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terça-feira, setembro 16, 2014
O papel dos processos e a inteligência artificial do "sistema"
Esta imagem retirada do Observador mostra o que é um processo judicial, de dimensão média, hoje em dia: uma pilha de papéis, cada vez mais papéis em duplicados e triplicados que as fotocopiadoras replicam, organizada em pequenos volumes encadernados tipo dossier. Num processo deste tipo juntam-se todos os papéis impressos que relatam os actos processuais e os actos dos funcionários e magistrados ainda os documentos e peças processuais "das partes" , cartas expedidas, com os respectivos sobrescritos e registos de correio, talões, etc, etc. Tudo cabe num processo, agora, e tudo deve caber, como se a informática dos tribunais, o famigerado Habilus/Citius, fosse um monstro que se alimenta a papel, cada vez mais papel, depois de registar esses mesmos actos em modo virtual.
Há uns anos largos houve grande alarido mediático por causa dos processos judiciais do tempo "medieval", cosidos em labor tipo sapateiro, com fio, sovela e destreza dos funcionários. Esse tempo passou e veio o da "informática", primeiro com um rudimentar processador de texto, DW4, no início dos anos noventa e depois na década seguinte com a entrada em força dos meios informatizados que desembocaram na entrega de um computador a cada magistrado e ao equipamento total das secretarias dos tribunais em écrans de fósforo que passaram a lcds.
Actualmente, nas secretarias dos tribunais trabalha-se a olhar para os monitores dos computadores, onde se desenvolve toda a tarefa processual e ao mesmo tempo replica-se tudo numa espécie de backup em papel que não pára de crescer em resmas e resmas de gastos de celulose .
O objectivo é guardar tudo em múltiplas cópias com espaços físicos em armários e virtuais nos discos dos computadores e na "nuvem" do "sistema".
Seria interessante comparar as resmas de papel gastas há vinte anos com as que agora se consomem nas mesmas tarefas. E ainda mais interessante seria perceber como funciona esta inteligência artifical que eventualmente quintuplicou esses gastos ao mesmo tempo que tentou melhorar a produtividade enquadrando tudo em registos informáticos...
Que "inteligência" é esta?
ehehehe
ResponderEliminarQue anormalidade
qualquer nabo do MONSTRO está há muitos anos (à frente) convencido que a informática resolvia o problema dos papéis
ResponderEliminarcada vez se deliciam mais em triplicar papel no fisco, nas escolas, ...
passam o temo a tentar convencer-me que tudo estava mal no tempo do anterior fascismo
Isto do papel no tempo da informática não é exclusivo da justiça… é por todo o lado. O escritório sem papel, com um computador em cada secretária, mais não fez do que multiplicar o papel exponencialmente… pela disponibilidade das impressoras, pelo baixo custo de impressão (que no caso do Estado é de borla para os desmiolados que consomem papel e tinteiros sem controle), depois fotocopiadoras em cada sala para multiplicar as redundâncias — na CMP havia uma reprografia, mas os senhores doutores e engenheiros começaram a achar que ir ao sexto andar era demasiado e hoje não deve haver sala sem a sua própria máquina de multiplicar papel… É o Mundo ao contrário. — JRF
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ResponderEliminar“Tres clases hay de ignorantes: no saber lo que debiera saberse, saber mal lo que se sabe, y saber lo que no debiera saberse.”
―William Somerset Maugham
Faço reporte a um post recente : não há " tesoura ou x-acto" que apague o que existe em registo informatizado ...
ResponderEliminarE diziam e repetiam exaustivamente, estes aldrabões que nos desgovernam há quarenta anos, que no tempo do Estado Novo havia uma burocracia tal que só um regime atrazado 50 anos, como, na sua concepção, aquele era, a podia conceber.
ResponderEliminarPois, a hipocrisia e o cinismo de que estes indigentes são a sua expressão máxima, agora neste regime em que a burocracia atinge limites impensáveis e incomparáveis à que existia no Estado Novo, eles calam-se que nem ratos. Claro, aldrabões e desavergonhados como são, só é natural que assim procedam. Aliás já nos habituaram desde há muito a velhaquices do género e até a muito piores. Mas apesar disso nunca desarmam, está-lhes na massa do sangue.