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quarta-feira, junho 11, 2014

A esquerda fantástica que criou "elefantes brancos"

Com as nacionalizações de 1975 e o poder político nas mãos da esquerda,  o que faltava para Portugal recuperar do tempo de "obscurantismo", "atraso", "analfabetismo", "falta de liberdade", etc etc que se resume tudo na palavra mágica "fascismo"?

Pois, por mim, faltou o essencial: saber, competência e "outras políticas" como agora dizem os desgraçados que nos desgraçaram já por duas vezes.

Tinham o capital todo do lado deles ( com toda a banca nacionalizada); tinham a faculdade de produzir moeda, fazendo dinheiro; tinham a indústria e serviços mais importantes do lado deles, porque nacionalizados e mesmo assim...bancarrota à vista em 1976 e empobrecimento permanente, com crise económica constante.
Como foi possível tal fenómeno que os esquerdistas preferem esquecer e de que nunca falam? Nos livros do BE sobre os milionários "fascistas" e os "donos de Portugal" nunca falam sobre este estranho fenómeno- et pour cause...

Senão vejamos em concreto e com recortes de imprensa o que se passou até à segunda bancarrota, de 1983.

Em 1975, logo após a nacionalização da Siderurgia e o "ataque aos milionários", Champallimaud que era o génio da empresa, estava a reconstruir o seu império no Brasil, mesmo com crise internacional. A empresa que lhe tiraram cá, essa estava quase falida. Num ano.
Perante a realidade que se lhes impunha perante os olhos incrédulos dos joões martins pereiras e joões cravinhos da época, como é que o falhanço rotundo era explicado?

O Expresso de 20 de Dezembro de 1975 já dava conta do prenúncio do falhanço. O problema era até elencado de modo eloquente: " (...) A análise económico e financeira, da tributação sobre os lucros, da negociação mercantil dos acordos colectivos de trabalho (...) parecendo tecnicamenre inofensivos, constituem- a menos de reformulação e adaptação ponderada e orientada por critérios de âmbito nacional- significativos mecanismos reprodutores de um sistema incompatível com uma fase de transição para o socialismo".

Ou seja, com esta novilíngua que passou a ser norma jornalística, pretendiam explicar o inexplicável e esconder as contradições com o almejado socialismo e a realidade das empresas que já eram tantas que até dá dó pensar como essa gente nem pensou nisso- antes... 


Por outro lado, em 1983 não era só a Siderugia que estava falida. Na realidade, estavam falidas TODAS as empresas públicas nacionalizadas e roubadas ( porque não indemnizadas) aos patrões que eram os tais "donos de Portugal". Os novos "donos de Portugal" deixaram falir tudo. E ninguém lhes deu um pontapé no traseiro eleitoral para os pôr a mexer deste país ou do governo do mesmo, como fizeram aos tais "fascistas". Continuaram a mandar na intelligentsia jornalística e a mandar na ideologia da Constituição. Até hoje.

Sousa Franco, o fundador do PPD tornado socialista, até dizia na altura ( O Jornal 1 de Dezembro de 1983) que a banca privada e a pública era a mesma coisa e portanto o problema não era a banca...


No entanto, em 15 de Junho de 1984, o mesmo O Jornal já chamava às empresas públicas "elefantes brancos"!  Fantástico, sem dúvida, a capacidade desta esquerda em dar a volta ao problema que criaram de modo a que ninguém perceba qual a  raiz do mal. "Elefantes brancos" e pronto, está tudo explicado, sem precisar de mais razões.



 
 

A par deste experimentalismo social e económico aparecia entretanto outro tipo de experimentalismo que assentou depois arraiais no ISCTE.

É ler e rir porque chorar já nem vale a pena. O estudo que o Expresso de 12 de Março de 1983 publicou dava conta que afinal andamos enganados o tempo todo e o modelo industrial que tínhamos não prestava. Apesar de nos ter feito crescer a taxas fenomenais no tempo de Marcello Caetano, não prestava porque afinal só produzia bancarrotas e elefantes brancos...

Autores do estudo? Além do mais, um rapaz que dali a uns anos teria sérios problemas com quatro ranhosos que resolveram acusá-lo de coisas inomináveis: Ferro Rodrigues.

Outro que dava o palpite mais fantástico era o tal Cravinho, suma instância da inteligência pátria ( era então director de um GEBEI, uma coisa que se anacronizava a estudar "basicamente" a economia industrial...). Dizia então que "era preciso criar outra classe empresarial". Assim como quem cria mulas e machos...

Se isto não é de rir às lágrimas é de chorar pela demência desta malta.


Esta gente que muita outra gente levou a sério não era levado por todos a sério. Por exemplo este não os levava- nem leva, suspeito- minimamente a sério.

Em 1986 ( Semanário de 1 de Março desse ano)   traçava o quadro negro das nossas experiências dos últimos dez anos e deitava por terra todas aquelas experiências daqueles génios incompreendidos.


