Uma notícia de 26 de Julho de 1975 no Expresso dava conta do primeiro tribunal popular em Portugal.
O réu José Diogo ia ser julgado pela justiça "burguesa" pelo facto de ter assassinado, à navalhada, o patrão, um "fassista" latifundiário do Alentejo profundo chamado Columbano.
Apesar de preso não compareceu à audiência de julgamento e o juiz do tribunal burguês, libertou-o sob caução. Foi o bastante para se proceder de imeditato ao julgamento em tribunal popular, nas escadas do tribunal de Tomar.
José Diogo foi absolvido e o patrão, morto, condenado. É assim a justiça popular comunista. E até já deu um filme...
E deu canção revolucionária pelo GAC, que vale a pena ouvir para lembrar o que é a "justiça popular".
Aditamento:
O caso José Diogo foi analisado no início dos anos oitenta ( 82 ou 83), nos exames de direito penal no CEJ, para os que pretendiam seguir a magistratura. O caso resultava algo difícil porque não se tratava de um homicídio puro e simples, mas uma morte que se seguiu a uma agressão à navalhada, do corajoso José Diogo, tornado antifascista instantâneo, pelo PCP.
Tudo indica tratar-se de um caso de homicídio praeter-intencional, ou seja o que vai para além da intenção inicial da agressão, porque José Diogo não morreu logo ali mas depois no hospital em resultado de uma infecção peritoneal, salvo o erro. Acho mesmo que há um acórdão sobre o caso e se o encontrar coloco aqui.
Amanhã: o que era o "social-fascismo", em 1975
ResponderEliminarParece que caiu de vez o mito do Aristides de Sousa Mendes italiano
ResponderEliminarhttp://www.dailymail.co.uk/news/article-2345054/New-evidence-suggests-Italys-Schindler-Giovanni-Palatucci-collaborator-sending-families-Auschwitz.html
Sobre Aristides de Sousa Mendes tambem deve ter havido uma razoavel dose de reescrita da história, desde o 25 de Abril:
http://www.livapolo.pt//livro/detalhe/consul-aristides-sousa-mendes-a-verdade-e-a-mentira-o/93027
https://www.facebook.com/events/490363894366719/
Nas suas Memórias provocou um grande escândalo ao dizer que Aristides de Sousa Mendes não foi o herói que fizeram dele, e até levantou dúvidas sobre as intenções daquilo que se considera o seu grande papel na salvação de vidas. Em que é que se baseou para fazer esse outro retrato de Aristides de Sousa Mendes?
Quando advogado, eu almoçava todos os dias num restaurante numa rua da Baixa, onde se comia muito bem, e travei ali relações com um homem que tinha sido subinspector da PIDE e que fora demitido. Tornara-se solicitador – um solicitador não encartado – e ajudava muitos advogados. Esse homem contou-me que tinha sido demitido por causa do processo do Aristides. Ele e outro inspector fizeram um cambalacho com uns passaportes falsos que venderam muito caro. Mais tarde, o eng. Leite Pinto, antigo ministro da Educação, contou-me que, quando era administrador dos caminhos-de-ferro da Beira Alta, Salazar lhe pediu para fazer uma operação-mistério, de grande porte, que era transportar da fronteira de Irun para Vilar Formoso milhares de republicanos espanhóis e judeus que lá estavam acumulados e que o Franco, se os apanhasse, matava. E que, se lá ficassem, eram mortos pelos apoiantes do Hitler. Então, os comboios do volfrâmio, que iam para lá selados, eram despejados em Irun e recarregados com os refugiados, que eram despejados em Vilar Formoso. Daí eram levados para várias terras – uma delas, as Caldas da Rainha, onde toda a gente sabe que estiveram um mês. Ao fim de um mês tinham de ir à sua vida. De facto, qual era a possibilidade de um cônsul, um simples cônsul, mobilizar meios para transportar 40 mil pessoas através de um país hostil? Como é que isso era possível? Só era possível para uma organização estadual, como é evidente. Mais: não há nenhum documento do Aristides que diga isso, não há nenhum. E ele nem sequer foi demitido, porque era monárquico, era irmão do César de Sousa Mendes, que tinha sido ministro juntamente com o Dr. Salazar, ministro dos Estrangeiros. Tinha uma carreira obscura, já com vários processos disciplinares. Naquela altura estava em Bordéus, que era um consulado sem grande importância, tinha uma família numerosa e dificuldades económicas. Fizeram umas centenas de passaportes, que venderam, até que a PIDE deu por isso. Acontece que um dos beneficiários dos passaportes, um judeu, soube que tinham sido salvas 40 mil pessoas e concluiu que o haviam sido pela mesma porta dele, pelo cônsul de Bordéus, e veio dizê-lo. E isso foi aceite imediatamente, sem a mínima investigação…
http://espectivas.wordpress.com/2009/10/23/a-historia-de-aristides-sousa-mendes-segundo-o-professor-esta-mal-contada/
A separação de águas faz-se com coisas destas.
ResponderEliminarÉ impossível ser-se desta esquerda (se é que há outra- a da força dos fracos)
E a vidinha? Vai bem? Obrigado? Nem por isso.
ResponderEliminarAssombra pela feiura e o negrume, contam os antigos que sempre foi sítio de feitiçarias, em certas noites aparece lá a "Vergadinha", uma abetarda com focinho de cão, asas pretas e olhos amarelos, que ao voar chora como criança.
ResponderEliminarTudo indica tratar-se de um caso de homicídio praeter-intencional, ou seja o que vai para além da intenção inicial da agressão, porque José Diogo não morreu logo ali mas depois no hospital em resultado de uma infecção peritoneal, salvo o erro. Acho mesmo que há um acórdão sobre o caso e se o encontrar coloco aqui.
ResponderEliminarJosé Diogo ou Columbano?
Columbano, naturalmente.
ResponderEliminarE quando o tribunal referiu o valor da caução a populaça começou a gritar "gatunos, gatunos"!
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