Económico:
José Eduardo dos Santos anunciou hoje em Luanda o fim da parceria estratégica com Portugal, durante o discurso sobre o estado da Nação.
"Só com Portugal, infelizmente as coisas não estão bem. Têm surgido
incompreensões ao nível da cúpula e o clima político actual, reinante
nessa relação, não aconselha à construção da parceria estratégica
anunciada", disse José Eduardo Santos, durante o discurso sobre o Estado
da Nação em Luanda, de acordo com a Reuters.
O que significa isto, " ao nível de cúpula"? Que Portugal manteve a dignidade institucional que Angola não tem nem terá tão cedo.
O que é isso de dignidade institucional, neste contexto? Simplesmente, o respeito pelo princípio da separação de poderes, particularmente entre o executivo e o judicial, compreendido neste o poder do MºPº que é o de ser titular exclusivo da acção penal, em autonomia relativamente ao poder político.
Os angolanos não tem esta dignidade institucional porque quem manda no MºPº, legalmente, é o presidente. Logo, as questões penais relevantes e sensíveis são tratadas " a nivel de cúpula". Por cá não falta quem defenda o mesmo modelo, a começar pelo acompanhante Proença de Carvalho ( foi agora a Angola, a acompanhar o presidente do BES...). O presidente angolano não entende que em Portugal não possa ser de igual modo, apesar de a "estrutura" angolana nos ter copiado as leis penais e até as instituições judiciárias, enviando para cá os seus magistrados para formação.
Resta saber se nos adianta alguma coisa mantermos a tal dignidade institucional com Angola, levando "à outrance" as investigações penais em assuntos complexos e cuja prova depende, em última análise, dos angolanos. Ou seja, seria uma suprema estupidez, andarmos no DCIAP a investigar factos eventualmente criminais quando a essência dessa natureza nos escapará logo que em julgamento seja necessário produzir prova.
Quando uma entidade angolana como a PGR apresenta queixa por furto, burla e mais uma catréfia de crimes contra determinado indivíduo ( no caso Álvaro Sobrinho) que se revelou ser um investidor de milhões em imobiliário e outros "assets" em Portugal e mais tarde vem declarar oficialmente que afinal foi um erro que cometeram porque o assunto estava já esclarecido entre eles, que adianta às nossas autoridades prosseguirem uma investigação destinada a um insucesso garantido ( como aliás a Relação de Lisboa, ingenuamente, para dizer o menos e ser muito benévolo, confirmou)?
Nada adianta, a não ser criar conflitos diplomáticos graves, com prejuizos muito sérios para muitos milhares de portugueses que estão em Angola.
A "realpolitik" que é seguida por exemplo em relação a investidores russos e quejandos sicilianos, sem investigação parecida com a que fazem aos angolanos retiram-nos moralidade para fazermos o que andamos a fazer aos angolanos.
Essa moralidade é ainda mais fustigada quando se pensa no que ocorre entre nós, com as investigações a certos branqueamentos de capitais, com suspeitas mais que fundadas e sedeados em offshores com contas tituladas por certos familiares de políticos com rasto de corrupção nunca comprovada mas sempre suspeita. O DCIAP terá a sua coroa de glória como entidade respeitada e independente quando descobrir quem são os donos do dinheiro que anda lá fora, escondido e com indícios de pertender a tais indivíduos, ou particularmente, a tal indivíduo. Nesse dia, o DCIAP merece uma condecoração por serviços relevantes prestados à Pátria. Duvido é que lha entreguem...
Por isso, salvo melhor opinião, parece-me que seria de parar com investigações inconsequentes e que só existem por causa de uma inércia judiciária que se instala logo que um papel é registado como inquérito.
Por outro lado, torna-se quixotesco e impossível de realizar uma investigação criminal a dinheiro sujo proveniente de Angola, sem a colaboração dos próprios angolanos. O crime de branqueamento de capitais carece de um crime-base e que no caso poderia ser...o quê? Qual? Corrupção? Deixem-me rir.
Eu penso que todas estas tricas com os gatunos angolanos no poder, só nos são prejudiciais.
ResponderEliminarHá décadas que nos regemos por fins e não entendo a que propósito são agora chamados os princípios.
Não os temos activos...
Os governos, encabeçados por Soares e as Emaudios.
O socratintas e o caudal de vigarices.
A sujeição da "justiça" ao poder.
O clima de vigarice nas autarquias.
Enfim, o rol interno bem merecia que aqui se fechassem também os olhos.
Afinal, a China das "amplas liberdades" não vai comprando parte de nós?
Não somos racistas: o "mercado" pode bem ser africano...
mais uma porta que começa a fechar-se devido à comunicação socialista e à esquerda irresponsável.
ResponderEliminaras relações entre Estados devem estar acima destas porcarias
o PR fez bem em lembrar o que pode suceder. ficam todos avisados
o boxexas apoiava Savimbi
ResponderEliminarTroque-se o Machete pelo Pinto Monteiro : é trigo limpo / farinha Amparo....
:P
angola e nós estamos a precisar de uma "intervenção humanitária" que ponha o sr. santos no seu lugar. os EUA andam a fazer isto há décadas aos países com petroleo, basta seguir o mesmo "business model". De certeza que se arranjam uns rebeldes quaisquer para apoiar.
ResponderEliminarSempre se dava uso aos militares e generais que andamos a pagar há decadas.
seria preciso importar um gajo como o Kissinger. Não me parece que tenhamos disso por cá...
ResponderEliminarPor estes dias vi um comentador dizer que no caso que se investiga quanto aos angolanos há também referência a 26 portugueses que, curiosamente, não se sabe quem são (espécie de violação moderada do segredo de justiça).
ResponderEliminarEstou longe de defender os angolanos mas que isto me faz espécie, isso faz.