No Público de ontem, Vasco Pulido Valente escreveu esta crónica em que põe o dedo numa ferida aberta pela esquerda: não compreendem a Alemanha e inventaram agora a "narrativa" de terem sido perdoados pela dívida, no fim da guerra...
Segundo VPV tal constitui um mito corrente, uma lenda urbana dos tempos que correm.
Para conhecer a Alemanha falta-nos material escrito. Em 2010, um articulista do Sunday Times, Observer, New York Times e Spectator publicou este livro que segundo julgo ainda não foi traduzido entre nós e que me parece essencial para tal efeito:
De há uns anos a esta parte tenho curiosidade em saber e perceber como é que um país arruinado literalmente em 1945 conseguiu em pouco mais de dez anos (1952-1960) ficar assim, como mostram estas imagens de Josef Heinrich Darchinger, publicadas num livro pela editora Taschen:
O Reichstag, ainda destruído...
Hamburgo:
Colónia
Mercado de Deggendorf.
Mercearia em Bona
Augsburgo
E para terminar, esta, fantástica, de uma autobahn e um acidente rodoviário em Karlsruhe.
Como é que este povo conseguiu isto?
Certamente, devem ter lamentado a "austeridade" desses anos e o "empobrecimento" da guerra e outas misérias que alguns povos do sul da Europa repetem como jeremiades em ladainha permanente...
A nós faltou-nos um plano Marshall. A eles sobrou-lhes uma guerra devastadora, mas em menos de dez anos estavam à nossa frente. Deve ter sido o "fassismo", talvez. Mas tivemos nos últimos 40 anos três bancarrotas iminentes e não houve "fassismo". Agora temos "empobrecimento" provocado pela...Alemanha, segundo os feitores das bancarrotas, os syrizas de todos os matizes que são maioria pensadora em Portugal.
Então como é? Isto dá que pensar...
maneiras diferentes de encarar o plano Marshall
ResponderEliminarFrança
1º casas depois fábricas
Alemanha
o inverso : 1º fábricas
houve muita austeridade
muita força de vontade
muito trabalho
recuperação da tecnologia
no rectângulo 1/2 é gordo
1/3 candidato a diabético
25% morre de cancro
!/2 vive do trabalho do sector privado e detesta-o
PQP
ResponderEliminarE depois , com a reunificação : redobrado exemplo . Desta vez o impulso nem sequer foi o da sobrevivência .
E enquanto isso na Alemanha de Leste...
ResponderEliminarO socialismo por cá ainda é muito tolerado e acarinhado após 3 bancarrotas.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarMax Weber abordou o assunto em "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo". E, embora as suas propostas tenham sido muito criticadas, nunca esquecerei aquilo que um professor de Alemão (nascido no final do III Reich) referia em aulas que frequentei: na sua aldeia, na Baviera, os protestantes eram uma minoria. Ao fim-de-semana, os protestantes levantavam-se bem cedo, fizesse chuva ou sol, para praticar desporto, organizar actividades comunitárias de entreajuda, etc. Os católicos ficavam a dormir.
ResponderEliminarOs filhos de quase todos os protestantes esforçaram-se e estudaram (para fazer o Secundário, faziam 3 km a pé até à estação de comboio que os levaria à cidade) e conseguiram bons empregos - médicos, professores, juristas, engenheiros. Poucos foram os filhos de católicos que terminaram o Secundário. Atravessar a floresta a pé diariamente (6 km no total) deve ter-lhes parecido um sacrifício demasiado grande.
Este homem tem hoje 75 anos e, apesar de jubilado, continua activíssimo, a dar aulas de Alemão como professor voluntário, a organizar arquivos e bibliografia sobre cinema alemão, a escrever, a praticar desporto, etc. Sempre que o interpelo a propósito de tamanha actividade, responde-me, a rir: "Já sabe, é a terrível ética do trabalho de que os protestantes não se conseguem livrar..."
7 de fevereiro de 2015 às 22:13
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É curioso que a Baviera é predominantemente católica-ética da preguiça, portanto- embora seja o estado federado mais desenvolvido. Estas coisas nunca são a preto e branco, e as fórmulas funcionam mal.
ResponderEliminarÉ curioso que a Baviera é predominantemente católica-ética da preguiça, portanto- embora seja o estado federado mais desenvolvido. Estas coisas nunca são a preto e branco, e as fórmulas funcionam mal.
ResponderEliminarO VPV tem uma grande panca com o Soares.
ResponderEliminarAgora chamou fanático ao Eanes por causa do PRD e até o comparou ao Hitler...
