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domingo, novembro 02, 2014

O caso BES começou há quarenta anos e a imprensa nada viu





VPV escreve hoje no Público  em defesa da dama do jornalismo nacional, atacada ferozmente pelo primeiro ministro em exercício. Fica-lhe mal.  VPV diz que no caso GES/BES  foi a "imprensa" quem descobriu "as peripécias torpes que levaram à falência e à vergonha do GES". Não foi. E diz mais: que "nem o BdP avisou a tempo", nem o PR "tentou reduzir ou atenuar as desgraças das coisas".  E que os partidos "nem abriram a boca", tendo sido os jornais os heróis da circunstância, particularmente o i e o Expresso que " se encarregaram de explicar o que podiam explicar às pessoas". Não foram e podendo explicar muito explicaram quase nada. Sartre quando esteve cá em 1975 disse que a imprensa nacional, tal como então a francesa, nada explicava às pessoas. Em França mudou. Por aqui continua tudo na mesma, até porque muitos dos jornalistas são os mesmos e com a mesma forma de pensar.  

O caso GES/BES não começou há seis meses.  De facto, começou há quarenta anos e é preciso que se diga tal coisa, como alguns já o vão dizendo, a medo e sem amplificação mediática que se veja. Aí está um grande falhanço da imprensa nacional.
Há quarenta anos, "os jornais" eram todos de esquerda, em boa parte até comunistas, incluindo o Expresso,   que não  sendo comunista,  foi durante o PREC um belíssimo compagnon de route da  idelogia esquerdista que recolheu a chama bruxuleante dos amanhãs a cantar e a conduziu até ao pódio da Constituição de 1976. VPV estava lá e viu.  Sabe que até o Otelo defendeu o jornal no Verão Quente de 1975 quando Vasco Gonçalves lhe chamou "pasquim da reacção". Otelo disse que o jornal estava plenamente integrado no processo revolucionário ou coisa que o valha e assim ficou o Francisquinho com o seu quinhão.  
O caso GES/BES começou aí, com o desmantelamento do grupo e a fuga das galinhas para os brasis de suíças postas para disfarçar.
Quando regressaram pela mão do regime que temos ( até com a participação de Mário Soares) os Espíritos não foram indemnizados  devidamente e o capital em falta fez sempre falta.  O que disseram os jornais sobre isto? Repetiram e papaguearam os estribilhos da esquerda nacional.  São estribilhos bem explicadinhos em livros do BE ( Os Donos de Portugal e Os burgueses).
Aliás, sobre isto, VPV o que pensará do que aconteceu em meados de 1974 quando os capitalistas portugueses queriam investir milhões e milhões de contos e a esquerda, com o tal Expresso à cabeça, onde VPV cronicaria,  nem sequer lhes deu oportunidade para discutir tal proposta?    
Durante os governos de José Sócrates, quem na imprensa denunciou a estratégia de tomada de poder  financeiro encetada pelo tal Ricardo Salgado em parceria tácita com esses governos ditos de esquerda?  Tal como a figura do Romeiro de Garrett,  respondo: ninguém!  Nem sequer me lembro de ler crónicas de VPV sobre o assunto...
Vir agora apresentar a imprensa como a heroína  desta denúncia das " peripécias torpes" é patético por uma simples razão: não foi a imprensa quem descobriu motu proprio tais peripécias: foram alguns elementos da própria família que lhas deram.  E deram a certa imprensa.  
Vir apresentar o Expresso como campeão deste jornalismo de vão de escada à espera da sopa dos pobres anónimos, dada à socapa e quando calha é não perceber o que faz o jornal: jornalismo de causa circunstancial, com um interesse primordial: manter lucros para o patrão.  O i? O i não existe como jornal mas apenas como projecto tipo Dica, apesar de andar agora armado em washington post.
Por outro lado, o que o primeiro-ministro em exercício disse foi a mais pura das verdades e que todos os dias é confirmada, particularmente no jornal em que VPV escreve e lhe paga por isso. A manipulação de informação segundo os critérios da jacobina que lá está, muito artzy artsy; a censura por omissão; a desinformação por incompetência e a falência permanente em que se encontra, sustentada  pela complacência de um patrão com medo da esquerda.
Há porém uma parte da crónica de VPV que acerta no alvo  das críticas justas ao primeiro ministro que está: a RTP. Vergonha maior numa estação pública não pode haver. Programas tipo Campos Ferreira que só confundem as pessoas pela inépcia da apresentadora ou manipulação das mensagens deviam ser suficientes para acabar com o forrobodó. Mas não acaba e por uma razão que é sempre a única: medo da esquerda.

