Em 3 de Maio de 1985 a Grande Reportagem publicou um texto de Vasco Pulido Valente sobre um dos "livros da minha vida". Durante algumas semanas, outros tantos livros foram analisados por VPV na revista dirigida então por J.M. Barata-Feyo, um dos jornalistas híbridos que foram aparecendo ao longo dos anos nos media nacionais.
O livro em causa era o Portugal Contemporâneo de Oliveira Martins, aqui citado na crónica do passado Sábado, no Público. É ler o que VPV então escrevia sobre Oliveira Martins...nada menos do que considerá-lo o guru dos historiadores nacionais. Depois dessa obra, "houve apenas exercícios escolares, acéfalos e mal escritos".
J.P.era um triste.
ResponderEliminarum jornalistazeco que escrevia com imaginação própria de tuberculoso pulmonar sobre assunto de que vagamente ouvira falar.
os seus livros, ao contrário dos de Herculano, não têm um mínimo de investigação.
VPV está a léguas do seus famosos tempos
aproxima-se velozmente dos restantes entertainers da nossa praça
Este artigo é dos tais "famosos tempos"...
ResponderEliminar"Nada de espantar", portanto!
ResponderEliminarahaha!
Nestas coisas de cultura há que distinguir os autores enquanto pessoas, com as suas idiossincrasias,das obras.Suponho que Wagner(oportunista)e Beethoven(individualista feroz,no fim com o seu copito)não se recomendassem como parceiros,mas são as suas obras que enriquecem a humanidade,o resto são doenças,ossos e pó.Não sendo eu competente para julgar historiadores penso também que Herculano se distingue pelo imenso labor de pesquisa histórica,no entanto,no Portugal Contemporâneo Oliveira Martins não terá apontado algumas das nossas mazelas partidárias e governativas já crónicas? É a pergunta que deixo.
ResponderEliminarJose j.
VPV chama-lhe, à obra, "deslumbrante".
ResponderEliminarFicou deslumbrado, portanto. Confesso que já vi o livro à venda em alfarrabista, mas não me tentei.
A neotontice dele vem daqui. Não há dúvida.
ResponderEliminarE desconhece tudo o que existia antes do século XVIII.
Engraçado ele nunca citar o Borges de Macedo.
ResponderEliminarTem outra crónica na GR sobre As Farpas, como sendo outro dos livros da vida.
ResponderEliminarEu cá nunca li o Portugal Contemporâneo, mas li a História de Portugal dele - um volume pelo menos, o que está no Projecto Gutenberg.
ResponderEliminarTambém li as Farpas.
Gostei tanto de um como de outro, por vários motivos. Agora o que penso é que escolher assim livros como o supra-sumo de tudo o mais, e num lançe de braço excluir tudo o resto, o antes e o depois, como insignificante, parece comportamento mais induzido por ignorância que outra coisa...
Se é concebível que não tenha havido pena comparável à de Eça na fineza da ironia e de descrição desde os seus tempos, parece-me que no capítulo da história a coisa é diferente. Não me atreveria a dispensar assim tão ligeiramente alguém como o Prof. Hermano Saraiva, por exemplo.
Mas é capaz de ter razão a Zazie: isto parece mesmo capricho de zelota iluminado. Que na sua encarnação actual toma a figura de, por um lado, neotontismo, ou, por outro, esquerdismo fossilizado - reversos da mesma moeda, ao fim e ao cabo.
Mas apanha-se muito disto, e quando se vai a ver... afinal quem fala, não sabe de coisa nenhuma, porque nunca leu, sequer, o que critica.
ResponderEliminarHá uns tempos, dei em falar de Camilo Castelo Branco a um amigo, e fi-lo entusiasmado, pois tinha lido muito pouco e só recentemente me deitei a ler tudo quanto pudesse arranjar - e arranja-se muito, no Projecto Gutenberg! - por ter ficado - não me envergonha nada dizê-lo - deslumbrado com as personagens, os seus jeitos e discursos, a riqueza de vocabulário, e tudo ainda por cima no português original do século XIX, que é uma delícia para quem hoje em dia leva sobrecarga de AO-noventês!
Torna ele: - O Castelo Branco?? Isso é romancista barato para mulher!
E acrescenta que o Eça é que era...
Indignei-me logo e perguntei em que se baseava ele para proferir tão categórica afirmação. Tergiversou. Insisti e ao cabo perguntei-lhe se já tinha lido o que quer que fosse de Camilo.
