na sociedade portuguesa dos últimos anos, como é o caso da pedofilia no PS, o devorismo financeiro no BPN, BPP, BCP e BES e ainda o que se passou com os escritórios de advogados de Lisboa e Porto ( meia dúzia deles) que depois de venderem os pareceres ao Estado ainda são convidados para comentar nas tv´s não tem qualquer moralidade para criticar a justiça portuguesa.
ResponderEliminarQuem escreve para a Impresa e comenta na RTP ou SIC-N, par a par com algumas personagens desses escândalos ou até as convida para tal, o que merece em termos de Justiça?
ResponderEliminarsetembro-dezembro de 57 reunia-se diariamente a maioria dos 50 amigos vindos do Porto. no falecido Martinho junto ao D. Maria.
ResponderEliminarhavia comunas, xuxas, católicos ... discutia-se politica alto e bom som.
nunca ninguém foi preso ou teve aborrecimentos.
ter ficheiro na Pide não significava perseguição
um Amigo e Irmão tinha a mala sempre atrás da porta.
um Irmão coronel que apoiou Delgado esteve preso juntamente com um Irmão juiz. divertiam-se no recreio: o 1º dava ginástica aos pançudos, o 2º treinava fute porque fora internacional. sentiam-se em férias forçadas.
tanto quanto sei os comunas revolucionários recebiam tratamento diferente mas nada do que fazem crer.
um filho da puta que esteve no Tarrafal chateou-me de morte em 74-75 e depois pediu-me para ir negociar a vinda da administração sem condições.
são uns merdas quando não têm apoio militar
"...mas estamos a brincar? dantes as pessoas tinham medo de falar sobre política num café.
ResponderEliminarantes do 25 de abril os participantes deste blogue provavelmente já teriam tido problemas com a censura. acho que nao existe comparação possível."
Caro Rui
Eu não estou a brincar.
Você é que desculpe que lhe diga “emprenhou de ouvido".
Em 17 de Março de 1974, com 15 anos eu discutia com os meus colegas de Liceu qual é que seria a data do próximo golpe de estado.
Nenhum de nós teve problemas.
No dia 26 de Abril de 1974, vi na televisão serem libertados de Caxias, 86 presos políticos, mas no fim desse ano havia 10000 presos pelo COPCON.
Um deles era um amigo meu com 16 anos, só porque o Avó era um latifundiário do Alentejo.
Este regime “democrático” é uma bosta desde a sua origem.
E deve-se, só por o Marcelo Caetano quis ser justo com os oficiais milicianos, e os oficiais do quadro não gostaram.
O que nasce torto, tarde ou nunca se endireita.
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Desculpe mas não emprenhei nada de ouvido, passa-se é que o meu pai foi preso pela PIDE, pelo que sei que a repressão era bem real. Nao tem nada a ver com o que se passa atualmente (o mais proximo que vi foi a situação do professor Caldeira nos tempos do socrates, e mesmo assim por via judicial, nao houve detençoes). Desculpe mas lá porque uns rapazes de liceu, provavelmente inconscientes, tiveram umas conversas sobre golpes de estado atrás do pavilhao, isso nao quer dizer que nao houvesse repressão.
ResponderEliminarOutro dia outro senhor de mais idade contou-me que foi detido antes do 25A porque estava aos "namoriscar" com uma rapariga no campus do tecnico numa zona mais reservada, (nao posso confirmar que tenha sido no tempo do marcelo caetano ou anterior) mas desculpe mas nao tem nada a ver a liberdade que se vive hoje a nivel de liberdade de expressão.
Quanto ao fato dos militares do quadro terem levado a cabo o 25A quando eram os milicianos que faziam o real esforço de guerra nas linhas da frente, totalmente de concordo consigo.
Rui:
ResponderEliminarÉ preciso contextualizar todos os actos arbitrários de repressão ocorridos imediatamente antes de 25 de Abril por um motivo que no fundo é a razão de eu andar por aqui a escrever estas coisas:
Não se deve extrapolar de um acto de repressão policiesca que existia, de facto, para um regime policial in totum.
Portugal não era um regime policial e se existiam actos que isolados o podem classificar, tal existia noutros países ditos democráticos como os EUA por exemplo. Ou a Inglaterra. Ou até a Alemanha.
Os anos setenta foram anos de descompressão de costumes, na Europa e EUA. E Portugal chegou atrasado a esse combóio mas recuperou logo, no 25 de Abril de 74.
A repressão policial que existia em 24 de Abril era isso mesmo mas não era sintoma de estado policial.