17 comentários:

  1. Isto é uma chatice.Agora que temos a mais bem preparada geração de sempre nos direitos, no combate às desigualdades e diferenças não o há para distribuir?O que dirão os africanos que cheios de afectos voltaram para debaixo da bandeira das quinas...
    Essa coisa do materialismo produtivo é uma grande chatice!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Mas com a cooperação dos camaradas chineses qualquer dia damos outra vez cartas.Vamos voltar à fase dos cantineiros em África!

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  4. o pc ocupou as terras do Alentejo para vender a cortiça e azeiona

    depois abandonou tudo

    o ps ajudou o pc a destruir a indústria

    freitas aliou-se com o ps
    sousa franco entrou no ps

    os militares lutavam pelos tachos

    Sobral Cid especializou-se em eanito

    as rotativas da casa ma moeda não parava
    o ouro do BdP também não

    os contribuintes pagavam 40% de juros à cabeça

    sempre os mandei à merda e para a pqp

    não esqueço nem vou perdoar
    tanto ódio, inveja, incompetência

    ainda me sinto um exilado e um peregrino

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  5. Caro José,
    o problema grave quanto a mim, é o facto de quem tem menos de 40 anos não saber nada disto, e acreditar piamente que o partido comunista nunca esteve no governo.

    Devido á minha actividade profissional lido com muitos jovens, e já não falo sequer os de esquerda, os de direita (psd) quando lhes conto factos á cerca dos roubos feitos no PREC, ou quando lhes digo que a rua tal com várias indústrias em menos de 2 anos ficaram com vários edifícios em ruínas, olham para mim, como se fosse um velho alucinado.

    A culpa não é só do ensino, os próprios pais, por opcção, nunca devem ter tido conversas sobre política, como antes julgo que havia.

    Mas pelo menos, posso ir ao computador e mostrar como já fiz com alguns o teu blog, e sentir que ficaram com alguma curiosidade em saber mais.

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  6. Caro Floribundus, o Eng. Veloso do TV Rural não teve papas na língua, e afirmou que o inicio da fortuna do americo amorim, foi através da compra da cortiça por tuta e meia aos compadres no tempo do PREC, carregava o camião de cortiça e apenas pagava o que lhe pediam pelo trabalho de tirarem (roubarem) a cortiça dos sobreiros.

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  7. A pergunta que gostaria de aqui deixar é se esses senhores da esquerda fizeram o que fizeram ao nosso país porque eram e são ignorantes ou por má fé para tratar da vidinha própria ?? Creio que a resposta não será dificil. E a maior parte desses senhores continua por aí a debitar sabedoria. Tenham vergonha !!

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  8. Magnífico alinhamento, magnifica 'pontuação'!

    Ao mesmo tempo que 'quisémos' por decreto elevar o nível de vida dos portugueses... criámos as 'fundações' económicas - destruindo as anteriores - que rebaixaram e se distanciaram cada vez mais desse objectivo, produzindo bancarrotas.

    O modelo está errado, completamente esgotado. Só por masoquismo insistiremos no mesmo caminho...

    Há que prosseguir o trabalho de desconstrução do estalinismo mental português e aguardar pela criação de um partido de direita, cujo líder possa fazer a diferença.

    Não cultivo o sebastianismo. Longe disso.

    Mas está na altura de surgir um partido com um líder e uma elite politica credenciada que consubstancie e preencha um espaço politico que tem muitas pernas para andar.

    Ferraz da Costa poderia ser esse líder.

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  9. Podia, de facto podia.

    Ferraz da Costa é dos poucos que sabe o que quer.

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  10. Esqueçam os partidos... prefiram os sábios no lugar certo e pronto.

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  11. Portugal precisa agora, mais que nunca, de uma meritocracia em vez da partidocracia que se traveste de democracia.

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  12. Jardim Gonçalves descreve José Sócrates a colecionar bancos como quem joga ao Monopólio: já tinha a CGD, controlava o BES explorando a “ambição de Ricardo Salgado”, e queria juntar o BCP à colecção (p. 168). Para quê? Por exemplo, para “influenciar directamente mais de 80% do mercado de crédito suportado por activos mobiliários” (p. 127). A ideia socrática, segundo Jardim, era esta: “Financiamos as empresas e os interesses que desejamos, a própria República poderá implementar uma política de juros ambiciosa e endividar-se com mais facilidade” (p. 168).

    http://observador.pt/opiniao/os-banqueiros-regime-aprenderam-falar/

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  13. José, tem algum post em arquivo sobre o general António de Silva Cardoso ou sobre os livros dele "Angola, Anatomia de uma Tragédia" e "25 de Abril: A Revolução da Perfídia".
    Merecia uma homenagem pois a comunicação social esqueceu o seu falecimento.

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  14. Não tenho e quando tiver oportunidade vou procurar esses livros.

    Obrigado pela info.

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  15. Este comentário foi removido pelo autor.

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  16. "Se isto não é de rir às lágrimas é de chorar pela demência desta malta."

    O José ainda não viu nada!

    Essa malta do ISTE em conjunto com a do CES liderado pelo lunático do Boaventura são a nata da demência nacional...

    Publiquei:

    http://historiamaximus.blogspot.pt/2014/06/a-esquerda-fantastica-que-criou.html

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  17. Correcção: Queria dizer ISCTE e não ISTE

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