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domingo, maio 04, 2014

A velha ganga está de volta

Hoje no Público, Vasco Pulido Valente escreve sobre uma velha ganga que não desbota como devia: o marxismo velho e relho que regressa a toque de caixa sempre que se propicia.
VPV faz um pequeno roteiro de memória do que foi essa ganga velha e declara urbi et orbi que "desta vez não tenciono perder um minuto com a costumada vociferação do beatério". Veremos...


Esta ganga velha lembra este velho anúncio a uma ganga nova de 1974, muito procurada por cá e símbolo para a juventude de então. As calças Levi´s de ganga desbotável eram o must do chique burguês, porque mais simbólicas que as espanholas da Lois, mais baratas e de ganga com corte diverso.
A imagem é uma publicidade de página inteira, no República de 29 de Abril de 1974.


A imagem mais aproximada da ganga original, ,vinda dos anos sessenta,  era esta que agora se vende nostalgicamente na net.


As lavagens sucessivas davam o toque desejável do uso adequado.

Enquanto por cá esta ganga estava disponível em lojas de consumo corrente, em 1974, importadas e a preços convenientes, noutros lados soviéticos onde a velha ganga marxista tinha chegado de combóio, era difícil de encontrar tal produto desbotável e quem o tinha era privilegiado e andava de avião ou comprava no mercado negro o fruto proibido, a preços de ocasião inflacionada .

Na velha URSS dos anos setenta do século que passou,  o sovietismo de Brejnev era modelo a copiar por cá, pela velha ganga de que fala VPV.
O PCP de cá, da ganga fóssil e o PS da ganga ainda com poucas lavagens, mas já desbotada de origem, queriam à viva força aplicar as receitas políticas ( PCP) e económicas (PS) daquela ganga marxista reciclada de restos de tecido original.

Nesse tempo, foi publicado um livro - Os Russos, do jornalista americano ( hence reaccionário e possível fascista)  Hedrick Smith- que relatava aspectos pitorescos da realidade moscovita e russa da época.

Algumas páginas do livro falam da ganga das calças para mostrar a velha ganga ideológica que a cerzia. Assim:


O livro, lançado em Portugal em 1978 não teve grande impacto. Em plena ressaca daquela ganga ideológica prestes a embriagar-se outra vez, tornando-se cronicamente dependente de um passado fossilizado, os episódios do livro eram desvalorizados como propaganda anticomunista primária e por isso relegada para a irrelevância.
Porém, se há livro que ateste bem o que era a sociedade que os fósseis queriam e querem ainda impôr por cá, é este.
Se não atente-se nestas páginas sobre os privilégios da velha ganga, num panorama semiótico sobre o sistema real em que se vivia na "pátria do socialismo", muito elogiada por cá, nessa época, a par do vilipêndio permanente do "fassismo" luso e do obscurantismo constante do seu regime que era execrado como o horror a não repetir.

O sistema de castas soviético, por cá sempre negado e atribuido à propaganda anti-comunista era evidente para quem passava por lá. Por cá, nem depois de 1989 se esclareceu esta aberração sociológica aplaudida pelo PCP.


Por outro lado, enquanto a Censura do "fassismo" era propalada como sinal do regime, o sistema soviético era pura e simplesmente ignorado, apesar de superiormente arquitectado no requinte censório.


Como resultado, a juventude russa da época era um mimo à procura de ganga nova. Da antiga nem a memória tinha,  por lha terem censurado...


Estas memórias contadas ao povo e lembradas aos fósseis valem pouco. A velha ganga é resistente ao tempo e quanto mais se lava mais encardida fica.

O PCP ainda tem esta ganga e suspeito que ainda está para lavar e durar. 


23 comentários:

  1. antes das meninas usarem calças compridas de ganga usavam mini-saia a que os franceses chamavam 'ras les fesses'

    anteriormente tinha sido os biquinis que Torga viu pela 1ª vez no sul de França em 49
    'estendidas ao sol apetitosas como cerejas num país onde já ninguém gosta delas'

    as modas passam e com elas a banalização de mostrar o corpo como em Neandertal

    marx passou de moda excepto em Portugal porque esta nesga de terra anda habitualmente com um século de atraso

    agora também falam do género como se este não mudasse conforme a língua
    até extranho que não digam 'o pilinho'

    'MÃE! Há só uma'

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  2. outros significados de ganga

    impurezas dos minérios, normalmente silício

    deusa que personifica o Ganges, onde a purificação dos pecados facilita a reencarnação ('outra dose, nunca mais')

    homossexual assumido « Olha o rebolado do garotão. Esse não me engana, é ganga, anda peidando na farofa ».

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  3. Cada vez mais deliciosos.

    Tem de publicar Livro José.

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  4. Livro? O livro é isto aqui.

    A publicação em papel nada acrescenta e só retira porque não se lerão os textos colocados.

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  5. E é um working book: à medida que me lembro de mais uma ideia, acrescento...ahaha.

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  6. Os livros em Portugal não se vendem muito e não chegam a muita gente.

    Nem sei como se publica tanta coisa que não vale nada...

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  7. E não se trata de caso típico de "estão verdes..." mas de realismo ponderado.

    Não vale a pena.

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  8. Valeria eventualmente como livro ilustrado de dimensão maior do que habitual e semelhante ao que a editora Mil Dias ( PCP) fez na altura com um livro de ilustrações a preto e branco em formado A4, reproduzindo várias fotos, com pouco texto.