Sobre o olho piscante do jornalista da RTP, VPV já não o suporta. Sugiro que mude de tique e passe a abanar uma orelha...

18 comentários:

  1. A abanar uma orelha

    AHAHAHAHHAHA

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  2. é não perceber o que faz o jornal

    Acha realmente que ele não percebe?

    Este, soube-o há pouco, também foi demente.

    Foram todos. Não temos hipótese com estes indivíduos. Fizeram o seu portugalzinho - a "tuga" - e estamos condenados a viver nela até deixarmos de estar.

    Os Conquistadores de Almas - José Pinto de Sá:

    Muitos anos depois verificaria que as lendas sobre Saldanha Sanches tinham fundamento mas algumas inexactidões. Saldanha Sanches conhecera Rui d’Espinay, o estudante que com Pulido Valente e sob a direcção de Francisco Martins Rodrigues havia materializado a cisão maoísta do Partido Comunista em 1964, e conhecia-o desde os liceus e o rescaldo da campanha presidencial de Humberto Delgado, desde 1960. Conhecimento e amizade que também incluía Fernando Rosas, o teorizador do MRPP (coisa que no meu Comité Vieira Lopes de- certo sabia), e todos tinham andado juntos ao longo dos anos 60: primeiro no PCP mas em contacto com Rui d’Espinay, depois na EDE de 1969 de onde saíra o MRPP e notoriamente alguma influência sobre os CCRM-L, e tudo numa época lendária que, para a percepção que eu tinha em 1972, com 20 anos, tinha sido há muito tempo...

    A fama de que Saldanha Sanches não falara na PIDE, e que era a origem principal da sua áurea, seria posta em causa depois do 25 de Abril pelo PCP, mas em 72 Saldanha Sanches passava por ser o único dirigente estudantil que obtivera aprovação no exame da tortura da PIDE. Prova em que, aliás, de todos os marxistas-leninistas presos até então, só Pulido Valente tinha fama de ter conseguido aprovação, em 1965, com uma atitude destemida: agredindo os torcionários de modo a provocar uma reacção violenta que o enviara para o hospital, terminando assim com os interrogatórios.


    "Havia materializado a cisão maoísta"?

    E assim é, estamos entregues a gente que se ocupava destas coisas, cisões maoístas e outras demências. É realmente de espantar o estado a que isto chegou?
    Acho que é de espantar que esteja tão bem...

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  3. Olhe que essse Pulido Valente não é este que aqui escreve. Este é Correia Guedes...

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  4. Tenho aliás por aí um artigo de umn antigo Expresso em que cito VPV a dizer o que então poucos diziam claramente: o socialismo era nada porque tudo se resumia ao capitalismo, tirando o comunismo.

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  5. Não é um artigo é uma entrevista colectiva.

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  6. Sim ,esse Pulido Valente era o comuna qu morreu.

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  7. Sendo assim, pois não será... Fica a correcção.

    Em todo o caso, este também andou metido na demência, não?

    É pelo menos o que diz a wiki: que fez parte do "grupo chamado Movimento de Acção Revolucionária, chefiado por Jorge Sampaio."

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Vasco_Pulido_Valente

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  8. O uqe é mais incrível é que ninguém faz as contas quando fala na ditadura do Marcelismo e na boa da alternância democrática.

    Só o Mário Soares esteve 20 anos no poleiro e o Sócrates tantos quantos esteve o Caetano.

    A dita cuja tem voto por barriguismo.

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  9. Mas consta por aí, que o Salgado, regressou, com o apoio do sóares, que entretanto tinha pedido ao mon nami Mitterrand, que metesse uma cunha num banco qualquer francês, para lhe emprestarem dinheiro. Será? A ser verdade, o Salgado, nunca mais consegiu pagar a factura ao ami.....