>«Os fanáticos vêem o mundo por uma fresta e ganham pela demagogia e pela intimidação. Na história política contemporânea, há centenas de casos parecidos. Dos maiores, como Hitler, aos mais pequenos, como o PRD de Eanes. Hitler declarou guerra ao Império Britânico, à URSS e à América: toda a gente percebeu que o desastre era inevitável, mas só ao fim de 55 milhões de mortos, com os russos a 100 metros da porta, ele percebeu. Eanes imaginou que se criava um partido com meia dúzia de militares e dúzia e meia de tresmalhados ou desiludidos, sem uma tradição e uma função social evidente e durável, mas bastou Mário Soares dissolver a Assembleia para se ver o vácuo daquela traquitana.»
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ResponderEliminarA Baviera é um dos Lãnder mais desenvolvidos da Alemanha, mas há que ter em conta que muitas das indústrias lá instaladas foram fundadas noutras regiões (caso da Siemens e da Allianz Ag, mas há muitas mais), tendo sido transferidas posteriormente para a Baviera por ter sido menos atingida pela guerra.
ResponderEliminarA Baviera era sobretudo agrária e beneficiou muito com estas relocalizações.
Numa região predominantemente católica, a elite dos negócios e da iniciativa privada pode ter uma forte componente luterana. Não faço ideia se assim será porque não tenho dados, mas como hipótese não é de descartar.
Mas claro que nada é preto e branco apenas. Por isso referi as críticas à tese de Weber.
o rectângulo tem 2 séculos de governos ditos de esquerda
ResponderEliminara culpa do atraso cultural e económico continua a ser atribuida aos padres
a católica Áustria tem tradição de séculos de bildung com os Habsburgos
em Portugal. já aqui o mostrei em relato da Univ Coimbra perdeu muito com a expulsão dos Jesuitas
o rectângulo não tem futuro devido aos socialismos praticados e aos seus inqualificáveis dirigentes
passei anos na Áustria. por dormir 4-5 h pensei no 1º dia ser o 1º a ir às compras e verifiquei que todos os vizinhos já há muito tinham partido para o trabalho
não assisti a uma única greve
observei um longo e ordeiro desfile de protesto na hora de almoço no centro de Viena
isto cada vez parece mais a Papua
a AR, os partidos de esquerda e a comunicação esforçam-se por promover
uma bancarrota definitiva
A Alemanha ou a França exportaram as ditas ciências sociais, que deram origem à cartilha da Esquerda que agora domina parte das Universidades do Sul, as mesmas que formaram o esterco do BE, do Podemos, do Syriza, do PASOK ou do PS, e que corrompeu parte da Direita. No entanto, esses mesmos países não aplicam a cartilha dos Marx e dos Engels da vida e têm regras que por cá seriam apelidadas de «fassismo».
ResponderEliminarMas importa recordar que pelo menos na Península Ibérica temos uma corpo ideológico fantástico construído ao longo de séculos e que bebeu nos autores da Antiguidade e no Cristianismo. Não é por acaso que, apesar das guerras da Reconquista, a Península estava ao nível de uma Inglaterra ou uma França durante a Idade Média.
É aí que estão as bases do que foi posteriormente a Revolução Científica, a Revolução Industrial ou o Liberalismo. Curiosamente, ficámos para trás, Portugal e Espanha, a partir do século XVII, por circunstâncias complexas.
«Numa região predominantemente católica, a elite dos negócios e da iniciativa privada pode ter uma forte componente luterana. Não faço ideia se assim será porque não tenho dados, mas como hipótese não é de descartar.»
ResponderEliminarTambém me parece que será essa a explicação.
No entanto importa referir que antes da Reforma a Igreja era muito heterogénea e já havia grupos muito austeros que defendiam as ideias que foram depois divulgadas pelo protestantes.
As bases do Protestantismo vieram de dentro da Igreja Católica.
«É curioso que a Baviera é predominantemente católica-ética da preguiça, portanto- embora seja o estado federado mais desenvolvido. Estas coisas nunca são a preto e branco, e as fórmulas funcionam mal.»
ResponderEliminarTalvez haja diferenças entre a vivência do catolicismo na Península Ibérica e noutros países europeus.
E entre a Igreja Católica Portuguesa e a alemã, austríaca, espanhola ou italiana.