E é essa contextualização que não lhe vejo fazer e devia, por amor a uma Verdade que não é a que nos costumam contar nos media.
Caro Rui
ResponderEliminarO seu Pai foi preso pela PIDE, mas foi libertado não foi?
Um dos meus Avôs também foi, só por que lhe não apeteceu inscrever-se na Legião.
Mas não se queixou de nenhuma violência.
O meu Pai nunca foi preso nem perseguido.
Como estava na tropa durante a 2ª GG, e nos Açores, antes dos Americanos lá entrarem, era um grande apreciador de Salazar.
Sabia que provavelmente lhe devia a vida.
Pode não ser o caso do seu Pai, mas muitos dos presos “políticos”, que foram libertados de Caxias em 26/4/74, não eram mais que uns putos que a PIDE prendia nas vésperas do 1ª Maio, para os poupar a umas sarrafadas que a GNR gostava de distribuir nessa altura.
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“Desculpe mas lá porque uns rapazes de liceu, provavelmente inconscientes, tiveram umas conversas sobre golpes de estado atrás do pavilhao, isso nao quer dizer que nao houvesse repressão.”
ResponderEliminarCaro Rui
Claro que éramos uns inconscientes, eramos uns putos.
Mas a minha precisão na data e no tema devem-se a um facto de que nunca me esqueci.
Em 16 de Março de 1974 deu-se a intentona das Caldas.
Em 17 de Março de 1974, o Reitor do Liceu Camões fazia anos.
Não me lembro da idade, mas sei que era, a que o enviava para a reforma (70?).
Então, nesse dia, todos os alunos do Camões foram mandados para o ginásio, para assistirem a uma cerimónia de louvor e despedida ao Sr Reitor.
Tivemos que levar com uma quantidade de discursos muito entediantes, ao estilo da época.
Um deles era do “representante” dos alunos, o qual nos presenteou com um discurso, o mais “estado novo” que possa imaginar.
Por isso a discussão dos “putos inconscientes”, não foi feita atrás de nenhum barracão, foi feita no Ginásio do Liceu Camões.
E tinha dois temas, ninguém nos tinha pedido licença para que aquele “lambe-botas” nos “representasse” e o dito cujo, devia ser bem estúpido para ter aqueles modos, quando já se sabia que o Regime estava a terminar.
Qual o meu espanto, quando esse “artista”, no dia 26/04/74, passou a ser de esquerda e poucos anos depois chegou a juiz do tribunal constitucional.
É aquele “democrata”, que quando Sócrates “desovou” pela 1º vez, disse para os jornalistas a expressão “habituem-se”.
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“Outro dia outro senhor de mais idade contou-me que foi detido antes do 25A porque estava aos "namoriscar" com uma rapariga no campus do tecnico numa zona mais reservada,…”
ResponderEliminarCaro Rui
Esse “senhor de mais idade “ devia-lhe ter explicado com que menina é que ele estava a “namoriscar”.
É que com as colegas do Técnico, ou com umas visitantes de Veterinária ou Medicina, esse “namoriscar” era perfeitamente legitimo, até nos anos 80.
Agora com umas “profissionais” que pululavam naquela rua, entre o INE e a estátua da república, isso não era permitido nunca, nem nos anos 80.
Havia um Contínuo (aquele que nos comprava os foguetes para lançarmos no fim do curso), que policiava a “zona mais reservada,” “, para manter uma certa compostura (e segurança, já agora).
Bem, e de qualquer forma parece-me, que até hoje, certo tipo de comportamento em lugares públicos pode dar azo a detenção, sem que isso seja um acto de repressão política.
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E como confirmou a silviasantos2323, isto era uma ditadura tão feroz, que o comprovado dirigente do partido comunista tinha direito a ser escoltado pela PIDE a um exame.
ResponderEliminarAquela Odete é tão estupida, que nem percebeu o que estava a dizer.
Lá no “Sol da Terra” que os comunistas adoravam, a única escolta que um opositor do regime teria direito seria para um Gulag na Sibéria.
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Claro que se discutia tudo abertamente e ninguém era preso.
ResponderEliminarIsso é outro mito posto a correr pelos abrilistas.
Existiam mesmo cafés que sempre foram célebres pelas suas tertúlias.
E os livros proibidos vendiam-se nas calmas nas livrarias debaixo de umas mesas onde toda a gente sabia que "estavam escondidos".
"E os livros proibidos vendiam-se nas calmas nas livrarias..."
ResponderEliminarUma delas em Alvalade.
Preso por estar a namoriscar com uma rapariga?
