Observador:
Falar de descolonização implica falar de militares. E nos anos de 1974 e 1975 falar das Forças Armadas portuguesas implica falar do “batalhão em cuecas”. Ou seja dos sons, das imagens e dos testemunhos sobre as humilhações a que, na Guiné, Moçambique e Angola, estavam ou poderiam vir a estar sujeitas algumas unidades militares.
Entre as explicações que os militares e líderes políticos com responsabilidades na descolonização têm dado para a forma como esta foi feita, conta-se invariavelmente a referência à influência dos jovens radicais que gritavam em Lisboa “Nem mais um soldado para as colónias”. Mas na verdade o problema não foram estas manifestações, por mais que elas tivessem irritado as chefias militares.
O problema é que, como em Lisboa bem se sabia, seria até preferível que os soldados já não partissem para as colónias: quebrada a cadeia hierárquica de comando, os militares protagonizam em África episódios que, para bem das Forças Armadas, Portugal não devia conhecer. Para os políticos e chefias militares que falharam no seu imaginário de libertadores, o “batalhão em cuecas” funcionou como derradeiro argumento desculpabilizador. Nas mãos daqueles que em 1974 e 1975 aplicavam à prossecução dos seus objectivos ideológicos o que tinham aprendido nos manuais militares de acção psicológica, o “batalhão em cuecas” foi uma notável peça táctica.
Depois de terem querido manter o império e feito cair o regime, as Forças Armadas portuguesas começavam um combate que as levaria a uma sucessão de golpes e contra-golpes. E nesse combate valeu quase tudo. De Cabinda em Angola, a Omar em Moçambique, após o 25 de Abril de 1974, as Forças Armadas portuguesas lutaram impiedosamente. Contra si mesmas.
Esta pequena passagem do texto de Helena Matos sobre um aspecto da "descolonização exemplar" dá azo a que se mostre que Portugal e os portugueses não foram todos militates em cuecas durante a guerra no Ultramar. Quem os pôs de cócoras, em primeiro lugar foi a esquerda comunista, com grande destaque para o PCP e também a esquerda democrática do PS e satélites como o MES, com o total apoio do MFA dirigido na altura por militares destrambelhados, como Otelo Saraiva de Carvalho ( o qual tendo dito recentemente que Salazar afinal teve méritos, já ninguém o quer ouvir...) ou simples idiotas úteis, cujos nomes escuso de escrever.
Por isso mesmo importa refazer a imagem histórica mostrando o lado da História que agora não se conta, porque o tempo ainda não está maduro. Quem se atreve a desviar da rota da História politicamente correcta é logo apodado de "fascista" ou saudosita ou reaccionário.
Para começar, uma entrevista com um militar, patriota dos verdadeiros e guerreiro de fibra: Kaulza de Arriaga. A entrevista foi publicada no Observador de 5 de Novembro de 1971 quando KA era o comandante dos portugueses na frente de guerra em Moçambique.
O generak Kaulza de Arriaga foi preso em 28 de Setembro de 1974 porque era um dos perigosos "fascistas" e nessa condição ficou até 21 de Janeiro de 1976.
Em 1987 publicou um livro que intitulou "Guerra e Política- em nome da verdade os anos decisivos" que mais logo conto publicar por aqui alguns excertos...
O livro do general Kaulza de Arriaga foi publicado em 1987, dez anos depois de o mesmo ter instaurado uma acção nos tribunais administrativos que acabou por lhe dar razão. Como aqui se explica:
Como é que hoje se lida com estes assuntos? Simples: Kaulza é um "ultra" ou seja um fascista retinto que nem merece consideração pessoal de espécie alguma e está o assunto resolvido.
Por outro lado, o Correio da Manhã anda há meses a publicar no suplemento dominical Domingo duas páginas de testemunhos pessoais de antigos combatentes na guerra do Ultramar. O modo como o faz é muito parecido ao que antigamente a revista Observador fazia, com uma linguagem sem grandes tergiversações novilinguísticas e não se lêem barbaridades com os chavões de linguagem da esquerda comunista. Os depoimentos são geralmente na primeira pessoa, por quem protagonizou e viveu esse tempo.
Hoje por exemplo, traz este depoimento:
O programa do "MFA" foi o primeiro caso do regime das promessas enganosas
ResponderEliminarSó lhes faltou acrescentar um "D" que teria que ser traduzido para "colonização africana"
Os gajos do tudo e do seu contrário continuam na senda para o abismo.Então agora nos "direitos humanos" na ONU vão certamente acelerar o império agora só á dentro e por nossa conta
dificilmente se saberá o que se passou na Tanzânia
ResponderEliminarporque todos parecem estar a mentir ao sacudir a 'sua desejada entrega'
igualmente o que ocorreu noutros locais durante a descolonização
pelo que ouvi a gente insuspeita nem boxexas, nem santos, nem melo, me merecem qualquer crédito
tudo leva a crer que as forças armadas 'ficaram entregues aos bichos'
por parte de politicos e militares
uma dessas pessoas era oposicionista, viveu numa das colónias, era engenheiro aeronáutico
no dia 6 de Dez de 1980 disse-me
'conseguiram matar Sá Carneiro'
Estive dois anos e quatro meses, de Nov 62 a Mar 65 em Angola quase sempre em zonas de combate. Sinto-me honrado por ter cumprido o meu dever.
ResponderEliminarInfelizmente os traidores acabaram por vencer.
Foram os momentos mais terríveis de uma das forças armadas mais antigas do mundo. Na Guerra das Laranjas e na Primeira Guerra Mundial tínhamos atingido o fundo, mas 74/75 ultrapassou tudo:
ResponderEliminarOs comandos guineenses abandonados aos pelotões de fuzilamento
Os timorenses, cabo verdianos e são-tomenses abandonados por serem pretos
Os portugueses de Angola e Moçambique tratados como inimigos
O MPLA e a Frelimo presenteados com o domínio de territórios e populações que nunca lhes tinham ligado nada
As guerras civis de décadas e a invasão indonésia foram consequência directa e necessária da bela obra descolonizadora. Nunca esqueço o artigo do Antonio Jose Teixeira sobre isto, foi a página mais negra da história de uma velha nação.
Miguel D
Não será António José Saraiva?
ResponderEliminarConfesso que não estou a ver o untuoso "pelouche" do caneiro televisivo SIC a ter semelhante atitude...
Pois também acho estranho que possa ter sido esse besuntado a escrever tal coisa.
ResponderEliminarAntonio José Saraiva, pois claro!
ResponderEliminarMiguel D
O General Kaulza de Arriaga foi das poucas Personalidades de Direita que no pós 25A soube resistir com Dignidade, Coragem e Coerência.
ResponderEliminarNunca abdicou dos seus principios e valores.
Um Homem.