    Mas isso teria que ser pensado de modo diferente e as 150 páginas desse livro, no meu caso dobraria.

    Incomportável se fosse como deve ser.

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  9. Pois, é verdade e depois as editoras não deixam que permaneçam os textos onlline.

    Mas podia ser uma edição online, mantendo o formato.

    Digo isto porque me chateia o José estar a fazer um trabalho único e depois ainda vir gente roubar-lhe coisas para venderem eles.

    E está a redigir cada vez melhor.

    Eu entendo e acho que faz sentido que seja assim.

    Mas também podia editar online, com boa organização.

    Só por coisas.

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  10. "Mas também podia editar online, com boa organização."

    Não tenho feitio. Não sou Araújo...ahahah.

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  11. Ainda agora estou a escrever aqui e estou ao mesmo tempo a trabalhar. E só assim me entendo.

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  12. Ainda agora estou a escrever aqui e estou ao mesmo tempo a trabalhar. E só assim me entendo.

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  13. Em multi tasking ou multitarefa é que me dou bem.

    Só que tem um custo: às vezes não fica perfeito. Mas é o risco que corro.

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  14. Só quando preciso de grande concentração para uma coisa é que me desligo da multitarefa.

    Por exemplo, para o desenho. Por isso é que não tenho desenhado nos últimos tempos...ahahah.

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  15. ehehehe

    Eu também funciono assim quando estou online.

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  16. Ainda a propósito daquela citação de Marcello Caetano que estava adulterada, cuja versão correcta se encontrava na pág. 208 do livro de Joaquim Verissímo Serrão, "Marcello Caetano, Confidências no Exílio" - que adquiri recentemente e que ando a ler - descobri, na pág. 131 daquele livro, o excerto de uma carta do Caetano ao Autor onde se lê o seguinte:

    "...vemos alçados ao poder analfabetos, traidores e desonestos que conhecemos de longa data. Alguns nem serviam para criados de quarto e chegam a presidentes de câmara, a deputados, a governadores civis e mesmo, quando não querem, a ministros."

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  17. Ou seja, a 2ª parte daquela citação adulterada do Caetano foi aqui que teve sua origem. É dele, de facto, mas foi escrita num outro contexto, e com palavras e expressões diferentes.

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  18. o PM falou, mas a esquerda festiva não o ouviu

    nesta o tótozero continua palavroso e a falar para se ouvir

    a escumalha ou ganga é mais desastrosa que o pior dos vírus (outbreak ou surto epidémico).

    têm de comum serem infinitamente pequenos



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  19. JC:

    É isso, exactamente. A adulteração é mesmo um apócrifo que teve uma origem duvidosa.

    Não se deve fazer tal coisa sem se indicar que se fez.

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  20. José, desculpe mas vou deixar aqui um protesto às televisões antes que passe a oportunidade. É que este desaforo já está a passar das marcas e além de supinamente irritante é revoltante e a impressão que dá é que o fazem subliminarmente para a pouco e pouco (a par de outros soporíferos do mesmo género e com igual finalidade) ir enlouquecendo as audiências.
    É uma autêntica vergonha ou melhor, um escândalo, neste caso refiro-me especìficamente à TVI (até a TVI já atingiu este nível, imagine-se!!!) que é o canal cujas notícias vejo pràticamente e só, embora se saiba que as outras televisões fazem exactamente o mesmo, com a repetição até ao vómito dos mesmos defeitos tenebrosos, sempre os mesmos, atribuídos ao anterior regime e a exaltação, sempre a mesma, das incomparáveis maravilhas paradisíacas da democracia, nos escassos minutos que antecedem os noticiários ou entre programas.
    É um constante matraquear das mesmas mentiras e exageros inauditos que repugnam o mais indiferente ou distraído. Os responsáveis pelas direcções de programas deviam de apanhar com um trapo encharcado de porcaria nas focinheiras pela lavagem descarada e premeditada que fazem diàriamente e a todas as horas, desde há semanas sem fim, aos cérebros dos portugueses menos informados, assim como pelo mesmo método e intencionalmente formatar de um modo que podemos classificar como criminoso, a personalidade das gerações mais jovens que nada sabem (porque lho ocultam nas escolas e na educação em geral, com propósitos maléficos) sobre o que foi efectivamente o Regime do Estado Novo.
    Pelo que se tem visto e ouvido é a esquerda comunista e a extrema esquerda que continuam a puxar todos os cordelinhos nesta esplendorosa democracia e já lá vão quarenta, estes sim, pavorosos anos de um regime execrável que nunca mais termina. Para que estas lavagens cerebrais aconteçam é claro que os partidos que compõem o sistema, ademais feito à sua medida, estejam como estão todos conluiados.
    Grande democracia, esta, não haja dúvidas...
    Eu e milhões de portugueses sabemos pereitamente o que é que a reles gentaça que engendrou este regime e o seu sub-produto, merecia. Mas lá chegará o dia.

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  21. https://www.youtube.com/watch?v=KJ_Phw3TivA

    o pós 24 ainda pariu algumas coisas

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  22. as 501 originaram a piada do cigano "atão essas são pesadas?"

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  23. no final dos anos 40 em Lisboa

    gangas ou operários
    mangas ou funcionários públicos, vulgo MONSTRO

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