ResponderEliminarEssa é anedota.
Na volta o seu amigo é um daqueles que também usa cabeleira quando vai para os jardins públicos à noite.
Só pode.
ahahahahahahaha
Outra na Praça do Areeiro. Outra na Avenida de Roma.
ResponderEliminarOs cafés é que hoje em dia já não existem.
Esta gente droga-se.
Como é possível inventar-se tanta patranha.
E ir preso por namorar com uma rapariga, está bem, está...
Na volta era um@ afilhad@.
Mas eles são bestas.
ResponderEliminarSão os próprios comunas e escardalhos que contam como faziam comícios antes do 25 de Abril.
Quando e onde se conheceram o Miguel Portas e o Louçã?
Vá, o patetinha do Rui que responda.
Mentat:
ResponderEliminar26 de Abril ou 27 de Abril?
O nosso amigo josé, quando se fala de Justiça mete a "cavilha" do corporativismo.
ResponderEliminarEu falei de Justiça em termos mais filosóficos, não estava a pensar em polícias, juízes, procuradores, etc.
Estava a pensar, que um marcelo qualquer, diz os disparates que lhe apetece e não lhe acontece nada, porque é rico (e isto não quer dizer só dinheiro), mas um jornalista que tenha filhos para sustentar, tem de ter muito tento na língua.
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"26 de Abril ou 27 de Abril?"
ResponderEliminarzazie
Um irmão desse "artista" sentava-se numa carteira ao meu lado.
Como o 25A foi a uma 5ªfeira.
Eu acho que foi a 26A, que se deu a transmutação.
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Os jornalistas que vendem mentiras são pagos a peso de ouro para isso.
ResponderEliminarÉ o inverso. Não é por falta de dinheiro para a boca.
É por deixarem que lhes besuntem bem as beiças que servem o status quo.
Pois eu ia jurar que foi a 27 que se lembraram que havia presos políticos fechados nas prisões.
ResponderEliminarNão é por nada mas se tivesse havido resistência tinha sido engraçado, tinha...
"Os cafés é que hoje em dia já não existem."
ResponderEliminarOra a Mexicana ainda existe.
Aí paravam os monarquicos que não gostavam do Salazar...
Pois existe. Mas não tem a vida nocturna que tinha.
ResponderEliminarnem o café Londres com aqueles bilhares.
A Avenida de Roma perdeu o charme dessa época e a animação nocturna dos cafés desapareceu por causa da novela.
Eu estava a falar da transmutação pessoal de muitos "democratas.
ResponderEliminarMas tem razão, a libertação dos prezos de Caxias foi no Sábado, logo foi a 27A.
Sou péssima para nomes mas lembro-me da quantidade de cafés que existiam, e tertúlias por todo o lado, em particular na Avenida de Roma.
ResponderEliminarEram pontos de encontro naturais depois do jantar.
E falava-se de tudo. Debatia-se tudo e trocavam-se todo o tipo de livros e revistas estrangeiras que nunca foram proibidas, sequer.
Pois, a 27.
ResponderEliminarTambém nunca contam este pequeno detalhe.
Só ao terceiro dia é que se lembram dos presos.
"A Avenida de Roma perdeu o charme dessa época..."
ResponderEliminarE a segurança...
Mas eu agora, também moro em Carcavelos, por isso nem sei o que se passa por lá.
Só que sempre que passo por ali, tenho de ir tomar uma bica à Mexicana.
Manias...
eehhehe
ResponderEliminarTambém tenho boas memórias desses lados.
E das pistas de carrinhos. Foi uma coisa que desapareceu.
No Estoril havia uma gigantesca e quem ia para lá brincar eram uns marmanjos bem grandinhos.
Agora brinca-se com telemóveis e coisas assim mais pequenas e sem piada nenhuma.
":O)))))
Mas é estranho como se perderam hábitos de convívio de rua e cafés com o excelente clima que temos.
ResponderEliminarAcho um péssimo sintoma da índole tuga.
Os espanhois são mais saudáveis.
Os tugas têm a mania de se encafuar. Pelo menos nessa época ainda convívio que nada tinha a ver com castas.
E a segurança, diz bem.
ResponderEliminarSempre que me falam da liberdade democrática eu só me lembro é que quanto mais moderna e democrática ela vai ficando mais risco de vida se corre na via pública.