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  10. vivi intensamente a política desde 1950

    MC teve culpa em não saber conservar os militares que o podiam apoiar
    não há ditaduras de civis

    durante o seu consulado o patronato importante protegeu e pagou a xuxas e comunas, como já aqui disse

    desconheciam que estes lhes preparavam o funeral e o dos habitantes do rectângulo

    a comunicação social e as empresas já estavam minadas antes de 25.iv

    esse assunto foi largamente debatido em reuniões em que se preparou o regresso do gol como força política
    facto que não veio a acontecer

    porque seria minado por alguns xuxas, alguns dos quais ainda por aí andam

    o grupo dos 9 não era melhor que o mfa de otelo e vasco

    todos contribuiram, uns mais que outros

    preparem-se para o regresso do prec 2

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  11. José, desculpe mas VPV tem toda a razão no ridículo "piscar de olho" de Rodrigues dos Santos no final dos telejornais de que ele é o parlador em escala permanente. Imagine-se a escandaleira, absolutamente imperdoável com direito a ir para a rua por indecente e má figura, que seria qualquer um locutor de notícias dos canais televisivos dos Estados Unidos, de Inglaterra, de Fraça ou de qualquer outro país decente, europeu ou extra-europeu, fazer o mesmo gesto fora de todas as regras jornalísticas do bom senso, da seriedade, do rigor e da postura correcta, absolutamente inadmissíveis em qualquer transmissor de notícias (já agora ele que aprenda com a maioria das jovens, repito, jovens jornalistas-mulheres - contràriamente a ele próprio que já não é tão jovem assim e por isto mesmo já devia ter aprendido as regras jornalísticas há decénios - que, pela boa dicção, pela seriedade com que transmitem as ocorrências e pelo respeito para com quem as está a ouvir e a ver, merecem os parabéns pelas bastante razoáveis reportagens que fazem do exterior) perante um público que se deve respeitar acima de tudo e principalmente se se quer ser levado a sério e ter um mínimo de credibilidade e aceitação nas notícias que transmite.

    Que diabo, ser locutor de telejornais não é pròpriamente estar a brincar no recreio da escolinha... ou a participar nos Big-Brothers.
    Já basta, o que se torna insuportável para o telespectador, o homem engolir metade das palavras que profere e sempre, sempre, omitir a última sílaba das mesmas, além das caretas que já não se aguentam. Esta oralidade demasiadamente defeituosa não se admite em qualquer jornalista que se preze e decididamente jamais, em tempo algum, num locutor de notícias.

    Obs.: Não vi ainda nenhuma das jornalistas de notícias piscar os olhos ao telespectador ao terminar a leitura destas e que me lembre também não relativamente aos jornalistas-homens, excepto este cretino. Para estar nas notícias há uma infinidade de tempo deve ter tido uma cunha do tamanho do mundo. Ah, agora me recordo de ter lido algures que foi-lhe oferecido aquele cargo vitalício por ser "filho de". Tinha que ser. E no outro regime é que, segundo os democratas de algibeira que tanto se orgulham do regime pútrido que introduziram em Portugal, os empregos só se obtinham através de cunhas! Cambada de mentirosos, corruptos, hipócritas e cínicos.

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  12. Pois...mas eu acho que o apresentador deveria mudar de tique. Só isso.

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  13. Passar ao orelhame

    AHAHAHAHAHAH

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  14. durante o seu consulado o patronato importante protegeu e pagou a xuxas e comunas

    O paradoxo do tempos modernos.

    Noutro postal o José dizia que o dono do Público o sustenta em estado de permanente falência porque tem medo da esquerda.

    O "patronato importante" a que se refere o Floribundos teria também medo da esquerda?

    Quanto medo...


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  15. Será que os Kuhns, Loebs, Schiffs e Warburgs tinham medo dos Lenines (Ulyanov) e dos Trotskys (Bronshtein)?

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    1. Todor judeus, por sinal. O Lenine nao esa 100pct mas tioha sangue khazariano.

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  16. Outra coisa que seria interessante apurar: que patronato era esse, que protegia e pagava aos seus putativos inimigos mortais?

    Isto é, a que actividades económicas se dedicava? Produtivas, como a indústria ou agricultura? Ou talvez de outra índole, como a comunicação social ou publicidade?

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  17. muja, o João Pulido Valente de que falo no meu livro não é o Vasco. E também não é o que deu o nome ao Hospital.
    Os Pulidos Valentes eram uma família de médicos, muitos médicos.
    O MARN, por outro lado, em que o Vasco andou, era uma coisa palavrosa mas puramente diletante.
    Mas sim, a malta das cisões, sub-cisões e sub-sub-cisões era demente e está-lhes no sangue ideológico. Veja-se a recaída no BE... ;-)

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