A jornalista do Público, Cristina Ferreira, deu à estampa do suplemento 2, do jornal de hoje, meia dúzia de páginas escritas sobre "a saga dos tecnocratas a seguir à revolução".
"Tecnocratas" é expressão não definida e que serve para designar os indivíduos que sairam dos meios "académicos, profissões liberais, empresários, quadros da administração pública", para integrar cargos de responsabilidade governativa. Tal como hoje, aliás.
O artigo começa por referir a SEDES, um viveiro dos tais "tecnocratas" criado "pela ala reformadora marcelista".
Desde logo surge uma questão tonitruante: então o regime não era fascista? Então não é esse "même" que se replica sempre, como a regularidade dos fungos na " humidade quente da loucura"?
Como é possível essa criação, no seio de um regime , de uma organização que o poderia e acabaria por destruir?
A resposta não é dada no artigo, explicitamente, antes implicitamente mas duvido que tenha sido compreendida.
Por várias razões: o artigo está eivado da novilíngua bastarda aparecida logo depois do 25 de Abril. Os temos "PIDE" em vez de DGS; "Guerra Colonial" ( sim, com destaque maiúsculo numa escrita pré-acordo) em vez de guerra no Ultramar e outras referências que denotam bem as fontes esquerdo-comunistas de conhecimento para se escreverem artigos destes que nada acrescentam ao conhecido e contribuem para alimentar o revisionismo histórico em curso há 40 anos.
Os entrevistados para o artigo são "os mesmos de sempre": o "politólogo" Costa Pinto, um escapado à doença infantil, política, que o afectou muito novo mas não impede de palrar sempre subjectivamente objectivo, sobre o ambiente que o atingiu; um dos sempre-em-pé do regime, Rui Vilar, um polivalente da tecnocracia que herdou a "pesada herança"; João Salgueiro, sempre ajustado ao tempo que passa; Manuel Jacinto Nunes, o economista qur foi testemunha privilegiada das bancarrotas e nunca as logrou impedir ou mesmo prevenir, anunciando; Vasco Vieira de Almeida, uma das primícias do novo regime, testemunha de desmandos iniciais e que soçobrou logo dali a dois meses, para se dedicar a coisas sérias, como a advocacia de negócios, parceiro privilegiado de um Estado que temos e que o enriqueceu. Outro advogado, Manuel Magalhães e Silva, então na tropa, e mais alguns tropas, dão o seu contributo para o artigo que se lê em meia hora e permite entender por que razão o nosso jornalismo deste tipo é um verbo de encher.
O período em causa refere-se a uns escassos dois meses do I Governo Provisório compreendido entre estas imagens tiradas das revistas Flama, de 26 de Abril de 1975, por ocasião do 1º aniversário da data fétiche; O Século Ilustrado de 18 de Maio de 1974 e O Século Ilustrado de
13 de Julho de 1974.
Este tipo de artigos de jornal, como o Público, intelectualmente pode avaliar-se por algumas frases. Por exemplo, uma, inicial e que releva o essencial: " Entre 1972 e Abril de 1974, num país onde não havia direitos políticos "(...) . A frase serve para se repetir o já dito: se não sabe por que pergunta?
Desde logo, a menção à constituição da própria Sedes é um desmentido dessa afirmação peremptória e excludente. Por outro lado é necessário entender que sendo o regime anterior restritivo quanto ao exercício desses direitos políticos, dirigia as baterias repressivas aos comunistas, essencialmente. Isto nunca é afirmado, porque não interessa perceber essa realidade. Toma-se a parte pelo todo, numa outra figura de linguagem nova em modo sinédoque. A quem interessa principalmente esta confusão? Aos comunistas que foram quem inventou a linguagem bastarda e a fizeram adoptar em Portugal.
A revista Observador de 1973 mostrava quão longe dessa realidade andava a verdadeira Realidade.
O Pereira de Moura muito citado no artigo, lá aparece na imagem de baixo, já acarecado das ideias peregrinas de uma esquerda utópica. Logo nessa altura, propôs um salário mínimo de 6 600$00, o que daria logo uma bancarrota. Ficou em 3 300$00 e adiou-a por dois anos.
Os que passaram a vituperar o fascismo, afinal, conviveram com o regime, mesmo na oposição.