Seja onde for. Perdeu-se a liberdade de andar na rua.
ni início dos anos 60 frequentava o 'Branco e Negro' na Av. de Roma onde se reunia o MPLA (mepelá) e onde se perguntava pelo António (Agostinho Neto). o dono era o Branco, o gerente era o Negro, velhos amigos de infância
ResponderEliminarfechou por causa do escândalo da barulheira que se fazia pela noite fora e acordava ou não deixava dormir os que viviam nos prédios próximos. até 'compravam' a polícia
em 1948-9 morava na quinta da Farinheira em Chelas e nas noites de fim de semana depois das 'soirés' do cinema ia a pé desde a Fonte Luminosa.
ResponderEliminarhoje não vou lá nem de dia a partir da Gago Coutinho ao fundo da Av dos EUA
a quem interessar:
ResponderEliminardesta quinta foi retirada a areia para as construções do Arieiro e Av. Roma
do buracão de 5 he por 50 m retiraram uma cabeça de sáurio que há uns anos estava exposta no Museu de Geologia junto à Academia das Ciências.
as conchas encontradas eram iguais as que observei no lago que separa a Áustria da Hungria na antiga Panónia. o mar terá recuado depois dos enrugamentos dos Alpes e posteriormente dos Pirenéus
Uma cabeça de lagarto e conchas da panónia?
ResponderEliminarConte lá o que é feito disso, Floribundus.
De que tamanho era o lagarto?
É incrível. Quando éramos miúdos passávamos o tempo a fazer explorações na "montanha" que era um monte que foi destruído para fazerem a rotunda e depois o Parque da Bela Vista.
ResponderEliminarMas havia por lá muitas casas abandonadas e fósseis.
Ia-se a pé, pela "montanha" até ao rio. E era aí que viviam os ciganos.
Acho que a minha mãe ainda tem alguns desses fósseis no quintal.
ResponderEliminarMas nunca fizemos uma descoberta dessas
eehhehehe
Tinha sido a glória da seita das zundapps gamadas
ahahahahahah
Floribundus, v. que ainda não é fóssil mas já tem uns no lombo, e mais do que eu, diga-me lá:
ResponderEliminarainda se lembra do Castanheira do Lumiar?
Era uma coisa deliciosa. Com cinema ao ar livre e borboletas gigantes.
Nunca me esqueci das borboletas que existiam por lá. E nunca mais vi borboletas desse tamanha.
Outro local mítico dos almoços e lanches domingueiros era a Quinta do Senhor da Serra- em Belas (creio que era da família do "Pachôco")
Aqui há tempo lembrei-me de ir à procura do Castanheira e já era...
ResponderEliminarEspero que o Floribundus não se tenha chateado com aquela dos fossilões.
ResponderEliminarDigo eu, a fossilita Zazie.
":O))))))
A historia que me foi contada era com uma colega e contou-me que também tiveram problemas com a polícia por andar a jogar à bola na alameda. Acredito que possa haver algum exagero...
ResponderEliminarEu não vivi essa época pois ainda nem era nascido, agora a impressão que tenho é que eventualmente um certa classe "privilegiada" de Lisboa e Porto (os tais cafés da av de roma, esqueceram-se do Luanda, do Vava e da suprema, aí por cima) poderia gozar de mais liberdade e provavelmente de melhores condições de vida (afinal as criadas eram baratas e nao era preciso pagar segurança social...), mas que a generalidade da população era muito mais oprimida do que agora.
às vezes por aqui parece-me que querem branquear um bocado certas situações que se passaram talvez porque faziam parte dessa tal classe privilegiada pre 25A e nao sentiram as dificuldades que a generalidade da população sentia...
Mas gosto bastante do blogue e é um prazer ler a maioria dos posts do josé apesar de por vezes discordar em certos aspetos...
Vejam o lado positivo da coisa:Pelos vistos da próxima vez não serão precisos coroneis na censura...
ResponderEliminarCaro Rui:
ResponderEliminarO problema é saber de onde lhe vem essa "ideia que tem".
É que a História, como sabe, tem vindo a ser re-escrita pela cultura reinante do pós 25 de Abril, pelos Fernando Rosas e outros historiadores do regime, sem qualquer direito ao contraditório.
Mas se é leitor assíduo deste blogue, facilmente perceberá - ou deverá perceber - que as coisas não foram bem como se conta ou como nos querem contar.
"Eu não vivi essa época pois ainda nem era nascido, agora a impressão que tenho é que eventualmente um certa classe "privilegiada" de Lisboa e Porto (os tais cafés da av de roma, esqueceram-se do Luanda, do Vava e da suprema, aí por cima) poderia gozar de mais liberdade e provavelmente de melhores condições de vida (afinal as criadas eram baratas e nao era preciso pagar segurança social...), mas que a generalidade da população era muito mais oprimida do que agora. "
ResponderEliminarPrecisamente porque não viveu a época é que será necessária maior cautela com os discursos oficiais que são todos da Esquerda e alguns mesmo estúpidos de todo.
