domingo, maio 11, 2014

As sementes dos males e a epidemia de "mêmes" replicantes

A jornalista do Público, Cristina Ferreira, deu à estampa do suplemento 2, do jornal de hoje,  meia dúzia de páginas escritas sobre "a saga dos tecnocratas a seguir à revolução".

"Tecnocratas" é expressão não definida e que serve para  designar os indivíduos que sairam dos meios "académicos, profissões liberais, empresários, quadros da administração pública", para integrar cargos de responsabilidade governativa. Tal como hoje, aliás.
O artigo começa por referir a SEDES, um viveiro dos tais "tecnocratas" criado "pela ala reformadora marcelista".
Desde logo surge uma questão tonitruante: então o regime não era fascista? Então não é esse "même" que se replica sempre, como a regularidade dos fungos na " humidade quente da loucura"?
Como é possível essa criação, no  seio de um regime , de uma  organização que o poderia e acabaria por  destruir?
A resposta não é dada no artigo, explicitamente, antes implicitamente mas duvido que tenha sido compreendida.
Por várias razões: o artigo está eivado da novilíngua bastarda aparecida logo depois do 25 de Abril. Os temos "PIDE" em vez de DGS; "Guerra Colonial" ( sim, com destaque maiúsculo numa escrita pré-acordo) em vez de guerra no Ultramar e outras referências que denotam bem as fontes esquerdo-comunistas de conhecimento para se escreverem artigos destes que nada acrescentam ao  conhecido e contribuem para alimentar o revisionismo histórico em curso há 40 anos.
Os entrevistados para o artigo são "os mesmos de sempre": o "politólogo" Costa Pinto, um escapado à doença infantil, política, que o afectou muito novo mas não impede de palrar sempre subjectivamente objectivo,  sobre o ambiente que o atingiu; um dos sempre-em-pé do regime, Rui Vilar, um polivalente da tecnocracia que herdou a "pesada herança"; João Salgueiro, sempre ajustado ao tempo que passa; Manuel Jacinto Nunes, o economista qur foi testemunha privilegiada das bancarrotas e nunca as logrou impedir ou mesmo prevenir, anunciando; Vasco Vieira de Almeida, uma das primícias do novo regime, testemunha de desmandos iniciais e que soçobrou logo dali a dois meses, para se dedicar a coisas sérias, como a advocacia de negócios, parceiro privilegiado de um Estado que temos e que o enriqueceu.  Outro advogado, Manuel Magalhães e Silva, então na tropa, e mais alguns tropas, dão o seu contributo para o artigo que se lê em meia hora e permite entender por que razão o nosso jornalismo deste tipo é um verbo de encher.


O período em causa refere-se a uns escassos dois meses do I Governo Provisório compreendido entre estas imagens tiradas das revistas Flama, de 26 de Abril de 1975, por ocasião do 1º aniversário da data fétiche; O Século Ilustrado de 18 de Maio de 1974 e O Século Ilustrado de 13 de Julho de 1974.



Este tipo de artigos de jornal, como o Público, intelectualmente pode avaliar-se por algumas frases. Por exemplo, uma, inicial e que releva o essencial: " Entre 1972 e Abril de 1974, num país onde não havia direitos políticos "(...) . A frase serve para se repetir o já dito: se não sabe por que pergunta?

Desde logo, a menção à constituição da própria Sedes é um desmentido dessa afirmação peremptória e excludente. Por outro lado é necessário entender que sendo o regime anterior restritivo quanto ao exercício desses direitos políticos, dirigia as baterias repressivas aos comunistas, essencialmente. Isto nunca é afirmado, porque não interessa perceber essa realidade. Toma-se a parte pelo todo, numa outra figura de linguagem nova em modo sinédoque. A quem interessa principalmente esta confusão? Aos comunistas que foram quem inventou a linguagem bastarda e a fizeram adoptar em Portugal.

A revista Observador de 1973 mostrava quão longe dessa realidade andava a verdadeira Realidade.


O Pereira de Moura muito citado no artigo, lá aparece na imagem de baixo, já acarecado das ideias peregrinas de uma esquerda utópica. Logo nessa altura, propôs um salário mínimo de 6 600$00, o que daria logo uma bancarrota. Ficou em 3 300$00 e adiou-a por dois anos. 
Os que passaram a vituperar o fascismo, afinal, conviveram com o regime, mesmo na oposição.
Foram esses os responsáveis directos pela  introdução do dialtecto bastardo que os jornalistas de agora aprenderam de cor e replicam com garbo, sem se darem conta do logro.

Questuber! Mais um escândalo!