Foram esses os responsáveis directos pela introdução do dialtecto bastardo que os jornalistas de agora aprenderam de cor e replicam com garbo, sem se darem conta do logro.
este poste é para mim dos mais importantes que aqui apresentou.
ResponderEliminarlevanta questões muito graves escondidas na gaveta do socialismo.
há versões que não são coincidentes nos factos, não na sua analise de carácter pessoal
há muito que não vejo o meu querido Amigo José Fontâo
Sobre a constituição do I Governo Provisório? Ou sobre a causa da sua queda?
ResponderEliminarA primeira página do artigo da Observador é a continuação de um artigo de fundo? Fiquei curioso sobre a reflexão que a antecederia sobre o Ultramar, se o José conseguir colocá-la online era óptimo.
ResponderEliminarMiguel D
Pode ler por aqui
ResponderEliminarE ainda por aqui
A indicação diz que a página não existe...
ResponderEliminarOra existe.
http://portadaloja.blogspot.pt/2013/11/ultramar-portugues-outra-perspectiva.html
http://portadaloja.blogspot.pt/2014/01/um-guerreiro-portugues-como-houve-poucos.html
E, evidentemente, aqui:
ResponderEliminarhttp://ultramar.github.io/tag/observador.html
Caro José,
ResponderEliminarMuito obrigado pelas indicações, de facto recordava-me desse artigo excepcional publicado aqui e no blog do Mujah.
Cumprimentos,
Miguel D
Caro José
ResponderEliminarreferia-me a antecedentes, formação e queda.
no Gol tentou-se a formação dum partido e na sua impossibilidade dispersaram-se os obreiros por vários
a desgraça do rectângulo começa com o desastrado politico do caco no olho que foi comido por todos até se demitir
antes de almoçar-mos à 4ªf na Soc Geo encontrava o meu Amigo nos Restauradores
era impossível digerir e registar tanta informação
era necessário fazer uma triagem porque nem todos eram isentos
não aceito a maior parte do que o básico lourençote tem dito
o Almirante do povo sereno foi muito lixado
kerenski foi mais do que se pode pensar
acabou defenestrado pelos mes
tive de me ausentar
ResponderEliminaro 1º e grande equívoco residiu no facto de grande número de políticos e militares pensarem
que o gajo do caco no olho era a grande figura da revolução
todas têm várias fases e os kerenskis de vários cores
e os ingénuos do ppd e cds não encararam esse aspecto
e foram apenas figuras decorativas até 25.xi, dia em que alguns acabaram atraiçoados
e eu também
um humorista francês disse: « a França está dividida em 42 milhões de franceses »
somos menos
O I Governo provisório não se explica apenas com maçonarias.
ResponderEliminarO Palma Carlos era mação mas isso quer dizer pouco. Quer dizer que a maçonaria esteve de acordo com a sua nomeação.
Mas não teve peso suficiente para o segurar e quem levou a melhor foi o esquerdismo comunista.
o que eu sei tem pouco a ver com a maçonaria
ResponderEliminartem muito mais com as pessoas que conheci na tropa, nos jornais (republica e no do tareco onde colaborei), na vida política, nos sindicatos desde 68, na CED desde 72
tinha Amigos no pc, no mes, no mrpp
com o facto de ter sido o militante 29 do ppd onde ajudei a criar a secção A de Lisboa
ter sido candidato a deputado, facto que tenho vergonha de mencionar
o mês de maio foi de loucura. os novos comunas criavam problemas graves nas empresas
ResponderEliminaraté atacavam operários que vinham da clandestinidade
foi difícil o parto do ppd. as reuniões eram junto à capela do Rato.
o pessoal não tinham consciência do que era um partido politico e movimento sindical
criam tachos
o gol recebeu o palácio, uma indemnização em junho.
as obras começaram depois das férias.
encarregou-se delas o velho maçon Amadeu Gaudêncio que penso ser avô di xico fininho
a grande tragédia já estava a adquirir força surpreendente para a maioria que andava completamente desorientada
na minha freguesia as missas nunca tiveram tanta gente
alguns dos frequentadores foram novidade para mim
mas do mesmo modo que entraram sairam
o mesmo no pcp um ano depois