Quanto à afirmação que agora produziu sobre a classe privilegiada e a generalidade da população é outra armadilha em que caiu: não era assim. O tal Vává, na avenida de Roma ou outros das redondezas não eram santuários protegidos em relação a outros lugares. Antes pelo contrário, acho.
A generalidade das pessoas não sentia a "repressão" política a não ser em alturas específicas e por causa de actos específicos como os de propaganda.
A melhor ilustração que quero dizer está no concerto dos cantores de intervenção ( quase todos, só faltou o Sérgio Godinho e o José Mário Branco e também o Luís Cìlia que estavam em Paris fugidos à tropa porque senão até esses poderiam ter lá estado)no Coliseu em Março de 1974.
Foi um sinal que o regime estava no fim e as forças do regime nada fizeram para contrariar.
Se quem escreve ou fala contra o regime de Caetano se lembrasse desse episódio teria maior cuidado na manipulação esquerdista que faz.
Meu Caro Rui
ResponderEliminarO meu grande privilégio de classe era ser filho dum casal de camponeses da Serra dos Candeeiros, que em vez de emigrar para França, Alemanha, Suíça, EUA, Canadá, Brasil, etc. (tenho parentes nesses países todos), migrou para Lisboa.
O meu Pai tinha a 3ª classe, a minha Mãe tirou a 4ª Classe já depois de casada e em Lisboa.
Obviamente, ao contrário do que eu faço com os meus Filhos, os meus Pais nunca puderam ajudar-me nos estudos.
No entanto, eu e uma das minhas irmãs fomos os 1ºs licenciados na nossa família, isto se não se contar, com um primo do meu Pai, que foi um merdas dos capitães de abril.
Tudo em ensino do Estado, sem padrinhos nem explicadores.
Os meus fins-de-semana e as minhas férias, para aí desde os 13 anos, eram passados a trabalhar ou em Lisboa no negócio do meu Pai, ou lá na terrinha, a tratar dum pomar e/ou a apanhar azeitona.
E julga que eu sou uma raridade?
Nem por isso.
Os meus amigos de infância tiveram uma vida mais ou menos semelhante à minha.
Ao contrário da merda de regime em que se vive, o Estado Novo permitia e permeava a mobilidade social.
Actualmente, quem não for rico está tramado.
Passeava pela Av. de Roma, pela Baixa, pela Estufa Fria?
Claro, ver montras era de graça.
A minha mesada era poupar o bilhete de autocarro nº 55, desde a Picheleira ao Liceu Camões.
Ia a pé para a escola.
E desde a 1ª classe.
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Caro josé
ResponderEliminarEu nunca senti nenhuma opressão.
Até me lembro que nos dias a seguir às "Conversas em Familia" do Marcelo Caetano, tudo o que ele dizia era comentado, criticado ou elogiado, tanto na mercearia como na padaria.
E na terrinha idem, idem.
Os comunistas eram perseguidos?
Pelos vistos com muito pouco sucesso.
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Cara Zazie
ResponderEliminartive que ir por a mesa, almoçar e sair.
a cabeça de croco que estava no átrio do museu mede cerca de 1m, 'se bem me lembro'.
vivi grande parte de 10 anos na região onde começa o filme o Gladiador. Das ruínas do acampamento militar de Carnuntum, junto à margem direita do Danúbio, surgiram 2 anfiteatros para 10 mil pessoas cada. hoje tem animação devido às termas de Deutche Altenburg, que Hitler pintou.
na fronteira Austro-Húngara há um lago de 2m de profundidade e vários kms de diâmetro onde aparecem conchas do mesmo tipo de bivalves que encontrei em Chelas.
Marco Aurélio pode ter morrido em Vindobona (Viena). na praça de S. Miguel frente ao palácio Imperial pusera a descoberto ruínas romanas pouco antes do concerto de André Rieu. plantou as primeiras vinhas em Klosterneuburg nos arredores de Vindobona.
Que engraçado o que conta, Floribundus.
ResponderEliminarMas seria a cabeça de que animal?
Peço desculpa pela intromissão na conversa.