Uma alemã católica que conheci há tempos no Porto ficou chocada quando viu centros comerciais abertos ao Domingo e quando lhe expliquei que por cá os gays casavam ou o aborto era pago pelo Estado. Ela lera que 90% da população era católica e pensava que éramos um país conservador onde as famílias eram estáveis e iam à missa ao Domingo. Contou-me que a família dela era católica e fora educada desde nova a valorizar o trabalho e a poupança. Disse-me ainda que detestava gregos, espanhóis e italianos, porque eram arrogantes e falavam muito alto, mas que apreciava a postura dos portugueses por serem mais humildes e mais educados.
Houve uma mudança brutal de mentalidade em Portugal após o 25 de Abril. Quando frequentei a escola primária nos anos 90 quem não usava roupa de marca era gozado, e as pessoas poupadas eram alvo de troça. Esta atitude contrastava com a de uma geração mais antiga, a dos meus avós, que valorizava o sacrifício, o trabalho.
Portanto houve um mecanismo qualquer de lavagem cerebral maciça às novas gerações que estão agora maioritariamente esquerdizadas, jacobinas, e desprezam o trabalho, a independência financeira, a poupança, o esforço.
A Igreja Católica portuguesa também não ajuda.
ResponderEliminarA educação religiosa em Portugal é infantilizante e superficial. Frequentei a catequese até dos 6 aos 16 anos.
Muita fé, muita Nossa Senhora e muito Menino Jesus.
Não deveria ser assim. A Igreja portuguesa forma pessoas com uma fé infantil, ingénua, propensas a viverem num mundo desmesuradamente optimista, desligadas da realidade.
Deveria formar sim indivíduos que valorizassem acima de tudo a Razão e prontos para uma guerra política sem escrúpulos.
Entreguem portanto a educação religiosa portuguesa aos Jesuítas e teremos o problema resolvido.
Já enjoa tanta infantilização.
A Igreja portuesa não pode continuar a formar débeis de espírito.
Tem toda a razão, Zephyrus, no que respeita ao avanço da Península na ciência e na reflexão política e filosófica nos séc. XV e XVI. A neoescolástica teve um papel fundamental e a revolução científica do séc. XVII que a historiografia anglo-saxónica reclama como sua também recebeu impulsos vitais da ciência ibérica ligada aos Descobrimentos e não só, conforme demonstrou a investigação de Henrique Leitão, o mais recente Prémio Pessoa.
ResponderEliminarNão deixa, contudo, de ser impressionante o contributo dos alemães para o acervo do conhecimento humano, na ciência, na técnica, na filosofia, na música, etc. Mesmo tendo em conta que muitos deles eram judeus alemães. Há uma cultura do esforço e do trabalho, uma vontade inexcedível de ter resultados, de contribuir para algo que consideram importante.
Os alemães são povo um bocado "a sério".
ResponderEliminarE os japoneses também.
Há várias imitações, mas sem comparação com os originais...
Eles, quando fazem qualquer coisa, querem que seja o melhor possível e para durar.
ResponderEliminarNós, com o tradicional chico-espertismo, só pensamos em aldrabar.
Este fundo de vigarice há-de ter estado quieto durante o Estado Novo porque a ética era diferente, como o Zephyrus descreveu.
Mas, com o 25 de Abril, teve e tem todas as condições para ser lei.
as crianças alemãs do após guerra ficaram todas traumatizadas por não terem brinquedos
ResponderEliminarpor isso dedicaram-se a desenvolver um país arruinado
enquanto os italianos criavam a Lambreta
os alemães fabricavam o Messerschmitt, conhecido entre nós por 'supositório de camião'
pode ver-se numa foto
a 'sesta' também é invenção da Igreja peninsular
o infante dos descobrimentos era filho dum frade e duma senhora inglesa
a nossa cultura não ultrapassa a decadente França
da Alemanha conhecemos vagamente o nome
A Lambretta- grande design
ResponderEliminarA itália teve o bom e o belo.
ResponderEliminaro mais actual, o belo e a "raça" superaram o bom.
Mas o "dom" belo/a italiano/a, que "bom" é...
Se todas as generalizações são imbecis, o que dizer D as que são feitas por imbecis.
ResponderEliminarAs guerras não são medidoras de inteligência. Apenas mostram loucura e coragem. A diferença dos alemães para os portugueses é que eles são inteligentes e nós burros. A Merkel não apoiou o Helmut Kohl quando soube do escândalo, ele que a tinha praticamente trazido para a política. Quando acusam os povos do sul, sabem muito bem a que se referem. Ou alguém tem dúvidas de que a Merkel não sabe como o Prof Cavaco Silva comprou e vendeu as ações do BPN? Ou que não sabe os níveis de corrupção entre Estado e empresas, aqui?
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