Olha! Diz que não... Saltou-me a tampa! Com que então "romancista barato"... mas nem lhe passaste os olhos! Por alma de quem, então, é que falas sem saber - como poderias saber, se o nunca leste??
- Disse-me o meu pai...
Ah pronto! Então não leias... E continua a falar de cór...
Eu gosto muito de Eça de Queiróz - até a correspondência íntima acho interessantíssima, mas que diabo, nunca me ocorreria pôr-me assim a qualificar escritores - e logo pela sua escrita! - sem os ler primeiro!
Interrogo-me se este Valente cobarde, terá lido alguma coisa para além do que diz que é o melhor de tudo...
"Há uns tempos, dei em falar de Camilo Castelo Branco"
ResponderEliminarApanhei o mesmo vírus nos meus vintes. Apanhei então tudo o que podia ler do Camilo e foi também um deslumbramento com as histórias e principalmente os pormenores estilísticos e linguísticos, o ambientte das histórias e a intriga, ou seja a construção da récita.
Fabuloso e de modo que fiquei a preferir o Camilo ao Eça, apesar de o ter lido também na mesma altura.
Camilo escrevia para publicar em folhetim no jornal.
Como Aquilino passou-se o mesmo, uns anos depois.
Os livrinhos de Camilo publicados na colecção de bolso da Europa-América foram todos de enfiada. E quando acabaram, procurei outros. Tenho a ideia que não li tudo, mas alguns ficaram-me na memória. Um dia destes tenho de lhes pegar outra vez.
ResponderEliminarEusébio Macário, por exemplo. O que eu apreciava no Camilo era a descrição do campo e dos hábitos e costumes do séc. XIX. Era um mergulho directo no realismo histórico de uma época que não vivi mas ainda tive uns breves lampejos na casa dos meus avós.
Eu também e foi mais cedo. Li o Camilo praticamento todo, antes de ler o Eça.
ResponderEliminarPois olhe, comigo passa-se tal e qual.
ResponderEliminarQuanto a Aquilino, fora a Salta-Pocinhas no Romance da Raposa, que li quando era muito cachopo (à conta do qual, ainda hoje tenho grande simpatia pelo dito bicho), e o Cinco Réis de Gente que li depois, nunca mais lhe voltei a pegar.
Lá há-de chegar o tempo...
Olhe, se tiver um desses leitores modernos de livros electrónicos, tem aqui muito por onde pegar! Com a vantagem (pelo menos para mim) de os encontrar como foram publicados na altura.
http://www.gutenberg.org/ebooks/author/6699
(note que são duas páginas)
Já estive a ver o sítio e é fantástico. Se tivesse disto nessa altura, tinham ido todos de embalada.
ResponderEliminarNão tenho desses e-readers mas vou ponderar arranjar um porque julgo que até são relativamente baratos.
Estive a ler um bocado da história do Calisto Elói e é uma pequena maravilha poder ler na grafia antiga.
Eu acho que são óptima coisa, esses e-readers.
ResponderEliminarComprei um Kindle há dois ou três anos e comprá-lo-ia novamente se ficasse sem o que tenho.
Para a praia ou sítios ventosos é muito práctico. Ou para ler "sem mãos".
Isto para não falar, obviamente, na fartura de livros. Sobretudo os publicados antes de 1900, que não têm copyright, e podem ser lidos nas grafias originais, ou quase. Dos filósofos gregos a autores mais obscuros, mas nem por isso menos valiosos, antes pelo contrário, há muito por onde aprender ou entreter.
Houvesse tempo...
Este douto opinador e ex-blogueiro rebentador de escalas de leitores também opinou sobre um livro que ando a reler:A queda do império romano e que considerou o melhor em 2005
ResponderEliminarMas pelos vistos não retirou dele nenhuma lição porque nunca escreveu nada contra " o mundo agora é um só" cá dentro e por nossa conta depois da entrega de tudo o que tinha pretinho e não era nosso.Estas invasões pagas com subsídios são pelos vistos muito melhores daquelas armadas...mas em que o indigenato paga sempre!E que no nosso caso até têm direito a SOS racismo e a uma agência colonizadora:O ACIDI...
O "Portugal Contemporâneo" é fácil de encontrar na edição da Lello (na Feira do Livro de Lisboa está lá sempre):
ResponderEliminarhttp://www.lelloeditores.com/catalogo/detalhe.php?id=46&cat=29&showcat=
Mas quem quiser também o pode descarregar aqui:
http://cvc.instituto-camoes.pt/component/docman/cat_view/59-literatura.html?start=70