ResponderEliminarO bicho a que o Floribundus se refere (e que julgo que ainda lá está exposto) é este crocodilo.
http://www.google.pt/imgres?q=crocodilo+museu+geol%C3%B3gico&sa=X&biw=1280&bih=705&tbm=isch&tbnid=rLmSgVxVG4544M:&imgrefurl=http://www.flickr.com/photos/rosapomar/5337338064/&docid=MmdDlXBktL20KM&itg=1&imgurl=http://farm6.staticflickr.com/5170/5337338064_8bfe44de86_z.jpg&w=640&h=480&ei=10yIUenoNZOKhQfVvYFo&zoom=1&ved=1t:3588,r:27,s:0,i:171&iact=rc&dur=1310&page=4&tbnh=194&tbnw=256&start=27&ndsp=10&tx=188&ty=90
Teria cerca de 9 metros e 1500 kg. Se vivesse hoje, seria um gigante, mas há época passaria relativamente despercebido nos charcos de Chelas habitados por “lagartixas” bem mais corpulentas. Pela selva tropical húmida lisboeta, entre outros, passeavam-se mastodontes e tigres dentes-de-sabre. Alguns cientistas acreditam que se vivia um período interglacial com temperaturas médias uns 10 ºC superiores às actuais.
Ah que espanto.
ResponderEliminarMuito obrigada. Não fazia a menor ideia.
Mas este crocodilo tem ar de moderno.
Estaria lá em que altura?
Ok. Já vi.
ResponderEliminarDizem que tem 12 milhões de anos.
Muito estranho. Há 12 milhões de anos eram quase iguais aos de hoje e apenas com 10 metros, como ainda hoje se encontram?
Nunca acreditei nas datações arqueológicas.
ResponderEliminarComo ninguém sabe podem inventar tudo.
Apesar de os efeitos práticos poderem, até, ser parecidos, a censura governamental não é bem a mesma coisa do medo que agora polula porque os jornais e outros meios de comunicação social pertencem, mais ou menos, aos mesmos donos.
ResponderEliminarHoje, o resultado de ser independente pode custar o emprego, o que é muito doloroso, antes do 25.04 o preço era outro e mais desagradável.
Não posso deixar de dizer que fico de cara à banda quando vejo escrito (parafraseando) que alguém foi preso MAS não foi torturado...então tudo está bem!
Os que foram presos antes de 25 de Abril foram bem presos. Explico: foram-no e eles/ elas sabem muito bem porquê: queriam derrubar o regime que tal não aceitava criminalizando essa conduta como subversiva. Tal como o faziam os países e regimes em que essa gente acreditava e queria impôr em Portugal.
ResponderEliminarNão percebo que se ataque um regime, como o de Salazar/ Caetano, por ter preso gente que o queria derrubar e substituir por um outro ainda pior.
ResponderEliminarHoje não se admite propaganda "fascista" incluindo nessa qualquer ideia anti-democrática que exclua o PCP.
Não percebo a lógica.
Em abstracto, talvez seja difícil perceber porque o primado da lei não permite golpes de estado.
ResponderEliminarEm concreto, é difícil derrubar um regime que não se submete a eleições livres e legítimas que não por um golpe de estado.
Catch 22...
Catch 22 indeed...but. Os que queriam derrubar o regime queriam eleições livres? Queriam um regime de liberdade sem censura? Queriam um regime político sem políca política?
ResponderEliminarSó uma parte queria tal coisa e era exactamente a parte que convivia bem com a Ala Liberal e a social-democracia de Caetano.
Voilà! Não há Catch 22. Há apenas um sofisma.
A outra parte, maioritária na Oposição que levou à prisão não queria tal coisa. Logo...
ResponderEliminarEssa questão poderia levar-nos longe mas, simplificando a coisa, o regime caiu e temos liberdade e escapámos à censura.
ResponderEliminarJá que a palavra sofisma é tão apreciada, cenjecturar sobre o que teria acontecido e não aconteceu é também sofismático.
Aí já não tanto sofismático mas devinático e porventura asnático porque fantasmático também.
ResponderEliminar"temos liberdade e escapámos à censura."
ResponderEliminarEssa é a questão: temos liberdade de quê e para quê?
E censura continuamos a ter ainda mais perversa, quanto a mim. Não se relatam factos, agora, com medo dos poderes. Dantes era apenas com medo do Poder central do Governo. E mesmo assim os factos sabiam-se porque a transparência do Poder era muito maior.
Disso é que não tenho a mínima dúvida: a transparência da ditadura era muito mas mesmo muito maior do que a da democracia.
E esta, hein? Alguém se atreve a contestar?
"temos liberdade de quê e para quê" é, aproveitando a sugestão, asnático.
ResponderEliminarPara quê a liberdade é para cada um decidir...daí ser liberdade.
Ainda que seja verdade que a transparência seja maior (vamos assumi-lo por hipótese académica) tudo se torna mais fácil quando o pessoal não vota.
Parece-me que é de difícil compreensão para uns quanto iluminados que a falta de escrutínio popular simplifica.
Pergunte ao Pinochet e ao Mugabe!
...e isto é tão mais engraçado, no que concerne à transparência, que, por exemplo, o império BES não nasceu depois do 25.04, pois não? Não foi apoiado pelos Comunistas ou outra força política que não a que se encontrava no poder, pois não?
ResponderEliminarEnfim...
O Império BES actual nasceu mesmo depois do 25 de Abril, ou seja depois de 1986 ou por aí ( com a privatização da banca que fora nacionalizada). Antes havia outros impérios.
ResponderEliminarVotar é bom. Mas...vejamos: antes de 25 de Abril qualquer partido à direita do PCP tinha lugar, se o programa fosse como hoje é.
Quer dizer, poderia ter havido liberdade de voto para PSD, CDS e PS. Menos para quem pretende capar a democracia, instituindo outra ditadura.
Mas como tal não é possível então temos o que temos, por causa de um fenómeno que a Europa não teve: a Esquerda comunista com um poder político e ideológico desporporcional e muito acima da representatividade popular e até mesmo eleitoral.
Estamos a pagar por isso.
Quem vê tv hoje em dia ou ouve o rádio da Maria de São José ouve o PCP e o BLoco, ainda, todos os dias a apresentarem propostas de "outras políticas" ou seja, outra ditadura.
ResponderEliminarÉ isso que se quer?
Estas contradições também merecem ser resolvidas. Não são apenas as que existiam no tempo de Caetano...
ResponderEliminar"...por exemplo, o império BES não nasceu depois do 25.04, pois não? Não foi apoiado pelos Comunistas ou outra força política que não a que se encontrava no poder..."
ResponderEliminarNasceu sim senhor, e com o apadrinhamento do Bloco Central.
O que conhece como BES não tem nada a ver com um banco chamado BESCL que existia antes de 25A74 e que foi nacionalizado no PREC.
O BESCL foi apenas uma coisita que o BES comprou e assimilou.
Comprou por uma uva mijona, e com uns títulos de divida quaisquer, enquanto os pequenos acionistas ficaram a ver navios.
E esse BESCL do pré 25A74, não mandava no Estado Novo.
Aliás, nenhum dos grandes empresários, pré 25A74, mandava no Estado Novo.
Havia uma lei que os impedia disso.
O Estado Novo é que mandava neles.
Salazar, nem um chá tomava, em casa desse pessoal.
Havia um Espírito Santo, Ricardo também e que era amigo de Salazar. Visita domininal até. Intermediário nos assuntos de coeur do ditador com a fracesa Christine Garnier.
ResponderEliminarNo fim da vida deixou-lhe, como doação um quadro da Renascença Italiana. Valeria milhões. Salazar deu-o a um museu.
Qualquer semelhança de Salazar com Soares ou outro maltrapilho da mesma espécie não é coincidência mas apenas forçosa.
Forçada, queria dizer.
ResponderEliminarEsse Espírito Santo não mandava em Salazar e este também não mandava no outro. Respeitavam-se e havia ética.
ResponderEliminarÉ coisa que o herdeiro daquele não conhece do mesmo modo.
"É coisa que o herdeiro daquele não conhece do mesmo modo."
ResponderEliminarDe ética, nem deve saber o significado da palavra.
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Quando falei em "mandar" estava a pensar em assuntos económicos.
ResponderEliminarE aí o Estado Novo mandava.
Fazia uma coisa que este regime não faz (pelo contrário), limitava o poder dos particulares em áreas de valor estratégico.
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Caro josé
ResponderEliminarE já agora não chame ditador a Salazar.
A constituição de 33 não lhe dava nenhum poder ditatorial.
O presidente da república podia demiti-lo quando lhe apetecesse, conforme Humberto Delgado fez questão de esclarecer.
É uma das coisas que me faz admirar Salazar.
Cria um Regime, uma Constituição, um Estado de Direito e não tem medo de deixar o seu Poder na mão de terceiros.
O poder que exercia tinha força carismática, não a força do dinheiro ou das armas.
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Era ditador na medida em que não acreditava na democracia. Apenas isso.
ResponderEliminarQuando a métodos ditatoriais, variam. Desde PolPot/Estaline/Castro/Chavez/Cunhal/Soares ( sim, é um ditadorzinho em potência)até Salazar vai um mundo de ditas que duram.
"Era ditador na medida em que não acreditava na democracia.
ResponderEliminarNão acreditava na democracia partidária.
As pessoas podiam votar em círculos uninominais para a Assembleia Nacional, em listas que se formavam para cada eleição.
E cada Sindicato e Organização Patronal elegiam os seus Procuradores à Assembleia Corporativa.
Aliás a Câmara Corporativa parece-me uma solução bem mais democrática do que esta treta da Concertação Social.
Pelo menos os debates nessa Assembleia eram do conhecimento público, e o governo tinha que respeitar o que aí era decidido.
A Constituição de 33 foi referendada por voto popular.
Até ao 2º mandato de Américo Tomaz, os Presidentes também eram eleitos por voto popular.
Se essas eleições eram fraudulentas ou não, isso já não digo nada.
Mas tenho a certeza que não foi a mando dele.
O que Salazar não gostava era daquilo que Platão descreveu, e que Portugal comprovou que existe mesmo:
- A degradação da Democracia dá origem à Demagogia, que é o regime em que vivemos.-
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"Não acreditava na democracia partidária."
ResponderEliminarNão. E Marcello também não, mas tentou uma alternativa que não foi suficiente.
A democracia enquanto conceito carece de partidos. Mesmo os de Esquerda comunista que não acreditam na democracia neste conceito porque não admitem partidos quando são poder.
Portanto esta contradição é simples de resolver: acabar com o PCP e o BE enquanto não admitirem a democracia no conceito ocidental. Obrigá-los a isso como se fez na Europa. Não querem tal coisa porque desaparecem, claro está.
É esse o problema do comunismo e que os media nacionais não querem entender.
O comunismo português não é democrático. Ponto final. Logo não tem lugar na democracia. Ponto e parágrafo.
Digam isso cara a cara ao Jerónimo e ao Arménio para os verem a espumar.
ResponderEliminarDigam!
“Mas este crocodilo tem ar de moderno. (…)
ResponderEliminarDizem que tem 12 milhões de anos.
Muito estranho. Há 12 milhões de anos eram quase iguais aos de hoje e apenas com 10 metros, como ainda hoje se encontram? (…)
Nunca acreditei nas datações arqueológicas.
Como ninguém sabe podem inventar tudo.” [Zazie]
Dizem 12 milhões de anos para parecerem eruditos. Se quisessem ser correctos diriam entre 5 mil anos e 50 milhões de anos (e toda a gente ria). Por um lado diz-se que os crocodilos surgiram na Terra há 250 milhões de anos, por outro, muitos contestatários dos métodos de datação absoluta estão convencidos que estes inflacionam os achados num factor (por vezes bastante) superior a mil vezes.
As únicas pessoas que acreditam nas datações arqueológicas, além dos arqueólogos (e do Zé-povinho) são os astrónomos, mas estes não contam porque acreditam em “tudo”.
Os maiores crocodilos de hoje são um pouco menores que este (6 a 7 metros e mil quilos). Julgo que uma das razões porque se acredita que no passado eram maiores se relaciona com a temperatura (da época) mais elevada, a outra (relacionada com ela) com o facto de os seus predadores (os tigres) também terem sido maiores no passado.
"A democracia enquanto conceito carece de partidos."
ResponderEliminarCaro josé
Não é obrigatoriamente assim.
Nos EUA, as candidaturas são absolutamente uninominais e personalizadas, para qualquer que seja o cargo, em disputa.
Lá, os partidos são uma espécie de “master franchising” das candidaturas.
Mas nada impede que qualquer pessoa se candidate de modo absolutamente independente.
Caso do Perot, graças ao qual o Bush pai perdeu as eleições e o Clinton ganhou.
E mesmo quando os eleitos são filiados em Partidos, nada os obriga a cumprir ordens dos lideres partidários.
O Partido Democrata tem a maioria no Senado, mas o Obama não o controla, como se tem visto ultimamente.
Por isso para mim a Democracia Representativa, como conceito, deve permitir partidos, mas não impô-los como único método de eleição dos representantes do povo.
E nunca proibir partidos por muito estupida, antidemocrátrica, e fossilizada que seja a sua ideologia.
Criar “mártires” é a pior coisa que se pode fazer.
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"Se quisessem ser correctos diriam entre 5 mil anos e 50 milhões de anos (e toda a gente ria)."
ResponderEliminarehehehehe
Pode crer. Eu ainda trabalhei em arqueologia e sei que é mesmo assim. Uma gigantesca ficção contada com ar científico para o povinho ficar de boca aberta.